13 de novembro de 2011

A incrível história da Ilucontrol

Todos nos divertimos nas últimas duas semanas com a "notícia" levantada pelo Hildor Bombacha. Tudo começou com uma carta em português do timinho em formato de diploma assinada pelo Ananápio e dirigida a um suposto grupo norte-americano chamado Ilucontrol.
Diante das inconsistências levantadas o grande jornalista investigativo passou a mostrar outros "documentos" enrolando-se cada vez mais.
O Felipe, por outro lado, teve acesso a correspondências trocadas entre outro jornalista investigativo e o tal português da Ilucontrol. E nos faz um resumo da ópera. Seria hilário se não mostrasse a pobreza do profissionalismo praticado por certos jornalistas. Vamos ao resumo do Felipe.
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O HM e os Portugueses do Inter


Uma das últimas notícias que circulou no centro do país a respeito do remendão é que o deputado Vicente Cândido, do PT-SP, vice-presidente da FPF, estaria intermediando o aporte de um fundo de investimento português para a reforma.

Isso mesmo, você não leu errado. Vivemos a época da banalização da piada. Um fundo português. No time e no estádio da piada pronta, era só isto que faltava. Chamo atenção da notícia, em primeiro lugar, porque o nobre deputado acima citado é conhecido aliado do Sr. Ricardo Teixeira, este a quem o nosso perspicaz jornalista HM, por mais de uma vez, debitou a culpa da perda da Copa das Confederações pelo RS, por suposta retaliação à colorada presidenta Dilma. Em segundo lugar porque não é justo subtrair uma anedota lusitana por outra, sem qualquer justificativa.

Dias atrás, comprovou-se que o HM lê este blog. Viu-se obrigado, depois que foi desvelado, por este último, que a suposta Ilucontrol , do também suposto português Pedro Moreira 66, não existia para o mundo público e formal dos negócios, a responder a esta constatação e a outras evidentes contradições que sobressaíram do enredo estapafúrdio.

Ao mesmo tempo, nosso investigativo jornalista, subitamente, no mesmo post de seu blog em que dizia buscar “mais informações” sobre a impalpável Ilucontrol, encerrava o caso com uma missiva mal educada e mal escrita pelo Sr. Pedro Moreira. O que, convenhamos, é inadmissível, por nos privar de mais um divertidíssimo ato da saga do remendão.

Desde então, logo após a descoberta feita pelo Blog, passei a receber informações interessantes sobre esse invulgar personagem chamado Pedro Moreira, além de mais evidências da completa imaterialidade da Ilucontrol. Ainda por conveniência, o HM se prestou a nos explicar o que era um “stakeholder”, quando aquele cavalheiro de triste figura se apresentava, isto sim, como um “stockholder”.

Por considerar fidedignas e verossímeis, passei aos blogueiros as informações e as respectivas fontes, deixando ao critério destes a opção pela publicação. Se o HM, destacado combatente do Sr. Ricardo Teixeira, após ler novamente este Blog, não pretender continuar em sua “investigação”, não será pela falta de mais suculentas novidades.

Arrolo as principais:

  • O Sr. Pedro Moreira é certamente um português cosmopolita. Não por outro motivo sua simbólica empresa sedia-se num condomínio residencial de Miami, mas cujo endereço e telefone são conhecidos, para a hipótese do HM querer fazer uma visita ou, simplesmente, ligar. Mas também é incrivelmente familiarizado com as nuances semânticas da nossa língua. É impressionante como, dependendo do interlocutor, ele consegue transitar de um português meio caipira, adornado com erros corriqueiros, para um português pretensamente originário em que o “c” mudo invade as palavras indiscriminadamente;
  • A explicação para este exercício flexível do idioma deve ser o fato do Sr. Pedro Moreira ser um português ex-residente do Sul do Brasil. Embora a empresa da qual é vice-presidente não tenha qualquer estatuto comercial, ele é um “stokcholder” - e não “stakeholder” - que representa um fundo de investimento americano com capital superior a 1,5 bilhão de dólares, cuja razão social também não se conhece. Afinal, o segredo é a alma do negócio. Por isto, talvez, o Sr. Pedro Moreira seja tão bem relacionado, colecionando em seu currículo, conforme se apresenta, negócios com cartolas do futebol e governantes de expressão. A menção à condição de “stockholder”, por sua vez, talvez se deva ao fato do aventureiro português já haver corrido na “stockcar” brasileira. Se fosse um “stakeholder”, a responsabilidade social rezaria que o primeiro critério da negociação é a transparência;
  • Por isto, certamente, não é pessoa desconhecida e, como se nota, bastante vocacionada a negócios nestes meios. O Inter não foi o único clube a quem ofereceu seus préstimos. Tentou supostas intermediações com outros entes envolvidos no financiamento de obras da Copa, mas os negócios não evoluíram justamente pela ausência total de referências de sua empresa virtual;
  • Para tentar viabilizar seus negócios, o intermediador costuma apresentar-se como representante de grandes organizações, sem, entretanto, qualquer prova de vínculo com estas. Empresas, aliás, que dispensariam o aporte de terceiros. No caso, como se tratam de eventos desportivos, vale-se de apresentações alheias de projetos de infra-estrutura e de sistemas de iluminação e publicidade digital em estádios. Alguma associação disto com “Ilucontrol” ? Noutros tempos, isto já seria suficiente para ver o sol quadrado.
  • Pessoalmente, acho que a fraude maior reside em que nem portugueses se fazem como antigamente. Até o português e suas piadas são fajutas na história do remendão. Como a bizarrice e indecência não foram promovidas pelo tricolor, algo me diz que nosso elucidativo jornalista não prosperará em busca de “mais informações”. Para quem se habilitar e tiver tempo, entretanto, basta seguir o rastro.
Sds Imortais.