15 de setembro de 2016

Em looping, de novo

Acordei de ressaca sem ter bebido.
Vontade zero de ler ou ouvir coisas de futebol e do Grêmio em particular.
Mas não tem como não escrever alguma coisa sobre o que está acontecendo. Pareceria ou descaso ou covardia.
Eu não gostaria que Roger saísse. Mas não havia jeito. Roger caiu por sua culpa, ao insistir com os cascudos, mas também por conta do ambiente em que vive o tricolor.
Estamos nos afogando nos problemas da política interna. Grupos se engalfinham. Canalhas atacam pessoas de bem pelos corredores do clube e pela internet com a tranquilidade de quem toma um cafezinho no balcão de um bar qualquer. É muito difícil sair coisa boa neste contexto.
Política e disputa sempre houve e sempre haverá em qualquer clube, mas no Grêmio está atingindo o pico da insanidade.
Não há culpados únicos e não há inocentes.
E aparentemente, não há solução de curto prazo.
Não é atoa que fracassados daqui ressurgem logo na esquina. O Flamengo vai ser campeão com Pará, e Fernandinho. Os dois foram enxotados daqui sem dó nem piedade. Não vou gastar tempo relembrando outros casos. Roger vai ser campeão logo ali adiante.
Enquanto isto, Geromel faz o desfavor de sair de campo dizendo que o tricolor não tem grupo para ser campeão. Pode até ser verdade mas não interessa aqui. O que interessa é que, verdade ou não, ele nunca poderia ter dito isto. Não cabe a ele, sendo parte do grupo, desqualificar os colegas. Ou ele se incluí também entre os perebentos? Uma multa pesada seria o mínimo, pois passou da hora de levar livre esta turma que pensa mais em tatuagem e corte esquisito de cabelo do que no clube e na torcida que paga seus salários.
Hoje é aniversário do Grêmio. Supostamente seria um dia de festa e de orgulho. O orgulho está intacto porque o clube é muito maior do que eventual momentos de fraqueza. Mas a coisa não está para festa. Seria até saudável cancelar o jantar previsto. Não será feito isto, é claro, mas penso que poderia ser uma machadada na cabeça de muita gente que a mereceria.
Se o título já era impossível o G4 passou a ser miragem. É só fazer conta. O Grêmio precisaria de 30 pontos em 39. Impossível também. Já tem torcedor que conta os pontos que faltam para atingir os 47.
O ano só não está irremediavelmente perdido porque, se houver uma atitude forte, pode-se tentar ainda a Copa do Brasil. E já tem jogo na próxima quarta-feira. Por sorte até um empate serve e o jogo é na Arena. Mas nem isto é garantia de nada.
Quem quer que entre no futebol tem uma primeira e inadiável obrigação. Deverá ser proibido de falar em ganhar um ponto fora. Quem quer que entre no futebol tem o dever de proibir todos os envolvidos em falar em empate fora. Este acadelamento que vem desde 2005 é uma das causas do fracasso. Desde Mano Menezes todos os treinadores sempre falaram em empate fora. E a grande, imensa maioria dos dirigentes também. Este comportamento gera acomodação e reforça o medo, a covardia. Jogador já entra mais "tranquilo" em campo. Afinal não lhe é cobrada a vitória. E nem precisa falar que é também um pensamento desprovido de inteligência. Está mais do que provado que é melhor ganhar uma e perder duas partidas do que empatar três.
Roger pediu para sair. E Romildo acertou em trocar todo o departamento de futebol. Se o pessoal anterior era chamado de fala mansa, qual a definição do vice que está saindo hoje?
Infelizmente Dutra foi, por ingenuidade, engolido pela máquina. Estava mostrando ter a capacidade de indignação interna e externa que precisamos nos dirigentes. Certamente foi o fato de ser acima de tudo um torcedor fanático e apaixonado que o levou a fazer o que fez. Errado, mas justificável.
Quem pode assumir? Mais do que nome indico o perfil: alguém experiente no trato com jogador e com a imprensa. Capaz de bater pesado se for preciso. Capaz de imprimir vibração no vestiário. Não se joga futebol competitivo sem altas doses de adrenalina e comprometimento. E capaz de fazer contas e descobrir que a coragem muitas vezes surge mais da lógica e da inteligência do que de um eventual espírito suicida. Não que este último não ajude a se conseguir os objetivos, mas não é o predicado mais importante.
Mas como torcedores só nos resta aguardar. E esperar que se aplaque a ira dos deuses.