16 de novembro de 2013

Daniel Matador: Loucura


"Há seguramente um prazer em ser louco que só os loucos conhecem."
(Aparício Torelly, o Barão de Itararé)
Caros

Após a adoção dos pontos corridos, o final de ano futebolístico no Brasil (salvo exceções) tem sido de uma chatice maior do que assistir um documentário sobre as mitocôndrias. Em novembro já não temos muito mais o que fazer, a não ser acompanhar as rodadas finais do campeonato e bocejar. Mesmo quando o Grêmio não está envolvido, torna-se mais emocionante acompanhar um jogo envolvendo um mata-mata do que uma rodada inteira do Brasileirão. Os americanos já mostraram ao mundo o valor de uma final de campeonato. As finais da NBA (Basquete) e da MLB (Beisebol) envolvem milhões de dólares diretos e tantos outros indiretos, mesmo daqueles que não estão envolvidos com os dois clubes que a disputam. Chega a ser covardia citar a final da NFL (Futebol Americano), o famoso Super Bowl. É o evento que possui o maior custo de publicidade por segundo em todo o mundo. Sem contar que o país inteiro para neste dia, tal é a grandiosidade do evento.

Os mais jovens talvez não lembrem, mas até o início deste milênio, o Brasileirão era disputado em uma primeira fase classificatória, para então entrar em uma fase de mata-mata com os melhores colocados. Até é compreensível que, a fim de preservar algumas cláusulas do Estatuto do Torcedor, a CBF tenha adotado a fórmula dos pontos corridos, principalmente para que se saiba a quantidade de partidas que cada clube jogará e o planejamento possa ser melhor elaborado. Outro argumento era a venda do campeonato para outros países. Mas este é um motivo que cai por terra exatamente quando vemos as finais dos grandes torneios ao redor do mundo sendo comercializadas por cifras milionárias. O que falar da Champions League e da própria Libertadores? Lógico que é ruim quando nosso clube não prossegue na competição. Muitos podem reclamar da equipe, dos dirigentes, do planejamento e até da mãe do Badanha. Mas duvido que critiquem a fórmula, como ocorre com o campeonato nacional. Custava fazer uma final no Brasileirão? Peguem o campeão de cada turno e façam dois jogos para parar o país! Tenho certeza que seria um evento fantástico.

Mesmo com o título já decidido com quatro rodadas de antecipação, resta ainda um grande objetivo para o tricolor neste certame. Por mais que alguns setores amargos da torcida sejam contaminados pela ivi, o gremista consciente sabe que a vaga para a Libertadores significa muito. É óbvio que todos queremos títulos, isto é indiscutível. Mas esta lorota que alguns manés tentam pregar de que “se é pra jogar e não ser campeão, melhor nem ir” só pode partir da mente pequena e burra de quem nada sabe de futebol. A primeira Libertadores conquistada pelo Grêmio deveu-se justamente porque o clube conseguiu uma vaga para disputar a competição, mesmo não tendo sido campeão no ano anterior. Para vencer, é necessário disputar o torneio. Há o risco de perder? Óbvio, ele é inclusive bem maior do que o de ganhar, caso contrário o Peñarol deveria ser o maior campeão de todos, pois disputou 40 edições.

Portanto, não acatem aquilo que a ivi e alguns amargos tentam atochar. É loucura querer fazer-se presente na Arena para apoiar um time que não tem chances de ser campeão? Talvez seja, talvez não. Mas como já disse há décadas atrás o saudoso Barão de Itararé, "há seguramente um prazer em ser louco que só os loucos conhecem”. Então vista o manto e faça-se presente uma vez mais para torcer pelo Grêmio neste domingo. O resultado deste jogo pode fazer a diferença para o futuro do clube no ano que vem. Enquanto alguns jogam Libertadores, outros preferem disputar torneios menores. Cada um com sua grandeza.

Saudações Imortais

P. S.: neste sábado, véspera do jogo contra o Flamengo, realizei um sonho. Trajando o manto tricolor, fiz o que muitas lendas gremistas já fizeram. Fardei-me no vestiário, percorri o túnel, subi os degraus e pisei no gramado do Olímpico Monumental para disputar uma partida de futebol. A emoção de marcar um gol no Olímpico é algo fora da realidade e que agora eu sei como é. Mas isto foi o menos importante. Estar ali dentro é algo que ficará para sempre na minha memória. Como é bom ser gremista!