Antes de qualquer coisa, quero dizer
que estou aliviada. Não é Celso Roth o novo técnico escolhido para dirigir
o Imortal Tricolor em 2014. Por um momento (de leve admito), temi que o
presidente Fábio Koff pudesse nos brindar com esse abacaxi com data
vencida. Para mim, seria um abacaxi
azedo e espinhento. Seria difícil de digerir goela abaixo. Ainda bem que
as especulações dos i$ento$ passaram ao largo, quase na estratosfera.
Tite foi procurado e disse não. Quer
um tempo longe do futebol.
Renato Portaluppi julga que precisa
se valorizar e ganhar acima dos R$ 300 mil mensais mais premiações
oferecidos. Ou seja, coloca-se fora do orçamento gremista para 2014. Logo,
Enderson Moreira foi a opção que melhor se encaixou nos propósitos da direção após
longa reflexão e análise. O Grêmio foge do lugar comum e traça novos rumos na sua política de futebol.
Presidente Fábio Koff recepciona técnico Enderson Moreira. |
Círculo vicioso
Que bom que a direção gremista fugiu da arapuca e ousou
romper o círculo vicioso que acomete a maioria dos dirigentes do futebol
brasileiro. Geralmente esses senhores pensam estar se garantindo junto à
torcida (salvando a própria pele) contratando técnicos escolados. Nos últimos
anos, formou-se no Brasil uma casta de treinadores que guarda reserva de
mercado e formam a famosa “panelinha”- aquela que quem está dentro não sai e
quem está fora, não entra. E claro que
assessorados por empresários espertos e esfomeados que movem mundos e fundos para
colocar seu cliente no mercado. Pois eu estou cansada de treinadores que não têm mais
aspirações elevadas e que estão imensamente mais ocupados em administrar seu
patrimônio milionário a treinar times de futebol e ganhar títulos. E também estou cansada da realidade paralela dos salários astronômicos que os clubes brasileiros pagam para os seus profissionais.
Enderson
Seria o técnico Enderson Moreira uma incógnita? Sim, de certa forma. É arriscado apostar em um emergente?
Inegavelmente. O mesmo risco de apostar em Luxemburgo, Autuori, Celso
Roth, e mais uma penada de nomes
conhecidos das torcidas Brasil afora e que já fizeram fiasco no Grêmio em algum
momento de suas vidas. Ou seja, se nome e salário gordo garantissem sucesso,
Pofexô teria feito a festa no RS em 2013. O que não foi o caso... Sabemos como tudo terminou.
A favor de Enderson, podemos aventar
a possibilidade de repetir Ênio Andrade, Felipão, Valdir Espinosa, Tite ou
Mano Menezes no comando do Grêmio.
Gosto de ousadia, desafios e sangue
novo. Novas mentalidades têm o poder de oxigenar os ambientes. Na maioria,
treinadores são quase todos iguais. Pouco diferem entre si. Além disso, treinador
não ganha nada sozinho. Para conquistar taças é preciso uma conjunção de
fatores. Os astros devem estar alinhados – direção, comissão técnica e elenco
caminhar no mesmo passo.
Categorias de base
Outro ponto importante, e que precisa
ser considerado, é o fato de o novo técnico ter muita experiência com as
categorias de base. É um técnico sem preconceitos, diferente de uns e outros. Saberá conduzir o trabalho de transição dos meninos para o
time principal dentro da política de aproveitamento de jovens talentos que
começou a ser implantada pela direção ainda com Renato no comando técnico.
Com dezessete anos de carreira,
Enderson enfrenta o primeiro grande desafio de sua carreira profissional. Ele próprio reconhece o "gigantismo" do Grêmio. No
mínimo, espera-se que coloque a serviço do Imortal Tricolor toda a sua
energia e a sabedoria que adquiriu no
mundo do futebol. Já que seu contrato prevê premiações por desempenho, ele será
o primeiro da fila interessado em obter sucesso.
Como não sou vidente, prefiro aguardar o início do trabalho e
observar atentamente. Só então, será possível fazer uma avaliação mais justa e realista da sua capacidade profissional.