Por Milton Jung
Sport 4×3 Grêmio
Brasileiro – Ilha do Retiro/Recife PE
Sei lá de onde surgiu esta coisa de touca no futebol. E me parece que a expressão só é usada no Rio Grande do Sul mesmo. Se estiver enganado, não deixe de me ensinar. Imagino, como já escrevi nesta Avalanche, em setembro de 2015, que venha da expressão “marcar touca”, que significa bobear diante de uma situação qualquer.
Dado o histórico das últimas partidas contra o adversário desta noite, pode-se colocá-lo na lista de “toucas” do Grêmio? Ano passado, mesmo com a boa campanha que tivemos, perdemos seis pontos para eles. E veja que os caras são de uma terra que sempre nos foi muita grata: é pertinho dali que escrevemos a história da nossa imortalidade na Batalha dos Aflitos. Vai ver que não vencer mais um dos times de lá seja o preço que teremos de pagar pela façanha alcançada em 2005.
Escrevo tudo isso em busca de uma boa explicação para o fato de termos desperdiçado mais três pontos em um campeonato brasileiro, mesmo tendo feito 1×0 aos cinco minutos e 2×0 aos 17, do primeiro tempo, sem contar o baile. Até os 30 minutos de jogo, o time nem parecia reserva (ops, alternativo), apesar de eu ter achado aquela formação um tanto estranha. Se eu não os entendia muito bem, com a bola rolando eles davam sinais que sabiam o que estavam fazendo: passe de pé em pé, deslocamentos para frente, dribles que funcionavam bem e muitos chutes a gol.
Estariam todos enfeitiçados pelo brilho do time titular? Ledo engano.
Já na parte final do primeiro tempo percebia-se que os ventos estavam mudando e a chuva aumentando. No segundo, a coisa desandou. Desistimos de jogar com a bola. Acreditamos que chutá-la para frente seria suficiente, o que apenas permitiu pressão maior do adversário. E a pressão somada a chuva e a falta de entrosamento da defesa nos fizeram pagar um preço caro na noite de hoje. Além de quase termos sido goleados, jogamos fora a liderança do campeonato.
Sei que é apenas o começo de uma campanha e, na quarta-feira, temos uma decisão pela frente, na Copa em que somos Reis, mas sabemos também que no Brasileiro o que vai fazer diferença lá adiante são os pontos jogados fora aqui no começo e contra adversário que na maior parte das vezes não está disputando o título. Já foi assim, em 2016. Legal se aprendermos essa lição.
É evidente que o resultado deste domingo não tem nada a ver com as coisas do sobrenatural do futebol, nem com sorte ou azar, menos ainda com a chuva que atrapalhou a todos em campo. O preço que pagamos foi pela escolha que fizemos. Por prudente que fomos. Reservamos o time titular para o meio de semana, quando teremos um adversário mais forte pela frente e diante de sua torcida. Mesmo que estejamos levando para o Rio um resultado bastante favorável (3×1 a nosso favor), precisamos ter todo cuidado possível e jogarmos o melhor que sabemos.
Escrevi agora há pouco que pagamos um preço caro, nesta noite. Na realidade, saber quanto terá nos custado a derrota de hoje, só os demais resultados da temporada nos dirão. Uma classificação na quarta, já diminuirá e muito esse custo.