Quando o River Plate abriu 2x0 contra o Lanus na Argentina, pelo segundo jogo da semi-final da Libertadores, a primeira coisa que pensei foi: um time com vários jogadores que caíram no doping não pode ser campeão. Naquele momento o River Plate na final era algo praticamente concreto pra mim.
O meu pensamento imediato era em relação a justiça. Naquele dia o Grêmio já havia jogado a primeira partida contra o Barcelona de Guayaquil e estava praticamente garantido na final. Pensar em uma final entre Grêmio e River naquele momento me deu, sim, certos calafrios. Mas a ânsia por justiça em relação ao campeão tomava conta dos meus pensamentos.
Logo após o jogo, que culminou com a eliminação do River Plate eu fiquei preocupada. Enxergava o Lanus como um time guerreiro, um clube pequeno, mas com muita qualidade e competência para disputar a final da maior competição da América.
Havia visto alguns jogos do Lanus. Não jogos inteiros, mas algumas partes. Time excelente. Bom entrosamento, toque de bola, agressividade e com muita calma pra ditar o jogo. Como ouvi essa semana logo após o primeiro jogo: ninguém chega na final da maior competição da América por convite. Se chega por capacidade.
Tendo em vista tudo isso, já imaginava um confronto difícil, mas a primeira partida escancarou algo que não estava previsto nos meus pensamentos.
Ninguém é bobo aqui, todos nós sabemos que os times argentinos possuem um "lugar especial no coração da Conmebol", mas chegar ao ponto de tanto benefício, nunca vi.
Após o jogo fiquei uns 3 ou 4 dias inconsolável. Ver o que vi naquele dia na Arena me "desgraçou a cabeça", como digo. Aquele cartão amarelo do Kannemann, aquele pênalti não marcado e aquela arbitragem de segurar o jogo.... Foi demais pra mim.
Nos dias seguintes ao jogo comecei a receber e ler notícias de favorecimentos anteriores nessa competição ao Lanus. Pênaltis não marcados contra eles nas quartas, semi e final, além de uma relação "estranha" entre a diretoria do time argentino e a Conmebol. E mais: promessas de agressão aos gremistas na Argentina.
Todo esse turbilhão me fez pensar novamente na justiça. Não seria justo um time que age de forma desonesta nos bastidores ganhar essa Libertadores.
Eu aceito perder no campo, por mais doloroso que seja, mas eu aceito. Não aceito perder nos bastidores.
Mas o futebol não é justo.
A última final de Libertadores nós perdemos no campo. O futebol foi justo aquela vez, temos que reconhecer. O Boca tinha um time mais qualificado que o nosso. Tínhamos um time com vontade, mas sem qualidade. O futebol foi justo dessa vez, nós querendo ou não.
O futebol foi justo em 2005, naquele título inacreditável da Série B, onde estávamos sendo prejudicados de uma forma inacreditável. O futebol foi justo ano passado, quando tínhamos o melhor time da competição e conquistamos o Penta da Copa do Brasil.
Mas o futebol não é justo.
Não foi justo naquela Libertadores de 2002 onde fomos roubados dentro de casa, na semifinal, contra o Olímpia, que acabou conquistando o título.
Não foi justo na final do Campeonato Brasileiro em 1982 contra o Flamengo, onde tivemos um pênalti escandaloso em casa, que nos levaria a disputa de pênaltis na final, mas não foi marcado.
Não foi justo em 2006, quando o Nacional do Uruguai teve 2 gols mal anulados no Beira-Rio nas quartas-de-final da Libertadores, que acabou com o título colorado naquele ano.
Se o futebol fosse justo, esse título da Libertadores da América 2017 seria nosso. Nós trabalhamos o ano inteiro de forma correta para conquistar esse título. Nós estamos trabalhando de forma correta de uns anos pra cá.
Eu não sei se o TRI virá, mas tenho orgulho de dizer que nunca vi meu time ganhar título por ser "ajudado pela arbitragem".