19 de dezembro de 2010

Será que eu já sou minoria?

Falando à Rádio Gaúcha, neste sábado, o presidente Odone afirmou com todas as letras: o Grêmio está negociando a contratação de Ronaldo de Assis Moreira. Segundo o presidente, ele "Ele está querendo se reconciliar com o Grêmio e, de certa forma, pagar uma dívida com o clube".

Farei algumas considerações sobre este assunto que mexe com a nação tricolor, abordando o assunto sob dois pontos de vista.
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Fala o coração

A saída de Ronaldo Moreira do Grêmio foi traumática. Para nós, torcedores do Imortal, que acompanhamos o clube e vamos ao estádio prestar apoio sempre, a forma como o jogador deixou o clube foi uma punhalada. Tudo que a família A$$i$ havia conquistado em termos financeiros até então saíra dos cofres do Grêmio. O jogador certamente tinha talento, mas o clube havia lhe dado suporte financeiro e investido na sua formação. Nas conversas com o clube, a família jurava amor ao tricolor e dizia que desejava a permanência do atleta no Olímpico por mais temporadas. Encoberto por esta cortina de "boas intenções", o irmão A$$i$ manobrava para obter a posse do seu passe. Conseguiu. Em 2001, o jogador deixou o Grêmio para ir jogar no PSG.

Iniciava-se, então, uma relação de ódio entre a família e a maior torcida do RS. Num dos capítulos, A$$i$ tirou seu filho Diego das categorias de base do Olímpico e levou-o ao aterro. Para anunciar a troca, foi montada uma operação de divulgação digna de um astro. O comedor de cheesburgers desapareceu, engolido pela sua mediocridade como atleta. O que restou do episódio foi mais um ato de beligerância da família contra o Tricolor.

No jogo de despedida de Danrlei, realizado há um ano, A$$i$ foi vaiado de forma contundente no estádio. Uma mostra indubitável do sentimento nutrido pela torcida em relação a ele.

Ontem à tarde, durante um programa da Gaúcha, até onde acompanhei, uma enquete proposta pelo apresentador dava mais de 80% de aprovação para o retorno do jogador ao Olímpico. Será que o sentimento da torcida do Grêmio mudou tanto em 12 meses? Representarão os votos vindos por telefone o sentimento da torcida que vai ao estádio, que senta no cimento, que se envolve em máximo grau com o time? Não acredito. Só me dobro a este surpreendente "perdão" se o resultado me for apontado por enquete feita no estádio, em dia de jogo.

Conheço muitos gremistas da melhor estirpe que se afastarão do Grêmio se Ronaldo Moreira retornar. A sua volta poderá provocar um esgarçamento na recém reconstituída sinergia time-torcida, que se havia perdido no período Autuori-Roth-Silas. Fala-se no efeito multiplicador de verbas que a volta representa, mas não há valor que pague o sentimento de traição que a família A$$i$ inspira. Será um retorno perigoso do ponto de vista da afetividade da torcida com o clube.

Fala-se que há concorrência de outros clubes para o seu retorno ao Brasil. Declaro desde já: nesta competição, quero o Grêmio derrotado.

O assunto envolve uma questão de caráter. A$$i$ não tem nenhum sentimento nobre pelo Grêmio. E aqui entra o outro ponto de vista sob o qual a questão pode e deve ser abordada.
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Fala a razão

Na entrevista, o presidente Odone fez uma revelação importante: Ronaldo Moreira quer parar de jogar e voltar a viver em Porto Alegre. Ocorre que o clima de animosidade o preocupa. Ele precisa solucionar isso, para poder viver aqui em paz.

Disse mais o presidente Odone: que em tempos passados, não muito próximo, sugeriu a Ronaldo um gesto de reconciliação, ações de benemerência com crianças carentes vinculadas ao clube... Enfim, palavras e atos que demonstrassem consideração pelo clube. Nas palavras do Presidente, o assunto "não andou".

A razão chega a conclusões a partir de premissas. Quando a aposentadoria estava num futuro relativamente longínquo, o assunto "não andou". Agora, que o tempo do pijama e do chinelo se aproxima, o cidadão deseja "se reconciliar", cabendo ao Grêmio desembolsar uma fortuna para atender à necessidade pessoal de Ronaldo Moreira.

Em resumo, a razão assim me fala: Ronaldo Moreira quer viver em Porto Alegre. Ronaldo Moreira teme ser hostilizado em Porto Alegre. Ronaldo Moreira precisa resolver esta questão pessoal. Então, o$ Moreira$ querem um armistício com a torcida do Grêmio, que será obtido com a volta do jogador ao Olímpico. Para satisfazer esta necessidade pessoal, o clube que eles querem "voltar a amar" terá de desembolsar R$ 10 milhões.

Honestamente, nem o meu coração e nem a minha razão recomendam este negócio. Faço votos que os novos dirigentes do Grêmio tenham um lampejo de inteligência e mudem os termos desta negociação ou sejam derrotados nesta transação por negociadores de outros clubes, sem coração e com razões que a minha razão desconhece. Faço meus melhores votos que os A$$i$ consigam o $o$$ego que tanto almejam onerando outros cofres.
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Adendo do seu Algoz

Não tiro uma vírgula do que o Arigatô escreveu acima. Nada. Concordo integralmente. Mas também me assustei com os comentários favoráveis à volta do Pilantra. Chego a pensar que vêm de jovens entre 15 e 20 anos que não viveram aquele episódio nojento.

Mas pego alguns destes comentários para apontar um outro aspecto esquecido, ou deliberadamente deixado de lado pelo Arigatô. E aqui, para efeito de raciocínio, convido a todos esquecerem que este rapaz já jogou no Grêmio. Vamos imaginar que ele iniciou no Real Madri e deseja jogar no Imortal pelo tamanho e pela fama do clube. A principal razão apontada para a vinda dele seria o retorno de marketing.

Yes Moisés, marketing é importante, mas não há maior marketing para um clube do que ganhar títulos. Ronaldo Nazário, o exemplo mais usado pelos desejosos da volta do fugitivo, deu um tremendo retorno de marketing ao Corinthians. Mas eu pergunto: o que o Corinthians ganhou em campo com Ronaldo afora uma Copa do Brasil em cima do timinho? Nada. Pergunte a um corinthiano se ele prefere ganhar dinheiro ou títulos.

Sabe-se ainda que jogador que ganha muito acima dos demais causa problemas no vestiário. É próprio do ser humano que isto ocorra. Imaginem agora o que causaria de problemas um ex-jogador ganhando os tubos. E imaginem então um ex-jogador hostilizado por grande parte da torcida. Seria o fim da sinergia clube-torcida duramente  reconquistada.

Rogo a Deus que esta ignonímia não ocorra. E que o pilantra, se quiser morar em Porto Alegre, contrate guarda-costas. Cada um colhe o que plantou.

Ah ... Se for retorno de marketing o problema, Renato vale 1 milhão de Dentuços pilantras.