Nos dias atuais, é inadmissível falta de profissionalismo e de responsabilidade no mundo do entretenimento. Os cachês, salários e altos custos do espetáculo não permitem espaço para amadorismo. No futebol, acontece da mesma forma. Os salários dos jogadores e custos para manter os clubes estão tão inflados, que a torcida não admite mais fracassos e corpo mole. Desempenhos muito abaixo da média significam que o profissional não está entregando o produto que se comprometeu a disponibilizar. Isso leva ao inconformismo da torcida e muitas vezes à instabilidade emocional do atleta devido às críticas, pressões e cobranças.
Dentro deste quadro, é imprescindível a exigência de uma postura ultra-profissional no comportamento de atletas de alto nível. Sabemos que o futebol atual é altamente competitivo e os resultados se definem nos detalhes, principalmente quando as equipes estão niveladas em termos de qualidade. Assim, não se pode dar brechas para a displicência e falta de comprometimento. E aqui é que entra um fator de risco e que tem preocupado as pessoas envolvidas no dia-a-dia do futebol: o uso de drogas lícitas e ilícitas que se alastram por todos os setores da sociedade. Portanto, há tempos o sinal vermelho está piscando.
Este é um assunto muito delicado e um problema social grave e preocupante. O avanço indiscriminado dessas substâncias sobre a nossa sociedade e jovens está comprometendo e destruindo carreiras promissoras. Temos exemplos aos montes por aí, especialmente no futebol. E nenhum clube está imune a esta realidade que muitas vezes pode ser cruel e destruidora.
Dentro desse contexto, um estudo realizado pelo cientista americano , John Underwwod , aponta para os efeitos das “drogas sociais” no rendimento dos atletas. Segundo resultados da sua pesquisa, o consumo de álcool pode reduzir o desempenho em campo próximo a 11,4%. Ou seja, a vida desregrada “rouba” mais de dez por cento da energia do indivíduo.
A vida social ativa e a grande exposição midiática dos atletas, os torna vulneráveis e sob risco de uso de álcool, maconha e cocaína, por exemplo. Underwwod descobriu que o estilo de vida de um atleta, pode dar a ele uma vantagem de 5% a 6%. Ao mesmo tempo, o consumo de álcool lhe reduz o desempenho em 11,4%.
“- O decréscimo no poder de explosão é de 11%. Na velocidade de aceleração, 6%. Na velocidade fora de linha, 8%. Velocidade lateral, 8%. Resistência, 11% - avaliou o ex-atleta e ex-técnico de atletismo, que dedicou os últimos 13 anos a entender o que leva jovens promissores a jamais desenvolverem todo potencial atlético, assim como a decadência prematura de atletas famosos.”
A pesquisa ressalta que beber álcool após o treino acaba com os efeitos positivos daquele treinamento no corpo humano. Consumir álcool depois da competição torna muito mais difícil a recuperação física. E se a bebedeira levar à intoxicação, se o atleta ficar bêbado por apenas uma noite, o efeito negativo será relativo a 14 dias de treinamentos perdidos.
O programa de John Underwwod já foi apresentado a mais de 600 universidades americanas, de onde saem todos os atletas profissionais do país. Hoje, 83% dos atletas do sistema universitário americano usam álcool regularmente, enquanto 27% usam maconha.
“- Se você fuma maconha, ela se acumula no seu sistema nervoso central, o "THC" se liga aos receptores e começa a afetar parte do cérebro para movimentos motores. Não há outro caminho, diz John.”
Com uma vida social ativa, muitos jogadores não deixam de lado a sua "cervejinha". Há um limite razoável para o consumo dessa bebida entre atletas profissionais? Para o pesquisador americano, sim.
“- Uma a duas bebidas. Para um ou dois copos comuns, quase não há efeitos fisiológicos mensuráveis. Nós encontramos uma mudança enorme a partir de três drinks. Hormonalmente, efeitos mínimos mesmo com um ou dois copos. A testosterona começa a diminuir mesmo depois do primeiro drink. Isso mostra o quão sensível o corpo humano é ao álcool.”
Utilizando como amostragem o futebol americano, Underwwod verificou que o percentual de contusões para bebedores é de 54%, enquanto para não-bebedores o número atinge 23%.
“- O álcool suprime os hormônios, especialmente o hormônio do crescimento humano, que precisamos para reabilitar músculos e tudo o mais. Uma lesão que poderia levar de duas a três semanas para a recuperação, talvez leve de quatro a seis semanas se você está usando álcool.”
O atleta que usa drogas sociais não só se contunde, como fica doente com mais frequência.
“- A maconha diminui a capacidade imunológica. O álcool diminui muito, você vai ficar doente mais rotineiramente. Você não só vai se machucar mais frequentemente, vai ficar doente com maior frequência.”
A Universidade de Stanford, no estado americano da Califórnia, conduziu pesquisas que quantificaram o impacto mínimo das noitadas.
“- O tempo de reação normal para um grupo de 24 (atletas) foi 0.186 centésimos de segundo. Esses caras permaneceram acordados a noite toda, sem dormir. No dia seguinte, a média desse time era de 0.246. Um decréscimo de 25% na sua habilidade de mandar o sinal de reação para o estímulo visual.”
Então, são tempos de atenção e cuidados especiais de todos os profissionais e dirigentes responsáveis pelos clubes de futebol .
O inimigo mora ao lado...
Fonte: globo.com