"Ser tricolor não é uma questão
de gosto ou opção, mas um acontecimento de fundo metafísico, um arranjo cósmico
ao qual não se pode, e nem se deseja, fugir."
Nelson Rodrigues, tricolor desde que
nasceu.
Caros
O Grêmio joga contra o
Fluminense, no Maracanã, às 22 horas desta quarta-feira. Incrivelmente,
anuncia-se a transmissão do jogo em televisão aberta para todo o Estado do Rio
Grande do Sul. Sinceramente, já nem me lembrava mais quando haviam televisionado algum jogo do tricolor. É quase um feito a ser comemorado (olhem o cúmulo ao
qual chegamos). Dependendo dos
resultados paralelos da rodada, é possível ingressar ainda hoje no G4. É dia de
torcer muito e, para os gremistas que estão no Rio de Janeiro, ter a chance de
ir ao Maracanã matar a saudade do imortal.
Pois é justamente contra outro
tricolor que o Grêmio joga hoje. Em 2005 tive a felicidade de estar presente no
histórico Fla-Flu que decidiu a Taça Rio. Era o jogo de despedia de Zinho
(atuando pelo Flamengo) e era também o último jogo do antigo Maracanã, que seria então
fechado para a primeira de suas grandes reformas (na época, para os jogos
Pan-Americanos). E posso atestar que é realmente um templo do futebol. E este é um estádio onde o Grêmio gosta de jogar e fazer
história. Tantos embates memoráveis já foram lá travados. O genial Nelson Rodrigues
faleceu em dezembro de 1980, pouco tempo antes de iniciar-se a era de glórias
do Grêmio. Nelson que também sempre demonstrou sua paixão por um tricolor, no
caso, o das Laranjeiras. Fluminense de coração, sempre orgulhava-se das cores
pelas quais havia optado. Ou, como ele mesmo dizia, era uma espécie de destino
ser tricolor. Um arranjo cósmico ao qual não se pode, e nem se deseja, fugir.
Pois são estes dois tricolores que travarão esta
noite um embate sob as estrelas da cidade maravilhosa. O Grêmio vem desfalcado
de Geromel, o zagueiro que ajudou a formar a melhor dupla de zaga deste
campeonato junto com Rhodolfo, que deve jogar e talvez novamente seja o capitão
do time. No lugar de Geromel a torcida toda clama para Felipão escalar Bressan,
Saimon ou até mesmo a vó do Badanha. Qualquer um, menos o famigerado Werley. Matheus
Biteco, assim como Geromel, também levou o terceiro cartão amarelo no último
jogo e desfalca o time. A conferir como Felipão irá armar a equipe. Nas demais
posições, em tese, permanecem os mesmo titulares que iniciaram o último jogo.
E que no duelo de tricolores hoje à
noite, possamos homenagear o grande Nelson Rodrigues, um dos pais do texto
trágico no Brasil, com mais uma tragédia rodriguiana no Maracanã.
Saudações Imortais