4 de setembro de 2014

Jéssica: Guerra Fria

Ela voltou.

O tricolor não verga. Ele esgrima. Ele Grêmio


Fomos feridos na alma. Nosso gremismo exacerbado sintetiza-se no orgulho em vestir a camisa tricolor. Mas ontem, eles feriram nossa história. Tatuaram nossos feitos, nossos ídolos, nossas conquistas, marcaram à ferro e fogo a paleta do Grêmio perante o mundo todo: os impiedosos inquisitórios venceram.

Num julgamento em que o contraditório e a ampla defesa foram meros adornos, a decisão já parecia ter sido tomada, uma vez que o exagero na interpretação da norma, aliado à sede de retaliação se fantasiou de “decisão de caráter pedagógico” para cravar no símbolo do Grêmio o rótulo de racista. Fato que causa dano irreparável à imagem do clube e que coloca em risco a segurança dos torcedores tendo em vista que tal medida só inflama ainda mais o “clamor social”. Este julgamento desproporcional e irrazoável ratifica e incentiva retaliações igualmente desproporcionais e irrazoáveis, a exemplo daquelas sofridas pela torcedora que originou o caso e por inúmeros outros torcedores do resto do país. Uma palavra infeliz fez com que o Brasil execrasse uma guria, o que dizer de um auditor que mostra-se um completo racista? Onde está a revolta daqueles?

Mais parecia um longa hollywoodiano no Supremo Tribunal Universal das Galáxias. Uma sentença que encontra respaldo na maior parte da mídia esportiva é fácil se proferir, para não dizer prazerosa: é o Grêmio, aquele time odiado por todos, a bola da vez. Arrasaram o Grêmio e, junto dele, o torcedor de bem: a imensa maioria da nação tricolor. Os maus elementos que não se dignaram nem a preservar o clube no último jogo quando entoaram um canto que levava a palavra “macaco”, vão se importar com as sanções que o clube vai sofrer? Devem estar a comemorar! Questionável, portanto, o alegado caráter pedagógico da decisão do STJD – uma vez que não causará qualquer efeito aos seus principais destinatários.

Entretanto, a noite é sempre mais escura antes do amanhecer. Se os bons são a gigantesca massa de gremistas, é a hora de mostrarmos quem somos. Transformemos a decepção em revolução e recomeço. Que seja colocada em prática a última nota oficial do clube, que sejam afastados os que prejudicam incansavelmente a instituição. Que seja proposta uma verdadeira caça a qualquer manifesto que ofenda a imagem do clube e a honra dos jogadores, dos torcedores e do povo gaúcho quando jogarmos fora de casa. Que filmem os jogos, que se exija a mesma pena. Marquemos gols no tribunal contra nossos adversários diretos. Que a cada grito ou cântico daqueles que já estamos cansados de ouvir, o time simplesmente pare o jogo e exija que se reporte na súmula. Se travaram uma batalha, instauraremos a Guerra Fria e olha que entendemos de uma peleia. Só não podemos nos calar!

Não há tempo para lamentos. Ainda levará um tempo para comemorarmos alegres de novo, almejarmos títulos, discutirmos a escalação. Mas o melhor remédio para a decepção é a vitória e ela só acontece com um clube fortalecido pelo apoio de seus torcedores e agora, mais do que nunca, o Grêmio precisa se levantar. Nesse momento que o mundo está contra ti, Grêmio, sobreviva.

Jéssica Cescon Antunes