11 de novembro de 2014

Daniel Matador - Por uns dólares a mais




"Onde a vida não tem valor, a morte às vezes tem seu preço; foi por isso que sugiram os caçadores de recompensa..."
Frase que aparece no início do clássico “Por uns dólares a mais”.

Caros

Posso dizer sem sombra de dúvidas que o Gre-nal do último domingo foi o mais espetacular jogo que já presenciei na Arena. O dia todo foi por demais especial, com os amigos e amigas reunindo-se no entorno antes do jogo, a partida em si, a festa da torcida, tudo foi perfeito. E houve até mesmo o elemento que costuma dar um tempero especial a jogos como esse: a figura do “homem Gre-nal”. Título este que, por óbvio, coube a Alan Ruiz. Em 12 minutos o argentino conseguiu desconcertar todo o time adversário, enervar o anão da fala fina e marcar dois gols, sendo então substituído e ovacionado por uma Arena repleta de torcedores gremistas. Não me recordo de algum jogador que tenha tido uma atuação tão destacada em um espaço de tempo tão curto em um Gre-nal. Um dia histórico para ficar na lembrança da torcida tricolor. E os estragos que Alan Ruiz e a vitória gremista ocasionaram não restringiram-se apenas ao campo, como veremos a seguir.

Entre os anos de 1965 e 1966, o diretor Sergio Leone produziu a famosa Trilogia dos Dólares, três filmes do gênero western spaghetti protagonizados por Clint Eastwood. O primeiro deles, “Por um punhado de dólares”, já foi tema de um post aqui no Imortal Tricolor (leia aqui). O filme que encerra a trilogia, “Três homens em conflito”, também já foi utilizado como base para outro post (leia aqui). Pois eis que agora acabo por encerrar também a utilização dos três filmes citando aqui o intermediário, o excelente “Por uns dólares a mais”. Eastwood e o magistral Lee Van Cleef são dois caçadores de recompensa que unem-se para perseguir um bandido conhecido como El Indio. O objetivo é conseguir a recompensa de 10 mil dólares que há por sua captura ou morte. E ambos não medem esforços para atingir seu intento. Ceifam cabeças sem dó. Recomendo muito que assistam não só este, como toda a trilogia. Uma obra de arte.

Voltando aos estragos que a vitória do Grêmio e os gols de Alan Ruiz provocaram nos corações rubros da província, o dia seguinte ao jogo trouxe alguns fatos corriqueiros e um que não é usual. As redes sociais foram entupidas de gente sem noção que ficou descontrolada por conta da saranda aplicada pelo Grêmio. No dos outros sempre é refresco. Quando corneteavam, tudo beleza. Quando são corneteados, aí perdem a compostura. Comportamento típico de torcedor retardado. Pois o jornalista Kenny Braga, talvez por estar imbuído deste mesmo sentimento pequeno, proferiu um palavrão ao vivo no programa Sala de Redação, da Rádio Gaúcha. Seu objetivo era atingir o colega de programa Paulo Sant’ana. Kenny, assim como vários outros colorados que não sabem aceitar a derrota, perdeu também a compostura. Estava notadamente nervoso por conta da tunda que seu time havia levado no domingo e ainda estava com a cabeça doendo.

Só que desta vez a coisa foi mais além. A direção da RBS optou por demitir Kenny Braga, alegando como motivo o episódio desta segunda-feira. É sabido pelo mercado que a RBS está com dificuldades em vários de seus veículos de comunicação e tem demitido pessoal a torto e a direito nos últimos meses. Sempre que isso acontece, em qualquer empresa, alguns nabos são finalmente defenestrados, ao passo que gente boa acaba também saindo. Lembrando que na RBS não há somente o pessoal do Esporte, mas também gente que atua com jornalismo na área de Economia, Política, Entretenimento e tantas outras. Na semana passada os bons repórteres Álvaro Andrade, Evelin Argenta e Cristiano Goulart foram demitidos. Nesta segunda, mesmo dia da saída de Kenny Braga, também demitiram Fabiano Viegas, que estava há 11 anos no grupo e era o locutor de chamadas da RBSTV. O próprio vice-presidente de rádio, TV e conteúdo on-line, Eduardo Smith, foi demitido depois de 20 anos de casa. Mais de uma centena de demissões já foi efetuada. Ou seja, a coisa está feia por aqueles lados.

Não bastasse esse clima complicado na redação-mor da ivi (imprensa vermelha isenta, para os desavisados), Alan Ruiz ainda inventa de socar o time da beira do lago na Arena. Aí os ânimos afloram de vez e os impropérios saem mesmo. O que demonstra o despreparo e falta de caráter de muitos. Querem outro exemplo? O famoso “Mortadela”, principal locutor de rádio do grupo, perdeu a compostura no Twitter e saiu ofendendo sem cautela. Confiram abaixo:


Não bastasse tudo isso, a própria RBS acaba transformando estes lamentáveis episódios em um circo de horrores. Por mais que o comportamento de Kenny Braga fosse detestável e suas opiniões fossem de uma pobreza ímpar, o desligamento de um funcionário é sempre um momento delicado. Nessas horas, a empresa deve portar-se de forma a manter o respeito entre as partes. E falo isso com a tarimba de quem trabalha há duas décadas na área de Recursos Humanos e já viu de tudo um pouco. Perdi a conta de quantas demissões já realizei ao longo da vida. E em todas fui profissional ao extremo, mesmo naqueles casos onde o outro lado não merecia um tratamento mais polido.

Mas o que faz a RBS após desligar um funcionário com mais de 30 anos de casa? Publica em seus sites e redes sociais a notícia com destaque, com um único objetivo: CONSEGUIR CLIQUES!!! Sim, caros incautos, esse é o único objetivo das empresas de comunicação que vislumbram sobreviver no futuro. Ao mirar o mercado digital, os cliques são os pingos de ouro para estas empresas. São eles que servirão para seduzir o mercado anunciante, o qual irá despejar suas verbas publicitárias onde seu produto ou serviço for mais visualizado. É a mesma lógica da audiência televisiva, com a diferença que a aferição, neste caso, é muito mais precisa. A regra é simples: as empresas mostram para o anunciante quantos cliques o jornalista X ou o conteúdo Y gera e é ali que será investida a grana. Quem não gera cliques não é valioso. Por isso que mesmo profissionais fracos conseguem manter-se no mercado. Suas asneiras GERAM CLIQUES!!! Lembre disso antes de clicar em algum post ou matéria depreciando o Grêmio.

Pois desta vez até mesmo o desligamento de um funcionário serviu para que os cliques fossem contabilizados. Algo surreal e de uma falta de caráter fora do normal. Quando falamos que consumir o conteúdo é financiar os medíocres, há quem fale que somos paranóicos. Mas engana-se quem quiser. A verdade é simples e está aí para todos verem. As ofensas do Mortadela também geraram indignação por um lado e muita repercussão por outro. Sabe o que a RBS mostra para o mercado anunciante? Que ele gera repercussão!!! Portanto, de nada adianta querer abrir diálogo com este tipo de pessoal. Eles só fazem o que fazem porque viraram caçadores de cliques. A própria vida, seja a dos funcionários que lá estão ou mesmo do público ouvinte, não tem valor algum para eles. Ceifam cabeças sem dó. Fazem o que fazem, e se houver reciprocidade continuarão fazendo, apenas para ganhar cliques. E mostrar isso para o mercado anunciante. Tudo por uns dólares a mais.

Saudações Imortais