"Onde a vida não tem valor, a morte às vezes tem seu
preço; foi por isso que sugiram os caçadores de recompensa..."
Frase que aparece no início do clássico “Por uns dólares a
mais”.
Caros
Posso dizer sem sombra de dúvidas que o Gre-nal do último
domingo foi o mais espetacular jogo que já presenciei na Arena. O dia todo foi
por demais especial, com os amigos e amigas reunindo-se no entorno antes do
jogo, a partida em si, a festa da torcida, tudo foi perfeito. E houve até mesmo
o elemento que costuma dar um tempero especial a jogos como esse: a figura do “homem
Gre-nal”. Título este que, por óbvio, coube a Alan Ruiz. Em 12 minutos o
argentino conseguiu desconcertar todo o time adversário, enervar o anão da fala
fina e marcar dois gols, sendo então substituído e ovacionado por uma Arena
repleta de torcedores gremistas. Não me recordo de algum jogador que tenha tido
uma atuação tão destacada em um espaço de tempo tão curto em um Gre-nal. Um dia
histórico para ficar na lembrança da torcida tricolor. E os estragos que Alan
Ruiz e a vitória gremista ocasionaram não restringiram-se apenas ao campo, como
veremos a seguir.
Entre os anos de 1965 e 1966, o diretor Sergio Leone
produziu a famosa Trilogia dos Dólares, três filmes do gênero western spaghetti
protagonizados por Clint Eastwood. O primeiro deles, “Por um punhado de dólares”,
já foi tema de um post aqui no Imortal Tricolor (leia aqui). O filme que
encerra a trilogia, “Três homens em conflito”, também já foi utilizado como base
para outro post (leia aqui). Pois eis que agora acabo por encerrar também
a utilização dos três filmes citando aqui o intermediário, o excelente “Por uns
dólares a mais”. Eastwood e o magistral Lee Van Cleef são dois caçadores de
recompensa que unem-se para perseguir um bandido conhecido como El Indio. O
objetivo é conseguir a recompensa de 10 mil dólares que há por sua captura ou morte. E
ambos não medem esforços para atingir seu intento. Ceifam cabeças sem dó. Recomendo muito que assistam
não só este, como toda a trilogia. Uma obra de arte.
Voltando aos estragos que a vitória do Grêmio e os gols de
Alan Ruiz provocaram nos corações rubros da província, o dia seguinte ao jogo
trouxe alguns fatos corriqueiros e um que não é usual. As redes sociais foram entupidas de gente sem noção que ficou descontrolada
por conta da saranda aplicada pelo Grêmio.
No dos outros sempre é refresco. Quando corneteavam, tudo beleza.
Quando são corneteados, aí perdem a compostura. Comportamento típico de
torcedor retardado. Pois o jornalista Kenny Braga, talvez por estar imbuído deste mesmo sentimento pequeno,
proferiu um palavrão ao vivo no programa Sala de Redação, da Rádio Gaúcha. Seu
objetivo era atingir o colega de programa Paulo Sant’ana. Kenny, assim como
vários outros colorados que não sabem aceitar a derrota, perdeu também a
compostura. Estava notadamente nervoso por conta da tunda que seu time havia levado no domingo e ainda estava com a cabeça doendo.
Só que desta vez a coisa foi mais além. A direção da RBS
optou por demitir Kenny Braga, alegando como motivo o episódio desta
segunda-feira. É sabido pelo mercado que a RBS está com dificuldades em vários
de seus veículos de comunicação e tem demitido pessoal a torto e a direito nos
últimos meses. Sempre que isso acontece, em qualquer empresa, alguns nabos são
finalmente defenestrados, ao passo que gente boa acaba também saindo. Lembrando
que na RBS não há somente o pessoal do Esporte, mas também gente que atua com
jornalismo na área de Economia, Política, Entretenimento e tantas outras. Na
semana passada os bons repórteres Álvaro Andrade, Evelin Argenta e Cristiano
Goulart foram demitidos. Nesta segunda, mesmo dia da saída de Kenny Braga, também demitiram
Fabiano Viegas, que estava há 11 anos no grupo e era o locutor de chamadas da
RBSTV. O próprio vice-presidente de rádio, TV e conteúdo on-line, Eduardo
Smith, foi demitido depois de 20 anos de casa. Mais de uma centena de demissões já foi efetuada. Ou seja, a coisa está feia por
aqueles lados.
Não bastasse esse clima complicado na redação-mor da ivi
(imprensa vermelha isenta, para os desavisados), Alan Ruiz ainda inventa de
socar o time da beira do lago na Arena. Aí os ânimos afloram de vez e os
impropérios saem mesmo. O que demonstra o despreparo e falta de caráter de
muitos. Querem outro exemplo? O famoso “Mortadela”, principal locutor de rádio
do grupo, perdeu a compostura no Twitter e saiu ofendendo sem cautela. Confiram
abaixo:
Não bastasse tudo isso, a própria RBS acaba transformando
estes lamentáveis episódios em um circo de horrores. Por mais que o
comportamento de Kenny Braga fosse detestável e suas opiniões fossem de uma
pobreza ímpar, o desligamento de um funcionário é sempre um momento delicado.
Nessas horas, a empresa deve portar-se de forma a manter o respeito entre as
partes. E falo isso com a tarimba de quem trabalha há duas décadas na área de
Recursos Humanos e já viu de tudo um pouco. Perdi a conta de quantas demissões
já realizei ao longo da vida. E em todas fui profissional ao extremo, mesmo
naqueles casos onde o outro lado não merecia um tratamento mais polido.
Mas o que faz a RBS após desligar um funcionário com mais de
30 anos de casa? Publica em seus sites e redes sociais a notícia com destaque,
com um único objetivo: CONSEGUIR CLIQUES!!! Sim, caros incautos, esse é o único
objetivo das empresas de comunicação que vislumbram sobreviver no futuro. Ao
mirar o mercado digital, os cliques são os pingos de ouro para estas empresas.
São eles que servirão para seduzir o mercado anunciante, o qual irá despejar
suas verbas publicitárias onde seu produto ou serviço for mais visualizado. É a mesma
lógica da audiência televisiva, com a diferença que a aferição, neste caso, é
muito mais precisa. A regra é simples: as empresas mostram para o anunciante
quantos cliques o jornalista X ou o conteúdo Y gera e é ali que será investida a grana. Quem não gera cliques não é valioso. Por isso que mesmo profissionais
fracos conseguem manter-se no mercado. Suas asneiras GERAM CLIQUES!!! Lembre disso antes de clicar em algum post ou matéria depreciando o Grêmio.
Pois desta vez até mesmo o desligamento de um funcionário
serviu para que os cliques fossem contabilizados. Algo surreal e de uma falta
de caráter fora do normal. Quando falamos que consumir o conteúdo é financiar
os medíocres, há quem fale que somos paranóicos. Mas engana-se quem quiser. A
verdade é simples e está aí para todos verem. As ofensas do Mortadela
também geraram indignação por um lado e muita repercussão por outro. Sabe o que
a RBS mostra para o mercado anunciante? Que ele gera repercussão!!! Portanto,
de nada adianta querer abrir diálogo com este tipo de pessoal. Eles só fazem o
que fazem porque viraram caçadores de cliques. A própria vida, seja a dos
funcionários que lá estão ou mesmo do público ouvinte, não tem valor algum para
eles. Ceifam cabeças sem dó. Fazem o que fazem, e se houver reciprocidade continuarão fazendo, apenas
para ganhar cliques. E mostrar isso para o mercado anunciante. Tudo por uns dólares
a mais.
Saudações Imortais