Torre Eiffel - Paris |
Como o título já demonstra, não espero que o leitor concorde com nada do que segue. O objetivo principal desse texto é a manutenção da minha sanidade mental após mais um lamentável final de ano, em uma década que teve como “pontos altos” um chocolate em final de Libertadores, uma goleada em Gre-nal que não adiantou pra nada e a Batalha dos Aflitos. Triste.
Após ver o Galo levantar a Copa do Brasil, a chance de classificação gremista à Libertadores se resume ao Corinthians perder algo na Justiça Desportiva, que pro torcedor tricolor é apenas “Desportiva”, e a torcer pro Inter não marcar três pontos contra o enrascado Palmeiras e o Figueirense - que transferiu o jogo para Chapecó, basicamente vendendo a alma ao diabo.
Viva os pontos corridos!
Resta olhar para o futuro. Considerem que os argumentos a seguir partem de um torcedor que, nessa altura do campeonato, se contentaria com o título da Sulamiranda 2015, nos pênaltis, contra o glorioso Melgar de Arequipa.
1) Às favas com o Ruralito.
A Caravana da Miséria 2015 contará com nova fórmula, os dezesseis clubes se enfrentam em turno único, classificando oito equipes. Oitavas e quartas de final vão ocorrer em jogo único, com mando da melhor campanha, e a final terá dois jogos, com gol qualificado, totalizando dezenove partidas. Três equipes serão rebaixadas para eventualmente reduzir o número de participantes do Cafezinho a doze, “elevando” o nível do certame.
A única coisa que essa competição faz é justificar a existência da FGF, a federação que mais lucrou no país em 2013, e possibilitar a construção do Palácio da Bola; enquanto o Estrela D’Alva do Guarany de Bagé vai a leilão por dívida de 63 mil reais e o Sapucaiense vende o Arthur Mesquita Dias.
Essa competição, organizada por colorados e para colorados, tem como objetivo sustentar uma delirante ideia de supremacia vermelha no RS. O Presidente-Conselheiro-Colunista-Isento é só um símbolo do que se tornou o futebol gaúcho.
Valorizamos essa competição nos últimos anos, escalando os titulares e queimando jovens jogadores, por vezes até literalmente, no escaldante Passo D’Areia.
Minha sugestão é simples, que os titulares só joguem Gre-nais e partidas decisivas, pois um time de jovens do Grêmio consegue passar entre os oito melhores. O Tricolor pode escolher os melhores jogos para preparar o time pra Copa do Brasil e pra sequência do ano.
Quem sabe com suficiente tempo de treinamento, Felipão não consiga ensinar alguém a cruzar e bater escanteios? Talvez Barcos aprenda a bater de primeira, já pensaram? Muito melhor que marcar três no Aimoré e achar que tudo está lindo e maravilhoso.
O outro ponto positivo é dar espaço pra jovens da base mostrarem o que podem fazer, bem como dar oportunidades pra emprestados como Tinga, Maxi e Grolli. Na pior das hipóteses, o Grêmio pára de perder tempo e consegue fazer melhores negócios nos novos empréstimos desses atletas. Na melhor das hipóteses, descobriremos algum titular ou reserva útil que ficaria arquivado até o meio do ano, esperando que uma sequência de suspensões e lesões o colocasse na fogueira (Exemplo: Wallace).
2) É melhor guardar o dinheiro que contratar um coadjuvante
Se o Grêmio pretende gastar milhões na contratação de alguém, que esse alguém seja um destaque de sua equipe, um jogador que possa efetivamente ser uma estrela no time. Contratar veteranos coadjuvantes como Fernandinho, ou os famosos “jogadores de grupo”, não acrescenta em nada ao clube; se perde dinheiro e se tira espaço dos jovens, o que também tira dinheiro do clube, mesmo que indiretamente.
Se o grupo tem carências e a base não oferece opção para a titularidade, é preciso procurar jovens jogadores, coisa que temos feito bem nos últimos anos. O lucro que teremos com o pacote do Juventude e os dois laterais do Londrina já justifica que o clube siga nessa fórmula. O que me leva a próximo ponto...
3) Apostar nos jovens é o caminho.
Os jovens jogadores, de modo geral, são os que mais tem a provar, pois precisam construir suas carreiras. Eles também estão no auge, do ponto de vista físico, e representam os melhores prognósticos em termos de investimento. Um atleta que tenha uma boa passagem no Grêmio, ainda que breve, comanda altos valores no futebol europeu, milhões de euros que potencialmente vão ajudar o Tricolor a contornar seus problemas financeiros, dos quais espero ver o clube livre na década que segue. Quem sabe até seja possível pagar a dívida do Rodrigo Mendes, contraída em 423 a.C. e noticiada a cada seis meses pela IVI desde então.
Por esse motivo, não entendo como Wallace e Luan são os únicos jogadores da base titulares . Temos dois laterais com passagem por seleções de base, mas nossos titulares para o ano que vem potencialmente terão, somados, 70 anos de idade.
Não tenho nada contra Geromel, Riveros, Alán Ruiz, Dudu e Zé Roberto. São bons jogadores, muito úteis; porém, não lamentaria a saída de nenhum. Não acho que esses atletas possam dar uma contribuição muito maior do que têm dado, o que me faz refletir bastante sobre o investimento financeiro que o Grêmio precisaria fazer para mantê-los. Mesmo Geromel, o mais importante da lista, provavelmente não é uma grande perda para um clube no qual Paulão quase foi ídolo, até ser vendido com lucro para a China. O próprio Werley já esteve “na mira de Inter de Milão e Barcelona”, lembram? Aposto que ainda vamos ler sobre o interesse milanês no futebol de Thiago Heleno e na dificuldade para a renovação de seu empréstimo junto ao glorioso Deportivo Maldonado... É só uma questão de tempo.
Quanto a Pará, sua saída justifica, no mínimo, um foguetório.
Sou favorável a que se escalem todos os bons valores da base gremista, prometo inclusive não corneteá-los. Até mesmo os maus valores, devidamente motivados, podem dar uma contribuição maior que alguns chinelinhos que certamente lotariam o Salgado Filho se desembarcassem aqui.
4) Marcar é muito bom, marcar gols é muito melhor.
Faz muito tempo que o Grêmio não tem um sistema ofensivo. Percebam que não falo de um “bom” sistema ofensivo, dois atacantes se fazendo passar por meias e um centroavante não preenchem os requisitos do tipo “sistema ofensivo”.
A atitude precisa mudar um pouco, é preciso aproveitar a velocidade dos jovens jogadores pra marcar no campo do adversário, precisa sair mais pro jogo. Jogar por uma bola não nos permite sonhar com títulos; mas sim, no máximo, com boas campanhas.
Gostaria de ver laterais cruzando da linha de fundo pra três jogadores tricolores dentro da área. Da forma que o time tem jogado nos últimos anos, é mais fácil imaginar um unicórnio correndo pela Arena.
Se o Grêmio quer tomar os mineiros de exemplo, primeiro precisa reconhecer que ambos tem alto potencial ofensivo. Se enquadram no que a IVI chama de futebol “faceiro”. Hoje estão faceiros de tantas taças que levantam.
5) Há motivos para o otimismo.
Essa é a opinião mais polêmica de todas, sem dúvida. Vocês podem ler sobre o Apocalipse Gremista toda a semana em ZH (que eu abandonei faz tempo), desde a falta de dinheiro até o entorno da Arena, passando por entrevistas e notas oficiais de jogadores, empresários e até mesmo familiares; fora as supostas irreparáveis saídas do coordenador da base, do preparador físico... É só uma questão de tempo até que a mídia comente a saga da renovação contratual do porteiro da Arena.
O Grêmio já foi à falência setenta vezes nas páginas dos jornais, mas a marca segue crescendo e o clube constantemente figura entre os dez melhores do futebol nacional.
Para 2015, contamos com o melhor treinador brasileiro em atividade. Felipão seria nacionalmente considerado um dos melhores de todos os tempos, não fosse o ranço da imprensa do eixo RJ-SP, que vive num mundo de fantasia onde a Seleção Brasileira ainda é favorita pra ganhar alguma coisa. O que podemos esperar de uma imprensa que acredita na seriedade de instituições como a CBF, a CONAF e o STJD, não é verdade? O torcedor gremista, no entanto, sabe da vantagem que tem com um treinador desse nível, em sintonia com a direção, moldando um grupo desde o início do ano.
Mal faz uma semana que vi o Grêmio praticamente acabar com suas chances de disputar a Libertadores ao perder dois jogos decisivos, e já mal posso esperar pra sentar na frente da TV e assistir o Sub-20 ser roubado pela arbitragem no questionável gramado do Aldo Dapuzzo, caso o São Paulo não tenha que vendê-lo até Janeiro.
O nome disso é GREMISMO.