10 de dezembro de 2014

Crise, eu te amo!

Texto do leitor Jonas Bernardes Silveira


Comemore torcedor gremista, estamos oficialmente em crise!
Muito se falou sobre momentos de terrível situação financeira no Grêmio; mas, pela primeira vez, parece que alcançamos o patamar de falta de dinheiro suficiente pra evitar que o clube contrate meia dúzia de reforços desnecessários pra que apenas um ou dois dêem alguma resposta.
A situação financeira é difícil  e o clube não vê opção que não a aposta nas categorias de base, coisa que deveria ter feito há muito tempo. Parece que meus pedidos de um time formado pela base no Gauchão serão atendidos pelo simples motivo de que o time do Grêmio pra 2015 será predominantemente formado pela base.

Essa crise é demais!

A imprensa vai passar os próximos dois meses falando no “desmanche” gremista... Como já comentei no pós-jogo contra o Flamengo, esse termo não me parece apropriado para a nossa situação. “Desmanche”, do ponto de vista desportivo, implica na destruição de algo positivo, que funcionava, um time campeão. Esse time do Grêmio, como muitos outros antes, falhou  nos momentos decisivos. Não serve.
É um “bota-fora”, um recomeço que o Grêmio vai promover, e faz bem. Não há um jogador do grupo, entre veteranos e emprestados, que eu não veja como negociável; mesmo entre os garotos, só há um jogador que eu não venderia por valor nenhum nesse momento: Éverton.

Mesmo Wallace, um bom volante, provavelmente não faria falta caso fosse “transacionado”, como diria Felipão. Aposto ao menos em dois volantes na base gremista capazes de entrar e fazer o que ele vem fazendo, pelo simples motivo de que o Grêmio não consegue, é incapaz, de lançar um volante ruim. Qualquer garoto que tiver uma sequência na posição será “uma grande revelação”. Da mesma forma, qualquer zagueiro que não fure por cima terá sucesso ao lado de Rhodolfo no próximo ano.
O que precisa mudar é a forma de jogar. O Tricolor não pode aceitar o apequenamento imposto pela mídia e pela própria torcida. Precisamos aproveitar a onda de mudanças e alterar mais esse conceito de que o Grêmio precisa ser um time defensivo. Esses times raramente tem algum sucesso. Nós teremos juventude e velocidade pra impor em 2015.

Mesmo com a saída de todos os veteranos que estão com contratos por terminar, as vendas de Ramiro e Bressan e nenhuma contratação, o time do Grêmio poderia ficar mais ou menos assim: Grohe; Tinga, Rhodolfo, Saimon (Grolli) e Breno (Marcelo Hermes); Wallace, Araújo (Moisés, Arthur), Érik (Maxi), Luan (Canhoto) e Éverton; Barcos (Coelho). Sinceramente, aposto que seria superior ao time entrou em campo contra o Flamengo. Não chamaria as saídas de Pará e Zé Roberto de “perdas”. Temos muito a ganhar com elas.
A base , além dos já citados, pode oferecer gratas surpresas para a formação do grupo, ou mesmo do time titular, como: o lateral direito Canavarros, os atacantes Nicolas Careca e Pedro Rocha, o volante Balbino, os zagueiros Mancini e Lucas Rex, e o meia Felipe Ferreira.
Creio que o Grêmio tem o que precisa, e deveria aproveitar . Fico otimista com o discurso de Felipão na sua coletiva, de pagamento das contas e contratações cirúrgicas de um ou dois jogadores. Talvez esse seja o ano no qual nenhum volante será contratado!

Um exemplo de “contratação cirúrgica” seria Anderson, que o Manchester United decidiu não liberar dos últimos seis meses de contrato, permitindo que o jogador saia de graça no meio do ano. É uma contratação que pode ser feita a baixos custos, por empréstimo, dependendo apenas do interesse do atleta. Se Anderson quiser ter a certeza de que terá espaço pra jogar como meia e salário em dia, algo que o Grêmio oferece nesse momento, deveria seguir o exemplo de Felipão e aceitar um salário condizente com a nova realidade do Grêmio.
Essa condição, inclusive, parece valer para qualquer atleta que a direção pretenda contratar ou renovar contrato. Fala-se na contratação de Douglas por um ano, custando algo em torno de 150 mil mensais. Seria um investimento da ordem de 2 milhões de reais, nem perto das cifras associadas a alguns jogadores que o Grêmio não pretende pagar.

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Fim de festa

Como comentei recentemente no blog, o conservadorismo da direção nesse momento está associado à necessidade de pagar dívidas vultosas, como a do Flamengo, e à negociação para dar fim à parceria na Arena, o que vai exigir pagamentos nos próximos anos.
É por isso que o Grêmio está acenando nesse momento com uma gestão disposta a gastar pouco, acelerando esse processo. Isso é uma ótima notícia.

Os demais clubes brasileiros, com raras exceções, vão gastando os tubos e deitando nas camas dos empresários. Daqui a pouco a FIFA resolve acabar com a festa e eles correm o risco de tomar um tufo histórico, que pode ter consequências similares aos problemas que o Grêmio viveu no passado.
Quem gasta, uma hora vai ter que pagar a conta. Foi isso que colocou o Grêmio no buraco da ISL e que quase quebrou o clube. Uma hora o endividamento vai alcançar Atlético e Cruzeiro também, mesmo que demore anos pra que isso aconteça. A dívida do Rodrigo Mendes só está sendo quitada agora, 14 anos depois da transferência.

Ao gastar pouco, o Grêmio, um clube que arrecada muito, pode evitar que novas dívidas trabalhistas vultosas se formem. Ao mesmo tempo, um time com mais jovens jogadores pode gerar frutos num futuro próximo.
Vale ressaltar que os problemas financeiros vividos hoje são provisórios. A solução pode se dar nos próximos meses, mas, mesmo na pior das hipóteses, não deve se estender por mais de alguns anos. O Grêmio já esteve em situações muito piores, independente do que a mídia esteja vendendo. Se essa suposta crise nos impulsionar pra mudança conceitual que há muito esperou, então nos resta ser gratos.

E que venha o União Frederiquense, não é? Fazer o quê?