2 de dezembro de 2015

Jardel


Mario Jardel é um dos maiores ídolos da história do Grêmio. E há razões para isto. E ninguém precisa contar sua história. Todos a conhecem.
Falei com Jardel duas vezes. A primeira quando liguei para um amigo meu e, para minha surpresa, quem atendeu foi o Jardel.
-Sou secretário do fulano, ele brincou.
A segunda vez foi na chegada em um jogo na Arena. Brinquei com ele sobre o telefonema anterior e demos boas risadas.
Jardel é assim. Uma criança.
Jardel não estava preparado para ser o ídolo que foi no Grêmio, depois no Porto e em outros clubes onde jogou.
Jardel nunca entendeu que a fama geralmente é efêmera e que vem acompanhada de puxa-sacos interesseiros.
Jardel também nunca percebeu que a fonte de dinheiro de um atleta pode secar de repente e tampouco que dinheiro mal cuidado acaba.
Assim foi com ele.
Por conta de má formação ficou mal financeiramente.
Quando se viu perdido Jardel foi procurar quem mais lhe deu carinho. E por conta disto acabou em Porto Alegre. E reencontrou na Arena parte de seu passado. E gente disposta à ajudá-lo.
Aí começou outro problema. Basta dois minutos de conversa com Jardel para saber que ele não tem o preparo para ser político. E basta conhecer um pouco da política e dos políticos brasileiros para saber que raros são os que resistem à tentação de tirar proveito próprio dela diante das facilidades e da certeza da impunidade.
Jardel jamais deveria ter sido convidado para concorrer a um cargo político. Só o foi porque alguns vislumbraram, junto com a maneira de ajudá-lo a possibilidade de usá-lo como puxador de votos. O que também não é novo e não surpreende na política rasteira e suja que se pratica no Brasil.
Aparentemente foi o que aconteceu com Jardel. Juntou um coquetel de problemas, falta de maturidade e o vislumbre de uma "oportunidade" fácil e segura.
E deu no que deu.

Jardel pode parecer uma criança e, com certeza, muitos o tratam como se fosse. Mas já passou da hora dele se responsabilizar por sua vida e pelos seus atos.
Se for culpado, e parece que é, que pague pelo que fez.
Se não for, que seja restabelecida sua honra e que os culpados paguem.
Cabe a nós, gremistas, tratá-lo com o carinho que sempre soubemos dispensar aos nossos ídolos. Sem no entanto, continuarmos a alimentá-lo com a condescendência com que se alimenta bebês e menores de 10 anos.