21 de março de 2016

Avalanche Tricolor: simplesmente sofisticado

Por Milton Jung


Ypiranga 1×2 Grêmio
Gaúcho – Estádio Colosso da Lagoa/Erechim


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Lincoln comemora golaço, em foto de Diogo Zanaga/Gremio.net

O gol de Lincoln foi belíssimo. Há muito não se assistia a algo semelhante. O guri atrevido descobriu-se dentro da área, não bastasse todo o talento que tem demonstrado quando fora dela domina a bola, levanta a cabeça e coloca seus companheiros em condições de gol ou apavora seus marcadores com dribles rápidos e precisos.

A mando de Roger, Lincoln tem jogado mais próximo do gol e gols tem feito, como o que nos manteve na disputa da Libertadores no meio da semana, no minuto final da partida, e esse que nos ofereceu a liderança do Campeonato Gaúcho, ainda no primeiro tempo.

Dessa vez, o guri caprichou. Pelo alto, girando e de calcanhar colocou a bola longe do alcance do goleiro. Primeiro disseram que era de letra, depois chamaram o lance de chaleira, quiseram até compará-lo a Ibrahimovic, enquanto todos nós comemorávamos como sendo genial.

Foi preciso, porém, o guri deixar o gramado no intervalo de jogo para entendermos bem o que significava aquele gol para ele: uma ordem cumprida; função exercida a pedido do “professor”; aproveitar alguma bola que sobre por ali; nada de mais, até porque, disse com a mesma simplicidade com que dribla seus adversários, já marcou outros de calcanhar.

Visto o lance a partir da descrição de seu protagonista, confesso, tudo pareceu mesmo muito simples, sem ostentação, nada de excepcional, apenas o recurso que a jogada exigia pela maneira como a bola chegou nele e pela forma como ele chegou na bola.

Se com os pés, Lincoln fez os narradores lembrarem-se de craques do futebol, suas palavras me remeteram a um gênio da humanidade. Leonardo da Vinci já ensinou que “a simplicidade é o último grau da sofisticação”.

Lincoln foi simplesmente sofisticado.