16 de março de 2012

Incompetência, venalidade ou os dois?

Sob a óptica moral, ser corrupto é muito pior do que ser incompetente. Já sob a óptica do resultado do trabalho, corrupção e incompetência levam geralmente ao fiasco e ao descrédito.

Não fomos nós blogueiros que inventamos os isentos baratos. Foi Aff...tato, um morango que conhece todos os cantos, poeiras, traças e, agora, todas as macegas do Cheira-Rio que falou:
Eu descobri que a imprensa é muito barata.
Verdade ou mentira não sou eu quem vai sentenciar. Mas com certeza, a imprensa esportiva gaúcha é muito ruim e sem nenhuma credibilidade. Se por venal, por incompetência ou, possivelmente pelas duas causas, seus membros não cansam de mostrar que credibilidade passa longe das redações de jornais e dos microfones das rádios e das televisões.

É triste constatar isto, porque todos nós dependemos de informações corretas e fidedígnas. E quando não se pode acreditar no que se lê ou escuta, fica-se perdido e, principalmente, descrente da humanidade.

Dois exemplos dos 2 últimos dias são eloquentes sobre isto.

Na quarta-feira, um radialista tão medíocre quanto gordo saiu a gritar impropérios e palavras de baixo calão no twitter só porque alguns ousaram contestar suas opiniões. Vai ver é por isto que não consegue subir na carreira mesmo estando em uma rádio (no caso a Band) que ninguém ouve.

Ontem foi ainda mais patético. Façamos uma cronologia:
  1. Pela manhã, alguém lembrou que ontem terminava o prazo que Tarsão Dilmão havia dado para ser assinado o contrato da reforma do aterro. Prometera buscar outra alternativa. O que ele fará? Foi a pergunta de todos os portoalegrenses interessados no assunto.
  2. Pois Tarsão Dilmão disse que "a relação com a AG havia se esgotado". Não haveria mais nhém-nhém-nhem. O que fez na prática? NADA.
  3. Pouco depois Gigio Unhas de Cristal corroborou que não tinha nada a mais a conversar com a construtora.
  4. Começaram a chover críticas a Tarsão no twitter. #tarsomentiroso e outras hastags conhecidas pipocavam o dia todo.
  5. No Sala de Redação discutiu-se exaustivamente o "Plano B". E o que era o Plano B? Uma impossível reunião de construtoras gaúchas em substituição à AG. Impossível porque quem tem um mínimo de conhecimento de economia (o que significa reconhecer dinheiro e a diferença de valor entre as diferentes notas) sabe que não se faz um negócio de 330 milhões em 30 dias. E, diga-se, quem tiver este conhecimento mínimo de economia e um pouco que seja de decência não formula esta hipótese, sob pena de cair no ridículo e no descrédito.
  6. Durante a tarde continuavam as críticas à construtora que, diga-se de passagem, defendia seus interesses legítimos. Dizia-se que ela deveria cumprir o contrato. Como se este já tivesse sido assinado. E como se não constasse nele uma cláusula de que ela poderia desistir até 100 dias da assinatura sem ônus. Neste ponto, políticos aliaram-se aos incompetentes, baratos ou incompetentes e baratos jornalistas para confundir a opinião pública. E para fazer com que Tarsão pudesse ficar esquecido num canto, em relação a sua promessa de partir para um plano B.
  7. No final da tarde, "apenasmente" o Chefe de Equipe esportiva do maior conglomerado jornalístico do estado, invade o estúdio para afirmar que o contrato havia sido assinado em silêncio um pouco antes.
  8. O site de esportes do conglomerado logo repercutiu: AG E INTER ASSINAM O CONTRATO, foi a manchete. Louvava o chefe de esportes e prometia em breve mais detalhes.
  9. Minutos depois a manchete mudava: AG E INTER TERIAM ASSINADO O CONTRATO. No texto ainda falava em informações contraditórias.
  10. Mais alguns minutos e a manchete era: TUDO PRONTO PARA A ASSINATURA DO CONTRATO. E o nome do chefe de esportes foi retirado do corpo da notícia.
  11. Pouco depois os políticos informavam que o presidente da AG havia ligado informando que estava efetivamente tudo pronto. "Mas não há comemoração ainda devido aos antecedentes". Tiveram o cuidado de acrescentar.
  12. Depois a data da assinatura seria anunciada hoje.
  13. Hoje Gigio Unhas de Cristal afirma que ainda há exigências que ele não aceitará.
Moral da história?
A primeira é de que esta é uma história imoral.
A segunda é que em uma empresa séria, já teria ocorrido demissão em massa dos "jornalistas" causadores da história mentirosa ou no mínimo descuidada que passaram à população.
A terceira é que em um país sério, os políticos teriam cumprido a promessa, sob pena de serem considerados bravateiros inconsequentes. Mas quem disse que este é um país sério?
A quarta e mais importante para mim: se for assinado ou não este contrato, os grandes derrotados são os jornalistas esportivos gaúchos e os políticos. Se a imagem deles já não era boa, agora, utilizando um velhíssimo e batido jargão, ficou mais suja do que pau de galinheiro. E esta, é bom saberem, não conseguirão limpar. Já estão marcados como incompetentes, mentirosos, talvez venais, provavelmente baratos, e sim, sem credibilidade nenhuma.