30 de junho de 2016

Avalanche Tricolor: do jeito que o Diabo gosta

Por Milton Jung

 

Grêmio 3×2 Santos
Brasileiro – Arena Grêmio


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Marcelo Hermes comemora o terceiro gol em foto de LUCAS UEBEL/GrêmioFBPA

Do jeito que o diabo gosta.

A expressão pode não ser a mais apropriada, se levarmos em consideração que muitos de vocês, caros e raros leitores gremistas desta Avalanche, devem ter se agarrado às crenças e santos.

Lá pelos lados da casa do pai, na zona sul de Porto Alegre, tenho certeza de que a imagem de Padre Reus foi sofada, apertada e muito solicitada.

Se não me engano, ele mesmo já contou, aqui neste blog, sobre a imagem do padre alemão do qual é devoto. O pai costuma mantê-la ao seu lado, enquanto assiste aos jogos do Grêmio. E é nela que se segura para pedir ajuda divina sempre que a situação se complica.

Confesso a vocês que eu tendo a não misturar as coisas: religião de um lado, futebol do outro. Imagino que, antes de ficar atendendo as minhas preces por gols, vitórias e títulos, Deus tenha coisas bem mais importantes para resolver na vida.

Mesmo assim, não encontrei outra expressão para definir meu sentimento diante do jogo desta noite: foi do jeito que o Diabo gosta.

Até parecia que, finalmente, teríamos um resultado tranquilo, daqueles de lavar a alma, principalmente depois de duas derrotas seguidas, coisa rara desde que Roger chegou ao Grêmio.

Após dois minutos de marcação intensa, sufocando o adversário dentro da área dele, Everton driblou seus marcadores, chutou forte, o goleiro não conseguiu segurar firme e Giuliano apareceu para completar na rede.

Verdade que demoramos para marcar o segundo gol e o adversário teimava em manter a bola em seu domínio. Porém, a forma compacta como nossos jogadores marcavam o time deles, dava a entender que o risco do empate era mínimo.

Por isso, não me surpreendi ao ver, aos 44 minutos, o segundo gol que surgiu de lance muito parecido com o primeiro. Everton arrancou, driblou, chutou e o goleiro soltou. Desta vez, era Douglas quem estava bem colocado para explodir a bola na rede.

A partir daí, o Diabo entrou em campo. E, com o perdão do trocadilho, foi um Deus nos acuda daqueles.

Pelo alto e na cobrança de escanteio levamos o primeiro e em um vacilo na marcação tomamos o segundo. Não bastasse isso, um jogador caía aqui machucado e o outro caía logo ali. Sem contar as trapalhadas do árbitro.

A impressão era que a chance de disputar a liderança seria mais uma vez desperdiçada.

Foi, então, depois de alguma insistência em errar passes, que o time encaixou um contra-ataque, Giuliano foi esperto ao perceber que Marcelo Hermes entrava com velocidade e passou a bola para o nosso lateral esquerdo desviar do goleiro, aos 44 do segundo tempo.

Tivemos ainda mais quatro ou cinco minutos de acréscimo para sofrer diante da TV e manter a promessa de não pedir a Ele nada que se refira ao futebol. Preferi depositar toda minha confiança em Roger e seu time que tinham demonstrado uma garra incrível para chegar aos três pontos.

Mas que o Diabo se divertiu às nossas custas esta noite, não tenho dúvida. Pior para o Santos!