23 de agosto de 2014

"Ah, Muleque: Veni, Vidi, Vici - Constelação Mental"




É, talvez música e futebol não tenham nenhuma relação,  mas eu acredito que ouvir a mesma música que eu ouvi quando escrevi este texto faça com que compreendam melhor o que eu quis dizer. Música é capaz de mexer com nosso humor, com a nossa "vibe", e portanto ler ouvindo rock e ler ouvindo axé é completamente diferente.  Proponho que leia ouvindo esta música

Ouvi uma vez de um amigo que se tu queres atingir um resultado diferente, deves buscá-lo de uma forma diferente. Assim, num certo tipo de paráfrase a Machado de Assis, inicio este texto pelo fim:

Minha relação com o Grêmio hoje se assemelha muito àquela guria que tu gostaste, foi conversar com ela e logo em seguida viu que não era o que tu imaginavas, ou seja, não te atrai mais. Digo isso por que não só devido à falta de tempo, mas também de vontade pouco tenho visto dos jogos do tricolor. Com um retrospecto negativo nos últimos jogos, e mais ainda no campeonato, fica difícil se empolgar com o time. Mas basta a contratação de um velho ídolo e uma ponta de esperança reaparece. Chega fazendo mudanças no esquema, dando oportunidade a quem as merece, substituindo jogadores "insubstituíveis" e, mais do que isso, dando uma perspectiva de que um amontoado de nomes pode se tornar um único: Grêmio. Antes tarde do que nunca! Dou as boas vindas ao Scolari e ao Grêmio. Bem-vindos de volta.

Dito isso...
O time do Grêmio vive um marasmo, uma inércia, uma falta de tesão pelo futebol. Entram em campo alucinados e 20 ou 30 minutos depois....nada...simplesmente acaba... se esvai... Ou pior, fazem uma partida excelente do início ao fim mas uma falha individual compromete a equipe. É difícil entender o que se passa na cabeça de um atleta. Difícil imaginar quão grande é a pressão de estar em um time que precisa mais do que todos outros vencer, mais difícil ainda estar em um grupo que precisa quebrar um jejum de treze anos sem títulos. Talvez esteja faltando aquela química,  aquela sensação que se tem quando o jogo é sério que te torna parte da disputa, que une a tua alma à competição. Uma vibração estranha que faz o ambiente externo sumir, que faz sentir como se o mundo parasse e só aquele instante permanecesse em movimento. Não é habilidade que falta aos nossos jogadores, tampouco acredito que falte dedicação ou vontade de ganhar, mas falta atitude, falta aquela competitividade que te faz passar o dia todo pensando por que perdeu, e o resto do mês trabalhando pra que não se repita. E o Grêmio se coloca nessa situação simplesmente por que aceita estar nela.

Nessas últimas semanas foi organizado no cursinho onde eu estudo um campeonato de sinuca. Sem dúvidas sinuca não é meu grande talento, mas em uma competição as circunstâncias mudam. Pressão,  palpites e criticas alheias,  força do adversário,  nada disso interessa. O foco é a vitória.
Na fase de grupos: vencemos o primeiro - de uma série de 6 jogos - e no segundo tínhamos pela frente simplesmente a dupla mais forte do grupo em um dia em que estavam inspirados. Em determinado momento do jogo tínhamos 6 bolas na mesa  - são no total 15 bolas, 7 para cada equipe mais a bola 8 - a outra dupla apenas uma. Na vez do meu companheiro jogar ele mirou em uma bola nossa que estava na "boca" da caçapa e eu perguntei:
"Cara, o que tu vais fazer?"
"Vou fazer uma bola pelo menos pra derrota não ser tão feia" , respondeu ele.
Ai falei:
"Não, não faz isso. A gente só perde o jogo quando eles fizerem todas as bolas deles. Ajeita essa outra aqui, o jogo não acabou!"

Moral da história: conseguimos igualar a partida e perder por uma diferença mínima. Desistir nunca pode ser uma opção. Talvez seja isso que esteja desaparecendo para grande parte dos jogadores de futebol brasileiros hoje, COMPETITIVIDADE - aquele sentimento que faz com que tu coloques teu nariz entre o chute do atacante e o gol. Aquilo que os uruguaios e argentinos conhecem tão bem, as "ganas" de vencer  . Precisamos aprender a reconhecer nossos defeitos, e não só no campeonato nacional, mas também em nossa seleção buscar inspiração com uruguaios e argentinos a dar o sangue pela camisa. Voltou Felipão,  resta torcer e esperar que coloque ordem na casa, que seja capaz de transformar trinta jogadores em um único time.