11 de agosto de 2014

Jéssica: o processo de Scolarização começou


Estou arrasada. Como é horrível perder Gre-Nal. Perder vários, então, é insuportável. A revolta da torcida é compreensível pois ela sente como se a história do Grêmio fosse manchada a cada derrota para o time de vermelho. É um somatório dos anos sem títulos com as derrocadas nas fases finais das competições.

Entretanto, o jogo de ontem nos mostrou uma perspectiva diferente. Ultimamente, vínhamos perdendo os Gre-Nais taticamente, por mérito de Abel, por ingenuidade de Enderson - principalmente aquele dos 4x1. Com Felipão, o Grêmio deteve o domínio do meio-campo. Escalando três volantes que a torcida não esperava, ele surpreendeu também Abel. Walace jogou muito bem, comprovou o que vinha sendo falado dele. Assumiu a responsabilidade e, junto com Fellipe Bastos e Rodriguinho, anulou a criação de D’alessandro e Aranguiz.

O tricolor jogou num 4-2-3-1. Postou os três volantes de forma perfeita, com Rodriguinho pela direita ao invés de Alan Ruiz, devido sua melhor recomposição tática, e colocou Giuliano para triangular com Dudu e Barcos. Este, vale lembrar, desde o último jogo do Grêmio sob comando de Enderson, não joga mais de pivô, consequentemente tem rendido e aparecido muito mais para o jogo. Ramiro foi bem na lateral, já tinha jogado assim no Juventude, e Pará fez sua parte defensiva.

O único erro, ao meu ver, foi na escalação. Werley já havia sido sacado do time pelas frequentes falhas em gols sofridos no primeiro semestre, quase todos pelo mesmo motivo, sua desatenção - pra não dizer insistência - em marcar a bola. Isso aconteceu de novo. Ele tomou bola nas costas num cabeceio no primeiro poste, o que me levou a fazer tal pergunta: “ele estava marcando quem: Fabrício que ia cruzar, a linha do campo ou a bola?” Erro amador. Nossa defesa vinha bem, Geromel rendia mais a cada jogo, não havia dúvidas. Já tem tempo que Werley não cabe mais no time titular.

Outro fator a se considerar além da disposição tática e a inteligência na cobertura dos espaços pelos volantes, foi a entrega do time em campo. Percebi um time muito aguerrido, lutador, não desistindo da jogada. E essa compilação de inteligência tática ao observar a forma de jogo do adversário e o futebol aguerrido com cara de Grêmio é o que eu vou chamar de “Processo de Scolarização”. Esse processo tem apenas uma semana de trabalho e já foi possível perceber a melhora no posicionamento das peças de meio e um time com vontade de vencer. É promissor e me passa confiança.

E foi por causa desse processo que fomos superiores na maior parte do jogo. Terminamos o primeiro tempo com 51% de posse de bola, jogando retrancado, na casa do adversário. Na verdade, isso só parou de acontecer depois de levarmos o primeiro gol. Então, foi necessário mexer na escalação e na postura em campo. A mudança de esquema aconteceu com a entrada de Fernandinho, jogando pela ponta esquerda. O segundo gol foi uma consequência da necessidade do empate, designando aos defensores que fossem à área tentar o gol. Perdemos por uma falha individual num jogo em que o Grêmio foi muito melhor.

A derrota, por óbvio, nos entristece, mas é necessário saber analisar o jogo deixando de lado nossas mágoas. Estamos diante de um processo de Scolarização que se inicia e começa a tomar forma. E como não acreditamos em “pensamento mágico”, sabemos que é preciso trabalho contínuo de Felipão até que se consiga solidificar um time, uma estratégia e uma filosofia de jogo.