Circula pela internet um texto de ficção, no qual o Grêmio de 1995 enfrenta o Santos de 2010, o time de Neymar, Ganso & Cia. O grande exercício de imaginação é saber quem seria o vencedor deste embate. Bobagem! Para mim, isso não tem o menor interesse. Prendo-me à realidade palpável. O que eu quero saber é quem sairá vencedor do confronto entre o Grêmio de 2010 contra o Santos de 2010.
Era para ser o jogo do ano: os queridinhos da mídia contra o Grêmio. Era para ser o jogo do ano até a tarde desta terça, quando foi anunciada a lista dos jogadores que vão à Copa da África do Sul. Desde então, passou a ser o jogo da revolta, o jogo da ira, o jogo da gana.
Não sei se o Dunga ainda é colorado. Sabe-se que saiu humilhado e brigado do aterro, ganhou um processo contra o ex-time e que seus filhos torcem para o Grêmio. Sendo grande amigo e (tendo sido) parceiro de negócios do Noveletto, as coisas ficam um pouco mais embaralhadas. O que parece certo é que ele se atrapalha quando trata da rivalidade local. Não sabe lidar com ela. Se não queria Victor, não precisava tê-lo convocado. Se convocou, que o botasse para jogar. Sim, porque soou ridícula a justificativa (aparentemente eleita para explicar a ausência do goleiro do Grêmio) de que os jogadores precisavam mostrar jogando pela seleção que estavam prontos para ir à Copa. Como poderia Victor mostrar sua prontidão se nunca foi chamado por Dunga para entrar em campo? Em uma frase, Victor sofreu uma crueldade na tarde desta terça-feira.
Falo nisso, porque estou sinceramente preocupado com os efeitos da não convocação do melhor goleiro brasileiro sobre o jogo desta quarta. Victor certamente será ovacionado pela torcida no momento em que pisar o gramado para fazer o aquecimento. Uma onda de emoção irá pairar por muito tempo no campo de jogo da Azenha. Qual será a condição emocional de Victor e do time para enfrentar o festejado Santos? Estou tomado por profunda inquietação com relação a isso. Mas, como me nego a cogitar o pior, resta-me convocar cada gota de otimismo e, mais do que acreditar, exigir que o destino não nos pregue a peça de desmontar nossa muralha em momento tão decisivo.
Que os gritos das torcida se transformem em doping para os nossos e em borror para os bailarinos. Que a frustração do capitão se transmude em vontade para todo o time; que a sua tristeza se converta em ânimo; que o sentimento de injustiça aflore como redobrada determinação coletiva.
Vamos, tricolor! Estaremos contigo como nunca estivemos. Vamos Grêmio, vamos! Este é um jogo com lugar na história. Que num futuro pouco distante escritores de ficção possam dedicar-se a indagar no seu mundo de fantasias: Quem venceria um confronto entre o Grêmio de 1995 e o Grêmio de Victor?