4 de julho de 2013

Daniel Matador: A Volta da Magia



Quem vive sua Lenda Pessoal sabe tudo o que precisa saber. Só uma coisa torna o sonho impossível: o medo de fracassar.”
O Alquimista

Caros

Nesta semana saí em peregrinação por conta de uma missão sagrada. Jamais alguém terá condições de dizer o contrário, pois não vivenciou o que passei, pelo menos não da mesma forma. A distância, agora muito menor, entre o início da jornada e o sacro local onde dar-se-ia um acontecimento único, era o fator menos importante da empreitada. Duvido que este momento não tenha sido especialmente traçado pelas fiandeiras do destino, aquelas velhas matreiras que ficam tramando tudo e rindo com o canto da boca. Trajei o manto e marchei resoluto, pronto para juntar-me às fileiras do mais impressionante exército que já pisou sobre o planeta.

O palco do espetáculo emanava uma aura diferente. Parecia que havia algo mais ali dentro. Algo que ainda não havia sido transportado para lá e que finalmente resolveu que estava na hora de materializar-se. As faixas e tambores de guerra faziam notar-se, mostrando que as fileiras eram as mesmas que já haviam feito inimigos tremerem apenas com o entoar de seus cânticos. A tensão era tanta que qualquer adversário que ali houvesse teria o pavor incutido em seu coração, tamanha a imponência do local e a força do ambiente.

Até que finalmente eu vi. Sim, eu vi. Presenciei o exato instante em que a magia se fez. Eu vi quando a lenda entrou no gramado e a magia espalhou-se por todo o estádio. Que ninguém venha me dizer que não foi assim, pois eu estava lá para ver. Era sim magia aquilo que estava ocorrendo naquele momento. Olhei para o céu e, mesmo que as nuvens ocultassem, eu quase podia afirmar que vislumbrei pares de olhos curiosos mirando o que ocorria lá embaixo. Todos os deuses desceram do Olimpo para presenciar a volta da magia.

Eu vi quando ele postou-se em frente à multidão, ergueu as mãos e reverenciou seus iguais. Eu sei o que era aquilo, já vi antes, em outro tempo. Por mais que os incautos não queiram acreditar, tenho certeza que era mais um truque de mágica, um passe cabalístico para mostrar que tudo será diferente daqui pra frente. 

Como eu sei de tudo isso? Ora, bolas, também sou matador. Quando ele dirigiu-se ao campo para instruir seus comandados, olhou de volta para a torcida e apontou pra mim. O gesto característico dos artilheiros que se reconhecem mutuamente. Apontei de volta e tive certeza que tudo já havia mudado. A covardia acaba aqui. O receio de buscar a vitória não mais irá existir. O medo de fracassar não terá mais espaço. Não preciso confirmar mais nada. Que se calem os infiéis. Que se apavorem os inimigos. Que vibrem os tricolores. A magia está de volta ao Grêmio.

Saudações Imortais