29 de abril de 2016

Carta aberta


Caro Maicon,

Tenho esperança zero que tu venhas a ler este post. A mesma esperança sobre o jogo da próxima quarta-feira, conforme escrevi dois posts abaixo no pós jogo. Vou até reproduzir aqui para te poupar serviço de procurar caso estejas lendo.
Eu disse:
(...)Porque passar na Libertadores só com dois milagres. Um não será suficiente.E enquanto não se consuma a morte, fica a torcida sofrendo as dores da espera.Espero eu, que sem alimentar nenhuma esperança. Porque a esperança só aumenta o tempo para o desfecho.
Se chegastes até aqui e tiveres um pouco mais de saco, lê o posto logo abaixo deste. É de um torcedor. Não de um torcedor qualquer. De um torcedor que simboliza o sentimento de quase todos os gremistas.
Ele seguiu meu conselho e largou o time de mão.
Mas eu, teimoso que sou, acordei com uma pitadinha de esperança. E aí resolvi te escrever. Mesmo que muito provavelmente tu não venhas sequer a saber da existência deste blog.
Não importa. Será só mais uma coisa para acrescentar ao teu desconhecimento. Porque pelo que tem transparecido nas tuas entrevistas é que, apesar de quase dois anos aqui, tu ainda não conheces o Grêmio. Pelo menos aquele Grêmio que nasceu em 1903 e, parece, morreu lá por 2007, embora continue insepulto zanzando como um zumbi por aí.
Aquele Grêmio, Maicon, foi o que ganhou o sobrenome de Imortal. E não foi à toa que passou a ser chamado assim. Foi porque conseguia realizar façanhas, reverter derrotas certas e trazer felicidade ao seu torcedor quando tudo parecia impossível.
O Imortal teve muitos jogadores de grande talento em seu time. Quem o conheceu e entendeu sua alma, conseguiu entrar no coração do torcedor, de onde não sairá jamais. Quem foi apenas "profissional" e jogou como jogaria em todos os outros clubes saiu rápido para o esquecimento.
Sim. Eu já escrevi parecido com isto, três posts abaixo, antes do jogo de ida contra o Rosário. Certo que ninguém do Grêmio leu.
Lá eu falei que tu não tens culpa dos 15 anos sem título. E até, por conta disto, falei para vocês jogarem leves e soltos, mas com garra.
Não foi o que se viu. Viu-se um time nervoso desde o primeiro segundo. Irritadinho como uma bicha velha que não consegue o que quer com facilidade. E com a inteligência de um jumento. Faço um parêntese para pedir desculpas aos jumentos.
Não sei que tipo de preparação psicológica vocês tem, se é que tem, antes dos jogos, mas está tudo errado. Porque ela não aparece no campo.
E a tua entrevista depois do jogo. Foi difícil não? Imagino tu, louco para ir para casa, tendo de dar uma de macho por ter sido acusado de ter fugido do torcedor no domingo. Aliás, domingo, onde por pouco não se viu renascer a mística. Vocês até saíram aplaudidos, lembra?
Mas a tua entrevista foi de novo conformista e buscando tirar a "culpa" das costas do time. Mas foi mal Maicon. Como que vocês se surpreenderam com o jeito de jogar dos argentinos?
Eu vi 30 minutos do jogo deles com o Palmeiras e sabia que seria um jogo dificílimo. E eles jogaram exatamente igual contra nós. Vieram com marcação alta e gana de vencer Maicon. Gana de vencer, sabes o que é isto? E foram inteligentes também.
E tu e teus comandados? Confundiram gana de vencer com pressa, nervosismo, irritação. Cinco minutos de dificuldades bastaram para vocês se entregarem.
Não. Não faltou "vontade" e esforço. Acho que houve até demais. Mas vocês corriam feito baratas tontas. Chegavam sempre depois. Aí o passe saia errado. A falta desnecessária era feita.
Foi feio Maicon. Muito feio. Sabia que um torcedor, leitor do blog veio de Caxias para ver o jogo e foi embora no intervalo? Sério Maicon. Outros saíram no intervalo também. E muitos outros choravam.
Não foram embora ou choravam pela derrota Maicon. Saíram e choravam pela vergonha que sentiam. Pela desesperança de re-encontrar a alma que se perdeu pelo caminho.
O time é bom Maicon. Em nomes e futebol um dos melhores do Brasil. Mas joga todo borrado Maicon. E não se impõe contra ninguém. Tu não percebeste que a cada falta marcada contra ou mesmo à favor meia dúzia de argentinos iam para cima do árbitro. Com respeito, claro, para não levar cartão. Mas com a "indignação" suficiente para impor pressão. E foram para cima na saída e na volta do intervalo. E não fiquei para ver, mas provavelmente no final do jogo também, já pensando no futuro.
E vocês Maicon? Caiam e ficavam com aquela cara de choro de criança desamparada. Muito feio e chato.
Se chegaste até aqui deves estar pensando o porquê de eu ter escrito tudo isto. Sabes que nem eu sei?
Eu mandei o torcedor perder a esperança. Mas, sei lá, pensei que talvez vocês mereçam uma última e derradeira chance.
Bola vocês tem. O salário está em dia. O que tem faltado? Inteligência? Culhão?
Culhão Maicon, eu vi numa advogada ontem, que enfrentou com coragem a pressão de senadores velhos, malandros e calejados. Ela não se assustou. Foi para cima.
Foi para cima Maicon. Mas com inteligência. Ela não jogou por pontinho fora. Aliás, o que me deu uma pitadinha de esperança é que nós não poderemos jogar quarta-feira que vem pelo pontinho fora. Quem sabe vocês vão jogar diferente? O desespero diante da morte mostra a diferença entre os guerreiros. Há os que se abaixam para ser decapitados. Outros lutam contra 100, mesmo sabendo que o final será a morte. Só que, às vezes estes conseguem o milagre da sobrevivência. Os primeiros, só uma cova rasa.
O que eu gostaria que vocês fizessem? Que olhassem todos os dias o filme A Batalha dos Aflitos. Maicon, aquele time era muito ruim. Tinha muito jogador tosco. Muito jogador de série B. Aliás, estávamos na série B.
Mas aqueles jogadores ficaram na história e no coração do torcedor. Não pelo futebol. Pela entrega. Pela luta. E pela inteligência. Inteligência Maicon. Eles venceram a partida com sete em campo. E souberam como não levar gol em longos 20 minutos. Sete contra onze Maicon.
Talvez olhando aquele filme, tu e teus comandados consigam entender a diferença entre vontade e nervosismo. Entre luta e irritação. Provavelmente vocês aprenderão qual é a hora de levar na manha e a hora de mostrar indignação.
Talvez seja tarde para isto. Mas vai saber. Estes argentinos são chatos mas não são invencíveis.
E mesmo se a derrota vier Maicon, mas se vier acompanhada da mudança de atitude e da manutenção desta nova atitude daqui para a frente, talvez sirva para frutos bons ali na frente.
Talvez consiga trazer o torcedor de Caxias e de outras cidades de volta para a Arena. Talvez estanque o cancelamento de títulos de sócios. Talvez mude o choro envergonhado da quarta-feira pelo choro da felicidade. Talvez. Talvez. Será que ainda dá tempo?
Será que consegue colar o coração partido do torcedor do post abaixo? Talvez.
Era isto Maicon.
Um abraço para ti e os demais. E melhoras para os que estão com caxumba. Que ela, daqui para a frente, só atinja os membros do Departamento Médico.

seu Algoz 

Em tempo - Uma dica para vencer marcação alta: pede para a zaga ou o Walace dar um balão forte pra um dos escanteios, longe do alcance de um zagueiro adversário, e adianta o time. Devolve a marcação alta para eles. Vai que funcione.

28 de abril de 2016

Todos têm um limite

Eu não sou pessoa de me abater facilmente. Dificilmente sinto-me derrotada. Por natureza, sempre observo  o mundo e seus problemas confiante em soluções. Não gosto de pensamentos de derrotismo.Não me sinto confortável dentro deles. E sempre, sempre acabo por ter esperanças.
Mas hoje estou com uma sensação estranha. Sensação de cansaço. De que não sairemos do lugar.
Minha mente está exaurida. Essa ciclotimia do time do Grêmio me deixa tonta. Não tem lógica. Nem sei mais se vale a pena sonhar com algo que talvez nunca venha.
Hoje, o  leitor Grêmio Sempre deixou um comentário que peço licença para dividir com todos. Penso que resume o sentimento da torcida gremista no dia de hoje depois de uma das piores partidas do time.

 Grêmio Sempre
 Hoje estou tendo um dia péssimo. Quase não dormi na noite passada, fanático que sou, não consegui conciliar o sono.

Refletindo com calma, eu que me tornei gremista no início dos anos 80, vi todos os títulos, vi os rebaixamentos, vi fases boas, ruins. Vivi o Grêmio, minha paixão. Vivi com intensidade, vibrei, torci, viajei para ver jogo, briguei pelo Grêmio, e sempre o defendi com todas minhas forças, mesmo quando não havia argumento.

Mas todos tem um limite. E eu atingi o meu. Tenho família, filhos que dependem de mim, trabalho, e não posso mais ter dias como o que estou tendo hoje. Me concedo este direito.

A gota d'água que transborda o balde. Cada um tem a sua, e a minha gota caiu e finalmente transbordou o balde. Deu. Não há mais espaço para o Grêmio na minha vida. Não consigo, perdi as forças.

Não consigo ser um gremista meia-boca, do tipo que perde e vai dormir, que não dá bola, que releva... não. Eu sou um gremista em toda sua plenitude, em toda sua intensidade, não há meio-termo.

Se algum dia o Grêmio voltar a ser Grêmio, posso voltar a acompanhar, embora sabendo que jamais será a mesma coisa. Algo se rompeu, ao longo de todo o tempo, como uma namorada que te traiu, e vocês voltaram, mas nunca mais foi a mesma coisa.

Peço desculpas por ter sido chato, insistente, e até grosseiro em algumas ocasiões. Peço desculpas ao Seu Algoz, pelas vezes em que possa o ter ofendido. E desejo força a todos vocês, que continuaram firmes (ou nem tanto) acreditando. Tenho muito orgulho de vocês, só a própria razão de ser quem somos parece não ter orgulho de nós.

E a vida segue.


27 de abril de 2016

Uma lenta agonia

Grêmio 0 x 1 Rosário Central


Primeiro Tempo: 0 x 1


Miller iniciou jogando no lugar de Bobô.
E o jogo começou nervoso com muitos passes errados dos dois lados. E com o time argentino tomando a iniciativa.
O Grêmio não conseguia colocar a bola no chão para sair trocando passes.
Aos 6 minutos entrevero na área do tricolor mas o juiz marcou falta de ataque.
Aos 7 minutos uma jogada muito tosca que mostrou o nervosismo do time. Fred chutou a bola em Maicon que chutou em Fred. E nada de chegar no ataque.
E aos 11:30 minutos, finalmente, o primeiro ataque do tricolor. Douglas lançou Miller que driblou o goleiro mas perdeu o ângulo para concluir. Ao tentar novo drible no zagueiro adiantou demais a bola que foi para a linha de fundo.
E o que parecia possível de acontecer aconteceu. Ataque dos argentinos, falha de Bressan, Fred e Ramiro e bola no fundo das redes. Merecido pela apatia, nervosismo e atrapalhação que o Grêmio demonstrava. Eram 14 minutos.
O gol parece que, inesperadamente, devolveu os brios para o tricolor. Aos 16:30 minutos um bom ataque mas a defesa salvou.
Se não jogava bem, pelo menos o Grêmio começou a aparecer mais no ataque. Mas não conseguia finalizar.
Aos 26 minutos o primeiro, vamos dizer assim, chute contra o gol argentino. Fred de falta quase mandou para fora da Arena.
E aos 41 minutos, em cobrança de escanteio a bola sobrou para Miller dentro da pequena área. Empate? Não. Ele deu um balão para fora do estádio.
Aos 43 minutos quase o segundo gol. Um chute por cobertura encontrou Grohe adiantado, mas por sorte a bola bateu no travessão e voltou para o campo.
E acabou.

.....

O time argentino começou o jogo fazendo marcação alta o que deixou completamente perdido o time do Grêmio. O domínio do adversário era completo até o gol em falha terrível e coletiva da zaga.
Depois, mais pelo placar adverso do que pelo resultado de melhora, o time tentou atacar. Mas não conseguia nem chutar, muito menos criar alguma chance de empatar.
Só conseguiu ter uma chance em cobrança de escanteio quando deu rebote. 
Resultado justo e até barato.


Segundo tempo: 0 x 0

Roger deve ter gostado do que viu porque voltou com o mesmo time.
O técnico adversário também, porque voltou pressionando da mesma forma que fez no primeiro tempo.
Aos 5 minutos a primeira finalização. Um chutinho fraquinho de Douglas para fácil defesa do goleiro.
E o time continuava pilhado. Não acostumado a jogar com garra, confundia vontade com irritação e nervosismo.
Aos 8 minutos tuitei:

O Grêmio atrás no placar e jogando em casa, mas quem mandava no jogo e parecia com mais chance de fazer o segundo era o time argentino.
Aos 14 minutos Everton entrou no lugar de Maicon.
Aos 16 minutos Giuliano salvou o segundo gol.
E Bobô entrou no lugar de Miller aos 20 minutos.
Enquanto isto o único chute do segundo tempo foi o track de Douglas aos 5 minutos.
Uma atuação confusa, irritante e triste de ver.
Aos 25 minutos Lincoln foi mandado para a fogueira. E Douglas foi ver o fiasco do banco.
E Lincoln já bateu uma falta melhor que todas do Douglas somadas. A zaga mandou para escanteio.
O Rosário, satisfeito com o resultado, não se preocupava mais em atacar.
Aos 34 minutos cruzada na área. Bobô cabeceou da marca do pênalti mas a bola saiu fraca e ainda amorteceu num zagueiro antes de chegar no goleiro. Foi a primeira chance de gol no segundo tempo.
Aos 43 minutos falta levantada na área mas não deu em nada de novo.

Certamente a pior atuação do Grêmio no ano. Uma vergonha.

.....


A cada jogo que passa parece que o time desaprende. 
A cada vez que faz suas escolhas Roger parece mais perdido.
Terá de repensar tudo para o resto do ano.
Porque passar na Libertadores só com dois milagres. Um não será suficiente.
E enquanto não se consuma a morte, fica a torcida sofrendo as dores da espera.
Espero eu, que sem alimentar nenhuma esperança. Porque a esperança só aumenta o tempo para o desfecho.


Como jogaram

Marcelo Grohe:
 Sem culpa no gol, mas quase levou um por cobertura no primeiro tempo. Nota 6
Ramiro: Parecia perdido no jogo. Mas ao menos lutouNota 5
Bressan: Muito nervoso, falhou no início do gol dos argentinos. Um dos culpados pelo resultado. Nota zero
Fred: Embora calmo, também falhou no gol dos argentinos. Nota 2
Marcelo Oliveira: Primeiro tempo muito medíocre. E segundo também. Nota 3
Walace: Uma atuação ruim como todo o time. Nota 5
Maicon: Talvez pelas críticas que sofreu, estava muito nervoso e querendo mostrar que não é o capitão desconforto. Conseguiu. Conseguiu jogar muito mal. Nota 2
Giuliano: Amarrado pela marcação pouco fez no primeiro tempo. Mas ao menos lutou. Nota 5
Douglas: Um bom passe no primeiro tempo. E um monte de passe errado. Nota 3
Luan: Enrolado com a bola e na marcação. Não jogou nada. Nota 3
Miller: O único que parecia querer jogar no primeiro tempo, embora o gol incrível perdido. Saiu cansado. Nota 6

.....

Everton (Maicon): Não entrou bem. Nota 3
Bobô (Miller): Tentou alguns lances mas não conseguiu nada. Nota 3
Lincoln (Douglas): Tentou fazer um milagre. Não conseguiu. Nota 5

Roger Machado: Talvez mais apático do que o timeNota 3

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Arbitragem: Victor Carrillo, Jonny Bossio e Braulio Cornejo (Peru) - Abusou nos cartões amarelos, mas fora isto, nada a reclamar.

26 de abril de 2016

Rei morto. Rei posto?


O Grêmio é o rei do mata-mata. O Grêmio faz tremer quem joga contra em partidas decisivas.
Verdade? Uma verdade inquestionável. Até, arrisco a dizer, 2007. Até perder as duas da final contra o Boca naquela Libertadores. Perdeu as duas mas porque foi vergonhosamente roubado no primeiro jogo. O segundo foi consequência. Não se sai para buscar um 0 x 3 impunemente. E o time daquele ano, estava perto de ser ridículo. Tuta era o centro-avante. O Tuta!
Depois disto o que o tricolor ganhou em mata-mata? Dois ou três torneios ridículos do Noveletto.

Fora isto, é um fiasco atrás do outro. Entra direção, sai direção. Vem treinador consagrado, sai treinador consagrado. Vem um ou outro jogador de maior renome. Vão embora os jogadores de maior renome e as promessas rutilantes que passaram sem vitória.

E por que do nada o Imortal passou a ser quase um mortal dos mais cordatos e amáveis com seus rivais?

Várias são as causas.

A principal, certamente, foi a deterioração econômica da instituição após o famigerado contrato com a ISL. A falência daquela empresa só não nos levou também à falência porque clubes de futebol grandes neste país não se deixa falir. O Grêmio passou a ser um clube sem a mínima condição de endividamento e, por consequência, de investimento. E futebol sem dinheiro até pode dar resultado fortuitamente. Tem o Audax em São Paulo e o Leicester na Inglaterra agora. Mas são as exceções que confirmam a regra. E, combinemos aqui, não podemos esperar que sejamos um dia a exceção.

Mas ok. Dinheiro é muito importante e ajudou nesta derrocada. Mas só ele explica?

Não. Pode ter sido fundamental, mas não é a única causa. A falta de dinheiro e o que ele pode comprar,  grandes jogadores, tem influência sim. Mas explica a eliminação frequente contra clubes menores e ainda em maior penúria, como o Juventude, por exemplo?

Claro que não.

Além de dinheiro passou a faltar atitude. Vontade de ganhar. Comprometimento. Vergonha na cara, pode-se dizer também. O clube, e por consequência o time, passou a ser conformista. Conforma-se fácil com a situação. Afinal, sempre há uma  justificativa para o fracasso.

Um dia é o cansaço. Outro dia é o erro de escalação. No outro a estratégia errada. Muitas vezes, especialmente no torneio gaúcho, é a federação e os juízes. Sim estes não merecem respeito e tem nos prejudicado muito. E prejudicado de maneira escandalosa. É só voltar 3 posts abaixo e ver o episódio do efeito suspensivo do bandido do cotovelo. Mas isto não pode mais servir de desculpa. Eles sempre prejudicaram e continuarão a prejudicar. Mas as outras causas que aparecem para o fracasso tiram até a autoridade de reclamar destes sem-vergonhas.

Eu penso e advogo que o Grêmio tem de entrar com time de juniores neste campeonato. Tem de apatifar mesmo. Mas se não faz isto. Se, equivocadamente na minha opinião, resolveu valorizar, que ganhe esta bosta. Porque não há dúvida que, em nome de jogadores, temos de longe o melhor elenco do estado. Um dos melhores do país.

Mas e daí? Por que não dá de relho nem nos times do interior e no clubinho falido do aterro?
Porque, me parece, falta vontade de ganhar. Tanto tempo perdendo e achando desculpas minou a confiança. E, pessoa ou instituição sem confiança estão sempre na beira do precipício. Um nadinha e se atiram. Nem esperam ser jogados para baixo.

Tem muita gente que sofre deste problema. Tem medo de vencer. Afinal, ser bem sucedido na vida tem consequências sérias. Um vencedor tem de pensar todo o santo dia em como continuar no topo. Um vencedor tem obrigação de continuar vencendo. E vencer, sabem todos, é muito mais difícil do que perder.

E qual a melhor maneira de se continuar no conforto do derrotado? Trabalhando para perder. Trabalhar para perder nem esforço exige. É só sentir medo e sair para jogar fora pensando em, "se Deus quiser", segurar um empate glorioso. Não adianta dizer que o campo tem dimensões iguais, que a grama é sempre verde e a bola, esta danada, é sempre a oficial, como também é na Arena. Não tentem induzir o jogador a pensar que fora de casa ele pode ter o mesmo rendimento que tem em casa. Não ousem, nem mesmo sugerir, que é melhor perder fazendo um ou dois gols pela coragem de tentar vencer do que sair derrotado por 1 ou 2 a zero pela covardia de ficar atrás esperando o tempo passar.

O perdedor não aceitará jamais esta ideia. O perdedor já entra no campo adversário tremendo como vara verde e de fralda para não correr risco de vazar o que faz nas cuecas.
Este é o Grêmio. Ou falando otimisticamente, este tem sido o Grêmio. Um time que já entra derrotado fora de casa. E que treme e se afoba quando tem de jogar em casa. Afinal de contas, se ele não tirar uma boa vantagem em casa já estará morto. E, quando tem de reverter vantagem perdida fora, quase sempre joga tremendo também porque não pode levar gol.
E não tem ninguém, ano após ano, capaz de mudar esta mentalidade.

Agora, por exemplo, as finanças estão quase sanadas, conseguiu-se manter um grupo de qualidade (tirando uma ou duas deficiências menores conhecidas), mas continua o espírito derrotado.

Maicon, o capitão do time disse uma verdade ontem. Ele disse que eles não podem levar nas costas o peso de quinze anos sem vitória. Verdade verdadeira. Então, que não levem. Que ele e os outros entrem em campo leves jogando o que sabem jogar. Que entrem com a confiança que as palavras de ordem que se vê nos filmes do vestiário parecem sugerir. Que tenham consciência que lutando e respeitando o adversário poderão ganhar. Que não tenham medo de vencer. Medo de perder é até saudável. Faz jogar mais duro, com mais atenção, com mais vontade. Mas medo de vencer é o caminho para o cadafalço.

Maicon e vários outros não tem culpa dos 15 anos sem vitória. Mas já tem culpa de um ano e meio sem vitórias. Se ficarem mais dois ou três anos perdendo e perdendo, terão estes anos de culpa ampliados. E serão também engolidos pela poeira que engole os derrotados. E terão primeiro o desprezo e depois o esquecimento da torcida. Torcida que sempre foi generosa e apaixonada pelos seus vencedores. Perguntem, ao Jardel, Paulo Nunes, Renato, Adilson, De Leon, etc., etc., etc.
É portanto uma questão de escolha. E de atitude.

Tenham vontade, e coragem de vencer e estarão para todo o sempre no coração da mais fanática e mais generosa torcida do mundo.
Continuem jogando por pontinho fora e deixando a bola queimar os pés e logo estarão troteando por outros gramados enquanto caem no esquecimento e no desprezo por aqui.
É uma simples questão de escolha. E de coragem claro.

E o que vale para os jogadores, certamente vale para a direção técnica e para a direção administrativa. Ninguém se salva nesta. Os primeiros por tremerem no campo. Os outros por não conseguirem transmitir a confiança e vontade necessária. Aliás, por muitas manifestações que se ouve parecem tremer também ao pensar nos enfrentamentos.

O Grêmio, rei do mata-mata está morto. Mas não apareceu ainda outro rei com a fama e a coragem daquele Grêmio. Terão estes jogadores, comissão técnica e direção a vontade e a coragem de recolocá-lo no lugar que sempre foi seu?
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Romildo e os 5 x 0

Eu até entendi o Romildo domingo. Mas não posso concordar com o que fez. Dizer que o Grêmio de domingo faria cinco no Rosário foi alimentar a gana do adversário.
Fez por querer?
Acredito que não. Foi uma surpreendente inabilidade em um homem que mostrou grande habilidade com as palavras e com a condução do clube.

Ou ele fez de cabeça pensada? Jogou a responsabilidade ainda maior nos ombros do Maicon e de seus comandados? Entregou um adversário mais mordido e perigoso do que seria para ver se os caras acordam?
Vai saber. Ou melhor: amanhã saberemos.

25 de abril de 2016

A sorte nem sempre acompanha os bons

Foto de Lucas Uebel/Grêmio FBPA

Uma eliminação que ninguém queria. Mesmo os que não estavam dando importância ao Campeonato Gaúcho, como eu, não gostaram da queda nas semi-finais para o Juventude. Somos torcedores, o coração fala alto, não tem como ficar indiferente. Uns ficaram indignados, outros lamentaram, outros ficaram apenas chateados.

Nesse turbilhão muitos falam que o Grêmio errou ao "escalar reservas" no jogo de ida. Ora! Volta de Quito, jogo contra o Toluca e dois dias depois jogo contra o Juventude. Ninguém é robô. A prioridade deve ser sempre a Libertadores. E ainda: Lincoln, Everton e Hermes muitos querem de titular, Pedro Rocha alguns. Reservas? Três ou quatro jogadores caracteriza time reserva? Geromel não ficou de fora por opção. Os que diziam dias atrás que o Grêmio tem o melhor elenco são os mesmos que reclamam dessa escalação.


O Grêmio tem um elenco bom. Tem um time titular com bons e ótimos jogadores. Mas falta sorte. Falta jogadores com espírito vencedor. 
Sempre que eu digo para meu pai que jogador X ou Y é azarado ele me diz que a sorte acompanha os bons. Por muito tempo acreditei nisso, mas o Grêmio de 2015 e 2016 me fez mudar esse pensamento. 


Giuliano, Walace, Ramiro, Luan, Bobô, Grohe, Henrique Almeida, Fred, Bruno Grassi, Marcelo Hermes e Maicon são bons jogadores, mas não possuem espírito vencedor. Não podemos culpar ninguém por isso. Quando se contrata, não se sabe se o atleta tem esse espírito vencedor ou não. Alguns ainda pode ser cedo para dizer (como os jogadores da base).
Por outro lado, ha jogadores de futebol que são ruins (ou médios) mas que são vencedores. Cito apenas um exemplo: Alecsandro. Gostando ou não dele, ganhou títulos por onde passou. 

Não falta qualidade, falta sorte. E conseguimos ver isso claramente quando o time joga bem, amassa o adversário, mas quando o chute é contra o nosso gol, bate no zagueiro e entra.


Avalanche Tricolor: que se danem!

Por Milton Jung

Gaúcho – Arena Grêmio


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Giuliano foi um dos destaques, na foto de LUCAS UEBEL/Grêmio FBPA

Foi-se a Primeira Liga.

E o Gauchão, também.

Que se danem estes aí!

Que venha a Libertadores!

Pois o que me importa está logo ali.

24 de abril de 2016

Agora o foco é a Libertadores


Grêmio 3 x 1 Juventude

Na véspera se viu o que se viu: Chico Colorado no apito não expulsou o cara que acabou fazendo o gol dos mazembados após receber do Paulão impedido. Tudo normal na terra do futebol chefiado por mafiosos.

E eu que sempre preconizei usar juniores dos juniores neste campeonato de cartas marcadas, sou obrigado a fazer post pós jogo.

Mas vida que segue.



Primeiro Tempo: 1 x 0

Eram 6 minutos quando, após cumprir um dever de pai, fui para a frente da tv. E para minha felicidade, estava 1 x 0 para o tricolor. Vi no twitter o golaço de Walace.
Mas eu vi o quase gol de Giuliano aos 11 minutos. Faltou pouco para a cabeçada entrar.
Aos 15 minutos lance perigoso a favor do Juventude, mas Grohe defendeu.
Douglas cruzou com perigo aos 17 minutos mas a zaga mandou para escanteio. Na cobrança, entrevero e quase o segundo.
Aos 30 minutos falta muito perigosa para o Grêmio, mas Douglas não deixou Fred bater e chutou na barreira.
Logo depois Bobô impedido mandou para o gol mas o bandeira marcou. Se fosse para outro timeco que jogou no sábado não seria marcado.
Outra jogada de perigo de Douglas aos 33 minutos foi mandada para escanteio. Na cobrança Bressan mandou a gol para milagre do goleiro. No rebote, sem goleiro, a bola bateu em Bressan e foi para fora.
Aos 36,5 minutos Luan entrava livre mas o bandeira marcou impedimento. Se fosse para outro timeco que jogou no sábado não seria marcado.



Ramiro deu uma sapatada de fora da área aos 39 minutos, mas a bola saiu raspando o travessão.
E Ramiro de novo chutou aos 41 minutos mas a bola desviou para escanteio. Na cobrança Walace de sem pulo quase marcou mais um golaço.
Aos 44 minutos, Luan, que não estava jogando nada, entrou a drible e mandou uma bomba para defesa do goleiro.
Aos 46 minutos Bressan chutou mal de fora da área. E terminou o primeiro tempo.
.....

Um primeiro tempo inteiro do tricolor que poderia ter terminado já com a vantagem necessária. Destoando, apenas Luan e Bobô, que mais atrapalharam do que ajudaram o time.


Segundo Tempo: 2 x 1

O segundo tempo começou como se queria. A 1:20 m um golaço de Giuliano. Mas a vida não é fácil para o Grêmio. Trinta segundos depois, em um chute despretensioso de fora da área, a bola bateu em Bressan e desviou de Grohe. 2 x 1.
Bobô furou em bela cruzada de Giuliano aos 7 minutos. Na sequência quase o empate.
Os momentos seguintes foram bem refletidos pela tuiteira:

Aos 9 minutos Luan de cabeça mandou por cima. E Miller entrou no lugar de Bobô.
E o careca com nome de veado francês picotando o jogo.
Aos 13 minutos Giuliano, de novo ele, entrou pela área e serviu Miller. Sem goleiro, o equatoriano só enfiou para o fundo das redes.
Aos 17 minutos quase o quarto gol. O goleiro fez dois milagres após Giuliano entrar a dribles. Na cobrança do escanteio Luan chutou mas a bola saiu pelo lado.
Aos 19 minutos chute de Douglas para mais um milagre do goleiro. Na sequência, Walace mandou de fora da área para outra grande defesa.
Aos 22 minutos um susto. Falta levantada na área e quase que o jogador adversário consegue desviar.
Douglas chutou para fora aos 25 minutos quando poderia ter trabalhado melhor a bola.
E aos 27 minutos Douglas, de novo, chutou de fora da área para defesa do goleiro. E saiu para entrar Henrique Almeida.
A pressão era quase insuportável.
Aos 36 minutos Lincoln entrou no lugar de Walace.
Luan bateu forte de fora da área, mas a bola saiu raspando aos 37:30 minutos.
Henrique Almeida perdeu um gol incrível aos 39 minutos. Chutou no goleiro na cara do gol.
E o tempo se escoando.
Miller entrou mas bateu para defesa do goleiro aos 43 minutos.
Aos 48 minutos o juiz, espertamente expulsou o jogador do Juventude. Certamente já pensando nas finais.
Aos 49 minutos Grohe cabeceou e o goleiro defendeu. E acabou.


......

Um primeiro tempo em que poderia ter sido 3 x 0 e foi 1 x 0.
Um segundo tempo em que logo depois do segundo, o time levou um gol. Mais uma vez de chiripa.
E depois foi uma pressão fortíssima. E o goleiro fazendo milagres. Ou os chutes saindo raspando.
Alguns momentos de afobação. Normal para as circunstâncias.
Mas luta sempre. Como se quer ver.
Faltou tranquilidade.
A desclassificação não foi hoje. Foi quarta com uma escalação equivocada e com as falhas de Grohe.
E a desclassificação foi também pela falta de malícia da direção que optou por valorizar um campeonato viciado de cartas marcadas.
No sábado operaram o São José.
Hoje, o juiz picotou o jogo quando precisava picotar.
Não lamento a saída deste torneio ridículo.
Se usarem a experiência para ir com força total na Libertadores, poderão reverter a frustração.
Deixemos este campeonato vagabundo e ridículo para quem não tem possibilidade de ganhar outra coisa.
_____

Como jogaram:

Marcelo Grohe: Nenhum trabalho no primeiro tempo. Sem falhas no gol. Nota: 6
Ramiro:
 Assumiu definitivamente a lateral direita
Nota: 7
Bressan: Muito boa participação no primeiro tempo
. Deu azar no chute em que a bola bateu nas suas costas e desviou do goleiro. Nota: 7
Fred: Deixou Douglas dar um carteiraço numa falta que era dele no primeiro tempo
. No mais, foi bem. Nota: 7
Marcelo Oliveira: De novo, mal defensivamente
Nota: 5
Walace: Um golaço espetacular. É um craque. Nota: 8 
Maicon: Faltou um pouco mais de efetividade no primeiro tempo. E no segundo também. Nota: 5
Giuliano: Boa participação no primeiro tempo. O melhor. Nota: 8
Douglas: Bem na armação. Uma cobrança ridícula de falta no primeiro tempo chutando na barreira quando Fred poderia marcar
. Saiu aos 30 minutos do segundo tempo. Nota: 7 
Luan: Um primeiro tempo horroroso, com exceção de uma jogada em que quase marcou. Melhorou um pouquinho só no segundo tempo. Nota: 5
Bobô: Muito mal no primeiro tempo. Saiu logo no início do segundo tempo. Nota: 4

.....


Miller (Bobô): Entrou e começaram a aparecer as chances de gol
Nota: 7
Henrique Almeida (Douglas): Perdeu o gol da classificaçãoNota: 4
Lincoln (Walace): Entrou na fogueira e luto. Mas não deuNota: 5


Roger: Não tem culpa pelo jogo de hoje. Seu problema foi o jogo anteriorNota: 6 
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Arbitragem:
 Jean Pierre Lima, auxiliado por Leirson Martins e Michael Stanislau - Está a cada vez se aperfeiçoando mais. Leva o jogo como quer sem parecer que está puxando para um lado. Na feição para os desejos do Novelhaco.

23 de abril de 2016

Há algo no Reino da Dinamarca - Parte 2

Como vimos na primeira parte desta matéria, após incomum demora em marcar-se o julgamento, William foi enquadrado no parágrafo mais favorável do código disciplinar . Deveria ter sido denunciado por lesão corporal grave, porém foi por agressão física, cuja pena inicial é a metade da atribuível ao caso. Pequenas ~desatenções~, ~descuidos~. Mas o grande lance anida estava por vir.

O trâmite normal de processos, após o julgamento, é a publicação do acórdão. Com isso, abrem-se para as partes os prazos para embargos e recursos. O SCI deu-se por intimado, inciando a contagem dos seus prazos e entrou com embargos antes de se iniciar a contagem de prazos para o Grêmio e para a Promotoria. Paralelamente, entraram com cautelar inominada para o Pleno, alegando demora no julgamento dos próprios embargos, pedindo efeito suspensivo. O pedido de efeito suspensivo foi indeferido, tendo por justificativa de que deveria ser feito no recurso. Assim, a primeira jogada não prosperou.

Na sequência, o SCI entrou com recurso. Aqui, entra em campo a Dinamarca de Hamlet. A boa condução do caso recomendaria que o recurso do SCI fosse mantido em espera, aguardando os recursos do Grêmio e da Promotoria. Assim sendo, a análise do mesmo teria a manifestação de todas as partes interessadas, guardando equilíbrio. Mas assim não foi. O prazo para recurso do Grêmio venceria no dia 18/04, e o prazo da Procuradoria sequer iniciara, pois esta ainda não havia sido intimada.

No dia 14/04, estando os autos incompletos, o presidente do TJ avocou o recurso para si e despachou, determinando o sorteio de um relator, para analisar o novo pedido de efeito suspensivo.

O julgamento se deu na 1ª Comissão Disciplinar. Atentemos ao que diz o Código Brasileiro de Justiça Desportiva, nos Art. 138, 138-A, 138-B e 138-C.


Atropelando o Art. 138-A: O órgão que expediu a decisão foi a 1ª Comissão Disciplinar. Cabia ao seu Presidente encaminhar os autos à instância superior (no caso, o Pleno do TJ). Obviamente, os autos seguiriam ao Pleno, após a manifestação de TODAS as partes. Na Dinamarca Hamletiana os recursos das outras partes não eram relevantes quando o processo foi avocado.

Atropelando o Art 138-B: Não foi feita análise prévia dos requisitos recursais (admissibilidade do recurso). A lembrar que o processo não continha as manifestações da Promotoria e do Grêmio.

Atropelando o Art. 138-C: Houve sorteio do relator (por coincidência, o sorteado foi um ex-conselheiro do SCI, que se licenciara para assumir o cargo no Tribunal). NÃO foi designada sessão de julgamento. NÃO foi determinada a intimação das partes. Autos NÃO foram oferecidos à vista das demais partes.

Tendo tomado conhecimento de tamanha vivacidade, o Jurídico do Grêmio, em busca de justiça, recorreu ao STJD. O trabalho dos nossos advogados foi brilhante e o despacho daquele Tribunal é um libelo contra a esperteza. Leiam a íntegra do despacho abaixo. Os grifos são do blog.

O art. 88 do CBJD dispõe que “conceder-se-á mandado de garantia sempre que, ilegalmente ou com abuso de poder, alguém sofrer violação em seu direito líquido e certo, ou tenha justo receio de sofrê-la por parte de qualquer autoridade desportiva”. No caso, pois, o impetrante apresentou diversos elementos que indicam que o Presidente do TJD/RS teria atuado de modo ilegal ou com abuso de poder, demonstrando, o impetrante, que corre sérios riscos de violação de seus direitos em decorrência da manutenção do ato impetrado.

Como se sabe, a demonstração do direito líquido e certo, em sede de mandado de garantia, por não admitir dilação probatória, reclama a prova pré-constituída, o que foi perfeitamente atendido pelo impetrante.

Como já mencionado no Relatório, estou convicto, pelo menos neste juízo sumário, porque demonstrado através de documentos pelo impetrante, de que a autoridade impetrada violou o art. 138-A, do CBJD, na medida em que foi insolente em tomar conhecimento do Recurso Voluntário e o remeter à instância superior, tendo cuidado apenas de apreciar o efeito suspensivo.

Além disso, tenho que, à luz do que consta nos autos, o efeito suspensivo concedido ao atleta do Internacional pela autoridade impetrada, pelo menos neste juízo liminar, foi totalmente despropositado, dada a gravidade da falta; há laudos que comprovam o dolo do agressor na falta, bem como a elementos que indicam que o agredido ficou mais de 30 dias se recuperando da lesão causada pela infração.

Assim sendo, penso que seja plausível o deferimento da liminar requerida, eis que, de fato, constato que o Presidente do TJD/RS recebeu o Recurso Voluntário do Internacional à revelia dos artigos 138, 138-A, 138-B e 138-C, do CBJD, dado que avocou arbitrariamente para si o processo (sem qualquer manifestação da 1ª Comissão Disciplinar neste sentido) e encaminhou ao relator para apreciação do efeito suspensivo ainda na fluência dos prazos para as demais partes.

Isso posto, DEFIRO a liminar para suspender o ato do Presidente do TJD/RS que encaminhou ao Relator o Recurso Voluntário do Internacional, bem como suspendo o efeito suspensivo concedido em benefício do atleta de mencionado clube, em razão da extrema gravidade da infração, e que o Recurso Voluntário tenha o devido trâmite na Comissão Disciplinar do referido Tribunal.
De Fortaleza para o Rio de Janeiro, em 16 de abril de 2016.

CAIO CESAR ROCHA
Presidente do Superior Tribunal de Justiça Desportiva

A fundamentação do despacho acima deixam a nu a ocorrência de uma monumental tentativa de favorecimento a um dos disputantes do Gauchão. Abortou-se no STJD um escândalo, cujo objetivo prático era ludibriar a decisão da 1ª Comissão Disciplinar, eximindo o agressor de cumprir a pena imposta, ainda que branda para a ação praticada.

Como costuma acontecer, afora a notícia de que o jogador tivera cassado o efeito suspensivo, pouco se repercutiu nas mídias sobre a manobra engendrada. Por isso, o blog faz mais este registro, para pontuar, uma vez mais, como certas coisas são tratadas no futebol gaúcho.

22 de abril de 2016

O pessimista da internet

É só o Grêmio perder um jogo que os pessimistas de internet aparecem. É um choro aqui e uma lamentação ali.

As redes sociais são tomadas por uma enchente de corneteiros enrustidos, que ficam esperando um resultado adverso pra destilar seu ranço.

"Grêmio não vai reverter o resultado contra o Juventude"
"Grêmio não passa pelo Rosário com essa zaga desfalcada"

Reverter o resultado contra o Juventude é difícil. Jogar com a zaga desfalcada pelo Geromel, é pior ainda. Mas nesses momentos o clube não precisa de torcedores pessimistas (alguns até oportunistas).

Fica aqui então o pedido: você, torcedor pessimista da internet, não vá ao jogo domingo e muito menos quarta, o time não precisa disso. Deixa pra quem quer apoiar.

#VamosGrêmio

Há algo no Reino da Dinamarca - Parte 1

Este blog já escreveu outras vezes sobre fatos ocorridos na esfera do futebol gaúcho, que nos deixam atônitos. Por exemplo estes fatos e estes outros.

Diante, mais uma vez, da inércia e falta de vontade de fazer jornalismo dos pseudo profissionais do esporte do Rio Grande do Sul, o blog foi atrás da história do efeito suspensivo concedido ao agressor do Miller. É o que contamos neste e no próximo post.

No dia 06 de março de 2016, foi jogado o Gre-nal 409. Logo aos 3 minutos da partida, o jogador William desferiu violento e proposital cotovelaço em Miller Bolaños (o vídeo abaixo não deixa dúvida quanto à intenção do agressor), causando dupla fatura no maxilar do atleta gremista. Após incomum demora, finalmente o julgamento foi marcado para o dia 31 de março, sendo adiado, posteriormente, para o dia 01 de abril. Aliás, aproveitamos para ressaltar algo que foi dito à náusea pelos defensores de William: observem que Bolaños não bate com o rosto no chão. Assim, a tese de que ele poderia ter fraturado o maxilar na queda é mais uma ficção criada no episódio.



Na denúncia, mais fatos estranhos. William foi denunciado com base no caput do Art. 254-A do CBJD (que prevê suspensão de 4 a 12 partidas), quando deveria ter sido enquadrado no parágrafo segundo (pena de 8 a 24 jogos), pois houve lesão corporal grave (vejam na imagem abaixo, os textos referidos).



Talvez por pressa ou preguiça, não houve a atenta leitura do Código Disciplinar, na formalização da denúncia. Aqui, cabe uma observação. Afora o tom jocoso do presidente e outros representantes do SCI, que chegaram a duvidar da gravidade da lesão sofrida por Bolaños, o jurídico daquele clube derivou pelo caminho da fatalidade nas suas argumentações. Vejam no excerto reproduzido abaixo, o argumento textual: "... se trata de um lance comum de jogo, mas que desta vez resultou em uma fatalidade".



Pode ser "lance comum de jogo" para o atleta em questão, flagrado usando o cotovelo em outros jogos nos quais atuou. Não é o que pensam os peritos que analisaram o lance.

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Na segunda parte desta matéria, a ser publicada hoje ou amanhã, detalharemos as circunstâncias da concessão do efeito suspensivo, que mostram omissões perfeitamente visíveis para quem tem olhos para ver insolência.

21 de abril de 2016

Um presente para quem valoriza este torneio ridículo

Juventude 2 x 0 Grêmio

Geromel com caxumba foi a bomba do dia. Há uma Lei de Murphy para o Grêmio: só jogador bom pega caxumba.
Certo que este assunto terá desdobramentos.
Aguardemos.


Primeiro Tempo: 0 x 0

Roger pôs um time misto em campo. Acertadamente na minha opinião.
E o jogo começou com o tricolor melhor. No primeiro lance quase que Pedro Rocha ficou na cara do goleiro.
Aos 6:50 minutos Grohe salvou o Imortal em cabeçada depois de cobrança de falta. No rebote a bola sobrou para outro atacante que mandou para fora. Foi o primeiro lance de gol do jogo.
Depois de um bom começo o tricolor passou a ser pressionado, mas respondia levando perigo. Como Everton aos 12 minutos chutando forte de fora da área. A bola foi para fora.
Bressan salvou uma jogada de perigo aos 13 minutos. E Grohe saiu da área para salvar outra meio minuto depois. E mais 30 segundos um chute forte de fora da área levou susto ao torcedor.
Foi então que retuitei:



O Grêmio respondeu aos 16:30 com chute forte de Pedro Rocha de fora da área. A bola passou rente à trave.
O jogo estava completamente aberto. A zaga mostrando insegurança pela falta de Geromel e o meio sem cadenciar o jogo.
Aos 22 minutos Pedro Rocha entrava área adentro e foi derrubado escandalosamente na entrada da área. O juiz deu falta. Mas para os caxienses. Surpresa? Até Batista acho que foi falta.
Aos 25 minutos contra-ataque. Wallace Oliveira deu na área para Lincoln mas a zaga mandou para escanteio.
No twitter havia pouca manifestação. E no whats, depois de discutirem tortura das 8 da manhã até a hora do jogo, os caras discutiam a caxumba do Geromel.
O Juventude perdeu um gol aos 28 minutos quando o atacante cabeceou para fora de dentro da pequena área.
Everton deu uma cacetada de fora da área que eu gritei gol, mas ela passou muito perto do ângulo, só que para fora. Um chutaço.
Aos 38 minutos, Everton não conseguiu dominar e perdeu boa chance após cobrança de escanteio.
Walace chegou bem na frente e cruzou aos 40 minutos mas conseguiu só escanteio. Na cobrança, outro escanteio pelo outro lado.
E o jogo foi se escoando para o final do primeiro tempo sem mais nada importante.

.....

Um jogo muito parelho em que ficou nítido o desentrosamento dos jogadores com tantas modificações.
Faltou mais posse de bola no meio. Posse de bola que é intensa quando Luan, Giuliano e Douglas estão em campo.
Qualquer um dos times poderia ter marcado mas o empate acabou sendo justo.
A lamentar a falta não dada em Pedro Rocha na entrada da área. Falta que seria um gol quase certo com Lincoln ou Fred cobrando.


Segundo Tempo: 2 x 0

O time voltou sem modificação para o segundo tempo. E voltou meio morno.
Aos 8 minutos Lincoln dominou e foi chargeado pelo adversário. Como bateu com o braço no pescoço do cara para defender o juiz deu falta contra o tricolor e amarelo para o guri. Sim, este juiz deu dois pênaltis mandrakes para o cocô-irmão contra o cruzeirinho o ano passado. Lembram?
O Grêmio só chegou aos 12 minutos. Fred bateu de fora da área e o goleiro pegou. Na resposta Grohe fez defesa muito difícil. E falhou miseravelmente na cobrança do escanteio. Deu um soquinho ridículo na bola que sobrou para o atacante do Juventude fazer 1 x 0.
Parece que estes caras gostam de viver perigosamente. Ficam ensebando até levar gol. E então saem desesperados atrás da merda que fizeram.
Lincoln, que não jogou nada, saiu para entrar Miller. E Luan no lugar de Everton.
Os verdelinos quase fizeram o segundo aos 23 minutos.
 Mas fizeram aos 23:40 minutos. Na cobrança de escanteio o jogador cabeceou de dentro da pequena área.
Fred bateu falta de longe no travessão aos 27 minutos.
Aos 28 minutos quase o terceiro.
Henrique Almeida finalmente entrou no lugar de Bobô que foi um fiasco. Tão fiasco que não foi citado no post até aqui. E eram 30 minutos. 
Aos 46 minutos uma jogada muito esquisita. Pedro Rocha caiu na área e o juiz, que dá pênalti à granel para os mazembados deu amarelo para o guri. 
E deu. Ou melhor: não deu.
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Um primeiro tempo razoável e um segundo tempo tempo lamentável.
Era necessário poupar jogadores? Era.
Precisava esperar tomar gol para mudar o time quando começou a jogar mal? Não precisava.
O time foi com o espírito de já ganhou? Foi pensando que era pura questão de querer ganhar o jogo? Se foi, os últimos anos não autorizavam a ter esta atitude. Especialmente porque o discurso é de que este campeonato ridículo é importante.
O que temos pra o domingo? Duas alternativas.
Alternativa 1: se esfalfar para reverter este resultado. Perfeitamente possível mas que poderá ter consequências terríveis para o jogo de quarta-feira na Libertadores.
Alternativa 2: entrar de sangue doce com provável eliminação e corneta merecida para quem valorizou um campeonato ridículo e de cartas marcadas.
Enquanto isto, vale a pena repetir o início deste post:
Geromel com caxumba foi a bomba do dia. Há uma Lei de Murphy para o Grêmio: só jogador bom pega caxumba. Certo que este assunto terá desdobramentos.

Aguardemos.

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Como jogaram:

Marcelo Grohe: Uma defesa espetacular no primeiro tempo. Falhou miseravelmente nos dois gols do adversário. Nota: 1
Wallace Oliveira:
 Atuação discreta. Não deslancha. Nota: 4
Bressan: É um bom zagueiro
. Mas tem culpa nos gols. Nota: 3
Fred: Um pouco lento. Sentiu a falta de Geromel
Nota: 3
Marcelo Hermes: Não repetiu partidas anteriores quando aparecia mais fortemente no ataqueNota: 4
Walace: Discreto, como se estivesse se poupandoNota: 4
Maicon: Capitão depressão eles dizem. Quase concordando. Nota: 2
Pedro Rocha: Boa movimentação. Sofreu uma falta não marcada quando invadia a áreaNota: 6
Lincoln: Um primeiro tempo muito apagado. E um segundo pior. Próprio de um guri estes altos e baixos. Um craque, mas hoje leva Nota: 3
Everton: Voltou bem, com belos chutes no primeiro tempo, Mas se apagou no segundo e foi substituídoNota: 5
Bobô: Um primeiro tempo ruim. E um segundo pior. Nota: 1
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Miller (Lincoln): Entrou sem nenhuma embocaduraNota: 4
Luan (Everton): Entrou para dormir no campoNota: 2
Henrique Almeida (Bobô): Muita vontade e um monte de faltas desnecessárias que mais atrapalharam do que ajudaramNota: 4

Roger: Empilhou atacantes quando tudo estava perdido. Nota: 2
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Arbitragem:
 Diego Real, auxiliado por Maurício Penna e Antonio Albornoz - não deu uma falta que era meio gol. No resto foi daqueles malandros que mina o time que quer minar e sai aplaudido. Mas não foi culpa dele a derrota. Embora tenha saído feliz.