12 de abril de 2013

Daniel Matador: A Indiferença dos Bons

E pastores nós seremos, por ti, meu Senhor, por ti. 
Poder vem de tua mão, que nossos pés possam suavemente executar teu comando. 
Então conduziremos um rio diante de ti, e transbordante de almas ele será. 
Em nome do pai. E do filho. E do Espírito Santo.
(Oração feita pelos irmãos McManus em Santos Justiceiros)





Caros

Em 1999 o diretor Troy Duffy juntou uns caraminguás e convenceu o já consagrado ator Willem Dafoe a atuar como coadjuvante de luxo em um filme estrelado por Sean Patrick Flanery e Norman Reedus, dois novatos. Flanery e Reedus são os irmãos Connor e Murphy Mcmanus, descendentes de irlandeses e residentes em Boston, que trabalham em um frigorífico e moram em um apartamento que mais parece uma pocilga. Ambos são muito religiosos e em uma missa ouvem o sermão do padre, o qual discorre sobre o verídico caso de Kitty Genovese, uma garota que foi esfaqueada até a morte nas imediações de sua casa. Nenhum vizinho ou transeunte ajudou-a ou sequer chamou a polícia, todos preferindo ficar alheios ao que ocorria. As circunstâncias de sua morte e a indiferença de todos chegaram a instigar o estudo do fenômeno psicológico que posteriormente ficou conhecido como Síndrome Genovese. No filme o padre ressalta que há um mal maior a ser temido do que a existência dos homens maus: a indiferença dos homens bons.

Ao defenderem um velho amigo dono de um bar, o qual estava sendo pressionado pela máfia para sair do prédio, ambos se envolvem em uma trilha de justiça que acaba por chacinar os bandidos da cidade. Dafoe faz o papel do agente do FBI que investiga o crescente aparecimento de corpos baleados, contando com a ajuda dos policiais locais, três manés que são fantásticos e garantem boas risadas. Os irmãos Mcmanus, movidos pelo sentimento de limpar a cidade do crime, começam a executar os mafiosos sem dó. E por vezes proferem sua famosa oração antes de aniquilarem algum criminoso. Ambos movem-se também pelas palavras do padre. Negam-se a permanecer apenas como homens bons indiferentes ao que ocorre e tomam as rédeas do destino em suas mãos. O filme tem inclusive uma continuação, feita dez anos depois, incrivelmente com o mesmo elenco. Ambos acabaram virando filmes cult e são imperdíveis.

Toda a torcida gremista ficou eufórica há algum tempo atrás com a chegada dos reforços que a diretoria trouxe para o time. Também pudera, visto que no ano passado as carências eram latentes e foram supridas com louvor em sua grande maioria, não obstante ainda existirem alguns “buracos” a serem preenchidos. Como ocorre em qualquer equipe de futebol do planeta, também no Grêmio existem posições onde o titular não é uma sumidade. Assim como existem reservas imediatos para titulares indiscutíveis cuja entrada em campo gera calafrios. É normal, até mesmo o Barcelona tem o Montoya (sofrível reserva de Daniel Alves), o Real Madrid tem o Arbeloa (perto dele o Pará é um craque) e o Manchester United tem o Danny Welbeck (que faz uma briga feia com o Willy Zé pra ver quem é pior).
Onde queremos chegar com esta comparação? Na óbvia constatação de que sabemos o limite do Pará, do Willy Zé e do Marco Antônio. Até meus cachorros sabem que não dá pra esperar muito deste pessoal aí. Valeu a intenção da Pitica em tentar injetar um pouco de ânimo no Marco Antônio com a cartinha virtual postada no blog. Mas não adianta, ovelha não é pra mato. Podemos utilizar toda a neurolinguística possível que jogadores deste naipe não irão render muito mais do que já rendem. Podemos até usar a mundialmente conhecida “técnica do joelhaço” do Analista de Bagé que não irá surtir efeito algum. O esquema deles é isso aí, é esse miojo mal temperado mesmo. No máximo dá pra enganar o estômago quando não tem mais nada na despensa.

O que apavora a torcida, entretanto, não é a falta de atitude deste pessoal citado. A torcida já vai para a Arena sabendo o que esperar deles. O que deixa a massa tricolor desiludida é a indiferença dos bons. Se não dá pra imaginar que Willy Zé drible dois zagueiros e coloque no cantinho, de jogadores como Zé Roberto e Vargas isso é esperado. Se sabemos que o chute do Marco Antônio é defendido com facilidade até pela minha vó, há a esperança de que um petardo do Barcos afunde o goleiro pra dentro das metas. Infelizmente não é isto que tem ocorrido e até mesmo aqueles que possuem reconhecido potencial não o tem demonstrado dentro de campo nos últimos jogos. Onde está o Barcos que driblava, armava e chutava? Já tive contusão semelhante à que ele alega e joguei normalmente, à base de anestésicos. Cadê o Zé Roberto que há pouco tempo atrás entrava a dribles na zaga adversária e metia gol com alta categoria? Certamente não sumiu, mas sua atitude nas últimas partidas não é esta, parecendo mais o Zinho da época em que era conhecido pela alcunha de "enceradeira".

Se há algum fator que está fazendo com que mesmo os bons jogadores do Grêmio não demonstrem brios e vontade em jogos importantes, que se descubra o que é e se trate de resolver. Certamente não temos os problemas que outros clubes notadamente possuem, como estrutura deficiente ou salários atrasados. Vou até mesmo sugerir para a Pitica que, para a próxima partida, não faça nenhuma cartinha para incentivar o Marco Antônio (até mesmo porque ele não deve jogar por estar contundido). Se o objetivo é chamar “na chincha” um ou mais jogadores do elenco, que se faça isso com aqueles que podem dar algum resultado. Que se incentive então o Zé Roberto, o Barcos, o Vargas, o André Santos, o Kleber ou qualquer outro que tenha condições de fazer a diferença. Se ainda assim não ocorrer nenhuma mudança de atitude, aí a coisa estará complicada mesmo. Porque o problema maior não é a morosidade dos jogadores ruins. O grande problema é a indiferença dos bons.

Saudações Imortais

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Ao meio dia post sobre as patifarias da gloriosa e briosa Brigada Militar.