No final da década de 70, um homem obstinado e apaixonado assumiu a presidência do Grêmio.
Obstinado, tinha como ideia fixa concluir o anel superior do estádio Olímpico. Apaixonado, o presidente não media esforços para fazer o alvo da sua paixão tornar-se cada vez maior. Trabalhou, trabalhou, trabalhou e trabalhou. Sossegou apenas quando viu o seu sonho materializar-se em concreto armado.
Em junho de 1980, o Olímpico tornou-se Monumental. A partir daquela década, vivemos glórias que, antes, só em devaneios poderíamos estar.
A data que não queríamos viver, chegou. O dia especial, único, histórico já raiou. Veio lotado de emoções, que ainda estão longe de atingir a plenitude. O ventre que gestou jogos mágicos está por se tornar uma lenda. As boas lendas são eternas. Elas viajam pelas gerações, ela crescem continuamente e elas tornam-se mais monumentais a cada relato.
O gol relâmpago de Iúra, o mortal interrompido de André Catimba, o cruzamento estratosférico de Renato, o grito ensurdecedor da torcida, o gol improvável trazendo a vitória extasiante, o estádio e a torcida fundidos em um único corpo alucinadamente vibrante... Todos estes símbolos estão por se tornarem sagrados, compondo capítulos de uma lenda imortal.
Tudo que já se escreveu sobre a despedida do Olímpico Monumental certamente ainda não é suficiente. Muitas palavras escritas ainda virão. Lá em março de 2010, o Bonatto rebatizou o nosso querido estádio de Velho Casarão. Eu, no dia em que jogaremos o último jogo oficial do nosso querido e velho casarão, roubo um espaço no blog para registrar o meu agradecimento ao homem que o concluiu: o extraordinário gremista Hélio Volkmer "Monumental" Dourado, pela vida dedicada ao nosso Grêmio, pelo nosso primeiro título nacional e pela obra que serviu de plataforma para alçarmos os nossos maiores vôos. Também para dizer a ele que a torcida compartilha da mesma dor, embora a sua tenha uma amplitude que certamente nunca conseguiremos mensurar. Obrigado, monumental Presidente Hélio Dourado, o senhor, tanto quanto o Olímpico, jamais se apagarão das nossas lembranças.
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Nota: O Estádio Olímpico, projetado em 1950 por Plinio Almeida, Rogério de Castro Oliveira e Fabio Boni, foi construído, em sua primeira etapa, na gestão de Saturnino Vanzelotti (1949-1954).