“Quem quer que esteja fisicamente bem preparado, pode fazer coisas incríveis com seu corpo. Mas quem junta a um corpo em forma uma cabeça bem cuidada, é capaz de feitos excepcionais.” (Alexander Popov, melhor nadador da Olimpíada de 1996)
O resultado do jogo de ontem foi um fiasco. O Grêmio não jogou nada. O desempenho dos jogadores foi pífio. Ridículo. Um verdadeiro desastre.
Esse meu sentimento basicamente resume aquilo que todo torcedor gremista disse ou gostaria de dizer após a má partida de ontem.
Mas eu não esperava nada diferente disso. Acho muito natural que isso tenha acontecido e já adianto que não estou nem um pouco preocupada com o fato. Não, mesmo! Simplesmente, porque o Grêmio que esteve em campo ontem não foi o Grêmio que vinha jogando e obtendo êxito no Campeonato Brasileiro.
Vejo dois fatores como definitivos para avaliar a pouca produtividade do Imortal Tricolor em Curitiba.
Primeiro: estivemos desfalcados de três jogadores que são basilares na equipe. Rhodolfo, Souza e Ramiro são primordiais, além de estarem completamente entrosados entre si e com os demais jogadores. Seria ingenuidade pensar que Adriano e Matheus seriam substitutos à altura. Mesmo que fossem tecnicamente superiores, não estão no mesmo ritmo competitivo dos demais. Rhodolfo, nem é necessário lembrar, é a grande referência defensiva da equipe. É o grande guardião da meta tricolor e uma liderança que orienta e estabiliza o grupo com sua segurança e firmeza.
Segundo: na minha visão, o principal fator para o mau jogo de ontem foi o estresse emocional e físico do grupo. Ninguém sai imune ao turbilhão de emoções e tensões vividos na última quarta-feira. O nível de estresse foi imenso. A quase desclassificação na Copa do Brasil e a reversão da expectativa exigiu um esforço hercúleo dos atletas. Ninguém saiu inteiro daquela jornada. Como os jogadores ainda são seres humanos, eles agem como tal e padecem de suas consequências.
Acredito firmemente que todos estão muito embuídos do sentimento de que é necessário dar um grande título para a fanática torcida gremista. Após o esforço e a tensão empregados na partida contra o Corinthians o grupo experimentou uma espécie de relaxamento físico e mental inconsciente. Mesmo porque o corpo e o cérebro humano necessitam de um certo tempo para se recompor.
Atualmente, a ciência nos mostra que fatores estressores comprometem diretamente no desempenho físico e mental dos atletas de alta performance, como podemos ler a seguir:
“O impacto do stress sobre atletas inclui prejuízos como rigidez no desempenho e no raciocínio, redução na habilidade de analisar situações complexas e de manipular informações de forma adequada, dificuldade para concluir tarefas e redução da acurácia. Além dos efeitos individuais, o stress pode afetar de forma negativa o funcionamento do indivíduo em atividades de grupo, com redução da qualidade de comunicação e com tomada de decisões incorretas (Kavanagh, 2005). A exposição prolongada a determinados estressores pode ter consequências negativas graves, como a exaustão profissional (Taylor, 2009).”
O jogador que melhor encarnou esse espírito desgastado foi Pará. Não bastasse a má sorte ao fazer gol contra logo no início da partida, perdeu o equilíbrio ao cometer uma falta muito forte que poderia ter consequências graves ao adversário e que provocou sua expulsão.
Fazem muito bem o técnico Renato e a direção em blindar o grupo. O momento é de recompor as forças e fazer uma remobilização para recuperar o foco perdido. Não é o melhor momento para atirar pedras , mas sim para confiar e apoiar os jogadores.