Caros
Poucas vezes temos a possibilidade de viver momentos únicos em nossa vida. Por mais dinâmica que seja a rotina de qualquer pessoa, situações e datas marcantes sempre existirão. A noite da última quarta-feira na Arena do Grêmio foi um destes dias que ficou marcado para sempre na vida de muitos gremistas. Todo aquele tricolor que fez-se presente no Humaitá soube disto. Se antes do jogo o céu resolveu cair do firmamento em forma de tempestade, à medida que a Arena lotava de camisas azuis, pretas e brancas, esta mesma chuva arrefecia seu ânimo, como que intimidando-se ante tamanha demonstração de força. E o que ali ocorreu já tornou-se lenda.
Assim como o mítico Harry Houdini, o maior astro que o mundo da mágica já produziu, o time do Grêmio fez demonstrações que beiravam a insanidade. Do mesmo modo que o famoso mestre das escapadas apresentava em seus shows, todos vivenciaram ali uma série de atos que desafiaram a morte. Mesmo com o risco de tomar um gol do adversário, o que seria trágico no jogo da volta, o tricolor lançou-se ao ataque. Vargas perdeu a chance de fazer explodir a massa gremista no primeiro tempo ao chutar com muita força uma bola que pedia para ser colocada nas redes. Era para ser de chapa, não dar um bago. Mas ele é guri, tem tempo pra aprender. Ou não, visto que conseguiu também perder um gol feito na segunda etapa, cara a cara com o goleiro. Pará Mito foi uma usina atômica, correndo o jogo todo e avançando várias vezes para o campo defensivo alvinegro. Se fosse um pouco mais habilidoso, poderia consagrar-se na lateral direita. Souza parecia querer desfazer a imagem ruim deixada no último jogo e conseguiu com sobras. Foi um leão durante toda a partida. Houve luta e entrega durante todo o tempo.
E o jogo prosseguiu assim até o final, com o Grêmio dominando e o Corinthians não chutando uma única bola a gol. Dida inclusive ficava realizando aquecimento, a fim de não perder o ritmo (SÉRIO, é verdade, eu vi!!!). E o juizinho meia-boca não quis comprometer-se, encerrando a partida e levando a decisão para os atos finais. Os verdadeiros atos que desafiaram a morte. Até mesmo porque a perda dos dois primeiros tiros diretos protagonizados por Barcos e Alex Telles baixou uma aura negra sobre a multidão. A morte estava ali em forma de desclassificação. Até que a redenção veio pelas mãos do sereno Dida. O goleiro predestinado que sabia que aquela seria sua noite. A noite onde ele novamente seria consagrado. E ele desafiou a morte. Mandou ela de volta. Não seria hoje que ela faria seu trabalho. O Grêmio vive.
Mas não apenas esta série de acontecimentos mágicos foi a responsável pela sofrida e inebriante vitória tricolor. Perfilados lado a lado, os dois maiores ícones deste blog, Arigatô e Seu Algoz, acompanhados deste humilde escriba, contemplaram os acontecimentos de uma noite épica em Porto Alegre. Esta será marcada como a noite em que o futuro do Grêmio em sua nova casa começou a acontecer. Agora ninguém segura o Grêmio!