16 de março de 2014

Daniel Matador: Fúria ao entardecer

Caros


Escrevo este post durante meu café da manhã dos campeões, devorando empadão de frango com café. Comer carne no café da manhã talvez seja uma das características que diferencie os homens dos garotos. Quase como se fazia nos filmes do velho oeste, do qual todos que nos acompanham já conhecem minha predileção. Pois recordei-me justamente de uma história clássica para sintetizar a situação que vislumbro hoje em que o Grêmio possui um jogo pelo nada charmoso ruralito. O ensino de história nas escolas é muito fraco, razão pela qual poucos conhecem situações que fogem ao comum. E que acabam sendo conhecidas apenas por aqueles que buscam o conhecimento em outras fontes.

Nos EUA, os irmãos Reno saquearam, queimaram e mataram nas proximidades das fronteiras ao sul do estado de Indiana, em 1866. Foram os responsáveis por estabelecer quase um padrão de conduta para os criminosos do velho oeste. Em 1955 o diretor Tim Whelan levou às telas a história destes irmãos no excelente filme Fúria ao Entardecer. Frank, Sim, Bill e John eram temidos em toda a região e formaram a primeira quadrilha de assaltantes de trem da história americana. Havia ainda um quinto irmão, Clint, porém este era um fazendeiro que preferiu não misturar-se com os fora-da-lei. Mas o detalhe que chama mais atenção é que os irmãos dificilmente eram presos ou condenados, graças ao fato de estarem mancomunados com o corrupto juiz Hawkins. Até que James Barlow, um agente da lei que é enviado para acabar com a quadrilha, infiltra-se na mesma para dar fim a tudo isto. Grande interpretação de Randolph Scott, um dos maiores atores de faroeste da história. Recomendo assistir.

Pois justamente por conta da decisão de juízes, o Grêmio foi alijado de jogar uma partida na Arena às 16 horas de um domingo, o mais clássico horário para o futebol. Mesmo tendo identificado o autor do disparo do rojão no Estádio Alfredo Jaconi, durante a partida contra o Juventude, o clube foi punido. Decisão no mínimo revoltante, que tira do torcedor o privilégio de assistir o jogo em seus domínios, no conforto do mais moderno estádio de futebol das Américas. E joga a partida para um local que apenas quem ainda não tem estádio pronto é acostumado a jogar, o famoso Camp Nóia, do Novo Hamburgo. Menos mal que já retiraram as referências rubras que maculavam o local, originalmente nas cores azul e branco.

O time deverá ser composto por reservas e candidatos a titular. Grande possibilidade de assistir a Tiago Machowski, o qual considero o melhor goleiro do elenco e está inscrito no grupo da Libertadores. Tinga e Breno devem ocupar as laterais, com Bressan e Geromel fazendo a dupla de zaga. Matheus Biteco deve ganhar a companhia de Leo Gago na volância. Na meia, Maxi Rodriguez tem chance de mostrar que pode render o que já havia apresentado no final do ano passado. E Alán Ruiz junta-se a Dudu, ambos candidatos a ocupar a vaga aberta por conta da lesão de Zé Roberto já para o próximo jogo da Libertadores em Rosario, contra o Newell’s Old Boys. E o garoto Everaldo fecha o time compondo o único atacante. Não ocorrendo maiores mudanças, este deve ser o retrato do time que terá de se deslocar até o Vale do Sinos para cumprir uma injusta punição. Assim como no filme que dá título a este post, a torcida como um todo deve estar furiosa por ter de acatar este tipo de desmando. Eu, ao menos, estou. E extravasarei minha fúria ao entardecer assistindo o jogo das arquibancadas do Camp Nóia. Não adianta mancomunarem-se para minarem nossa força. Jamais nos matarão.

Saudações Imortais