“Só existe um deus e seu nome é Morte. E sabe o que dizemos para o deus da morte? Hoje não.”
Syrio Forel, personagem criado por George Martin, em Crônicas de Gelo e Fogo - Livro Um: A Guerra dos Tronos
Caros
Após mais uma partida espetacular pela Libertadores da América no meio da semana que passou, com direito a enfrentar time argentino em seus domínios e fazer gol no finalzinho, eis que nossas atenções voltam-se, ainda que apenas de soslaio, para o insosso ruralito. E é justamente neste campeonato meia-boca que o tricolor poderá finalmente jogar uma partida na Arena às 16 horas de um domingo, o mais tradicional horário do futebol brasileiro. Já nem falo mais nos nebulosos critérios utilizados pela federação gaúcha de futebol (em minúsculas, propositadamente) para definir as datas e horários de jogos do Grêmio nas competições que a mesma organiza. Até porque temos aí dois fatores que são levados em consideração. Um deles é a já sabida predisposição de auxiliar outra agremiação. Sim, pois por mais que existam casualidades, é estatisticamente impossível fazer com que a diferença de distâncias percorridas entre o Grêmio e o outro clube da capital nos jogos do interior desde 2011 seja de 4200 QUILÔMETROS!!! Sim, estamos falando aqui apenas da DIFERENÇA percorrida nas “maravilhosas” estradas do interior gaúcho!!! Azar que o Grêmio esteja disputando a Libertadores da América, o importante é favorecer terceiros. Mas eu devo ser paranóico.
O outro fator, e esta é uma informação de cocheira, diz respeito ao fato de que os presidentes de clubes do interior sempre preferem que o Grêmio vá jogar em sua cidade. E isto não significa que o objetivo seja alguma facilidade para vencer a partida por conta de jogar em sua casa. O que importa neste estratagema é única e tão somente o dinheiro arrecadado com a bilheteria. Já foi mais do que provado que um jogo de uma equipe do interior contra o Grêmio lota qualquer estádio. Ao contrário de uns e outros por aí, que mal conseguem colocar meia dúzia de gatos pingados. A presença do Grêmio é garantia de casa cheia sempre. A pré-temporada em Bento Gonçalves foi uma pequena amostra disso, onde até mesmo jogo-treino com cobrança de ingresso teve público superior à maioria dos jogos oficiais do ruralito. E uma arrecadação destas é ouro para as combalidas finanças dos clubes do interior. Que logicamente retribuem o “agrado” mantendo os mandatários que os ajudam desta maneira em seus postos.
Pois o Grêmio irá enfrentar, por capricho do destino, a equipe do Juventude, a qual é treinada por um ex-ídolo gremista. Roger foi o senhor absoluto da lateral esquerda tricolor durante uma década inteira. Fez parte de esquadrões míticos que foram multicampeões e ergueram taças em profusão. Foi cria das categorias de base do clube, chegando a ser convocado para a seleção brasileira. Desde aquela época sempre diferenciou-se por ser um jogador mais cerebral do que a média. Não foi surpresa quando, ao encerrar sua carreira nos campos, iniciou uma preparação para assumir outras atividades ligadas ao futebol, porém na casamata. E o mesmo Grêmio que o criou foi o clube que o acolheu no início desta empreitada. Por conta do momento, Roger desligou-se recentemente do tricolor para ser treinador do Juventude. É muito provável que venha a ter uma exitosa carreira comandando equipes de futebol e sagrando-se vitorioso.
Para aqueles que acompanham os seriados produzidos pelos canais a cabo, os próximos dias serão de muita expectativa. Está prevista para estrear em 6 de abril a quarta temporada da consagrada série Game of Thrones, um dos maiores sucessos televisivos dos últimos anos. Para além da série, sempre recomendei a leitura dos livros que originaram a mesma, cuja coleção já conta com cinco volumes (de sete previstos) e denomina-se As Crônicas de Gelo e Fogo. O primeiro volume chama-se A Guerra dos Tronos e acabou dando nome à série da televisão. Um dos personagens é Syrio Forel, um espadachim instrutor, o qual orienta a filha de um nobre no manejo da espada, a fim de que ela possa defender-se em ocasiões futuras. E uma das frases que ele profere para que a menina não venha a temer a morte em uma contenda é sintomática: “Só existe um deus e seu nome é Morte. E sabe o que dizemos para o deus da morte? Hoje não”.
Sinceramente, torço muito para que Roger tenha todo o sucesso do mundo em sua nova profissão. Só que nesta tarde de domingo quem irá pisar o gramado da Arena será o Grêmio. O senhor soberano da Arena é o mandante do espetáculo. Só isso já faz com que torçamos contra quem quer que esteja do outro lado, independentemente de quem seja. Se o Papa Francisco montar o time do Vaticano para jogar contra o Grêmio, lá estarei eu torcendo contra e gritando para o Edinho dar carrinho em algum cardeal. Pouco importa que seja pelo ruralito. Pouco importa que seja um ex-ídolo que esteja do outro lado. Minha torcida é e será sempre pelo azul, preto e branco. É possível que algum dia Roger possa até mesmo sair vitorioso da Arena. Algum dia. Hoje não.
Saudações Imortais
