29 de março de 2014

Daniel Matador: Jamais nos calarão

"Eu digo a vocês", respondeu ele; "se eles se calarem, as pedras clamarão."

Lucas 19:40

Caros

E chegamos finalmente ao embate que todos aguardavam. Neste domingo a Arena receberá a primeira partida da final do ruralito, disputada entre o Grêmio e o clube que é ajudado pelos governos. Um conhecido jornal da capital gaúcha, que vamos chamar aqui de Jornal Aquele, entrevistou o árbitro da partida, o conhecido apitador Leandro Vuaden. Dentre todas as perguntas, a última deixa uma interessante interpretação. Vamos atentar para a pergunta e a respectiva resposta do árbitro:

Jornal Aquele — Será o primeiro Gre-Nal após a questão envolvendo o Márcio Chagas da Silva em Bento Gonçalves. Qual será tua atitude em relação a possíveis cânticos de cunho racista?
Vuaden — O momento atual é delicado. Esse cântico não é um fato novo, é antigo. E nunca se teve repressão a isso. Ele sempre foi entendido como cântico do jogo. Nunca racista. Mas o momento atual é delicado. Poderíamos usar o bom senso e não se cantar nada que dê margem à interpretação de racismo. Se eu entender que isso interfere e é um ato ofensivo vou repreender e, se for o caso, parar o jogo. Acredito no bom senso e na educação das pessoas. Eu não sou só contra o racismo dentro do campo. Eu sou contra o racismo 24h do meu dia. Isso o que está acontecendo é uma injustiça.”
Ou seja, a reportagem do Jornal Aquele já condiciona o entrevistado, especificamente ao questionar afirmando que há a possibilidade de cânticos de cunho racista. E cita isso sem ter a mínima noção ou saber se aquilo que afirma é uma verdade. Acaba afirmando que há possibilidade de algo que não acontece. Não entraremos aqui na discussão sobre este tema, pois é por demais polêmico e não pretendemos desviar o foco do futebol. O que está em jogo é a forma como a torcida se manifesta. E aí cada cabeça pode ter uma sentença. Se quisermos partir para a reciprocidade, é muito fácil localizar músicas com ofensas à torcida tricolor e mesmo à instituição. Como este por exemplo:

Sempre louco atrás do gol
Acendendo um do bom
Eu voou
Matar um puto tricolor

E depois de me chapar
A cerveja acabar
Eu voou 
Matar um puto tricolor 

Vaamo Inter 
Hoje temos que vencer 
Vaamo Inter 
Hoje temos que vencer 



E aí? Estes jornalistas nunca ouviram este cântico? Caso a torcida moranga resolva cantá-lo o juiz também parará o jogo, como ele mesmo prometeu? É certo que não fará.
Não fará porque no mundo em que vivemos não podemos chamar de macaco os torcedores de um time que tem como mascote, adivinhem? um macaco. Mas pode-se fazer apologia a drogas, demonstrar homofobia e inclusive ameaçar homicídio. Isto se não for a torcida do Imortal, deixemos bem claro.

Portanto, amigos gremistas, saibam que (caso ainda não tenham percebido) após a classificação o Grêmio vem sendo bombardeado e jogam condicionantes para minar os ânimos da equipe tricolor. A entrevista com o árbitro nesses momentos decisivos e com perguntas condicionantes é um retrato do que temos vivido. Só que ninguém pode querer ter a pretensão de ensinar uma torcida a torcer, muito menos um árbitro. Ameaçar parar o jogo é uma atitude totalmente contraproducente e burra. É possível fazer um apanhado bem rápido de motivos para paralisar praticamente todos os jogos por conta de gritos de torcida daquela natureza, anexando as músicas de cunho preconceituoso que praticamente todo mundo conhece. Mas sei que neste domingo a o que interessa é que a torcida cantará da forma que bem entender, empurrando o time para voos maiores neste ano.

Aqui cabe um apela à torcida do Grêmio: não se deixem condicionar pelo que a mídia tenta aplicar. Jamais admito que me chamem de racista ou algo do gênero, visto que minhas atitudes sempre foram de repúdio ao preconceito. E acredito que boa parte da torcida pense o mesmo. Contudo, parece haver uma massa de manobra que já  se deixou influenciar e acredita que os cânticos devem ser mudados ou eliminados. Não é assim que funciona, não é assim que deve funcionar. E neste domingo a Arena será palco da primeira final de campeonato que o Grêmio disputa nela. Portanto, razões de sobra para comparecer à cancha e entoar teu grito de guerra. Do jeito que tu quiseres. Da forma mais alta possível. Jamais nos calarão. E, se mesmo isso ocorrer, até o concreto da Arena clamará pelo tricolor.

Saudações Imortais

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Nota do seu Algoz - Pela primeira vez mexi num texto do Daniel. Fi-lo porque qui-lo é claro. Mas falando sério: O Daniel havia omitido o cântico morango no texto. Eu achei fundamental colocá-lo na íntegra para que os juízes tomem consciência dele e não possam alegar desconhecimento e para que os i$ento$ se convençam de uma vez por toda que ninguém aqui é bobo.