1 de maio de 2014

Vamos mudar?


* O texto abaixo foi enviado pelo leitor Jonas Bernardes Silveira

Chegou a hora... Não podemos mais culpar as derrotas na sorte do adversário, o adversário não teve sorte, teve competência. Eles marcaram um gol no primeiro jogo e deixaram que o Grêmio se desclassificasse sozinho. Não jogamos futebol por 150 minutos dos 180 disponíveis, enrolamos, e produzimos apenas o suficiente em trinta minutos pra não passar vergonha.

O Grêmio segue perdendo dessa forma. Só na Libertadores, temos 36% de aproveitamento em mata-mata quando perdemos a primeira partida. Por que será?
Será pelo uso do clichê “voltar vivo”? Será pela fé no “podemos reverter”? Os fatos apontam que “voltamos 64% eliminados” e “tínhamos 36% de chances de reverter”. Se meu médico me dá 36% de chances de sobreviver, morro na hora... de pavor.
Todos são livres pra pensar que o Grêmio “quase se classificou”, isso é a mais absoluta verdade. O problema é somar tantos “quases” e ver que as contas não sustentam a nossa fé.
Uma coisa ficou clara, o time dos trinta minutos finais tinha totais condições de atropelar o San Lorenzo. O time dos trinta minutos finais no confronto contra o Santa Fé tinha totais condições de fazê-lo também. Seguimos perdendo, no entanto.

Proponho uma mudança: vamos parar de pensar no futebol do meio pra trás, vamos cobrar que o time seja “aguerrido e bravo” do meio pra frente, onde podemos decidir a partida.
É duro ser eliminado tomando dois gols na Libertadores. Oito partidas, nove gols marcados e dois sofridos. Caímos, obviamente, por um gol que não fizemos... Não posso culpar a defesa por sofrer 0,25 gols por jogo.
Tenho que assistir um time perdendo a vaga, mas que entra em campo com três volantes, pra “ter paciência”, não pra conseguir a classificação. Fomos controlados por mais quarenta e cinco minutos e o treinador voltou com o mesmo time. Foi só mudar, ainda que tarde demais, para o Grêmio finalmente começar a disputar a vaga.

É nesses momentos que me pergunto, por que aturamos jogadores que não contribuem do meio pra frente? Por que não temos paciência com os jogadores que podem marcar gols e decidir partidas? Por que aceitamos que nosso treinador se acovarde e apequene o clube?
Não tenho dúvidas que Pará não tem condições de jogar no Grêmio. Quantos passes pra trás ele deu hoje? De que nos serve um passe pra trás? Essa “paciência” é o que está nos matando. Vi Werley, jogando na lateral por dez minutos, acertar um cruzamento de primeira. Pará passa meses sem fazer isso.
Não quero culpar Barcos, Maxi, Dudu, Rodriguinho... Criamos duas vezes mais chances com eles em campo, em trinta minutos, que havíamos criado nos cento e cinquenta anteriores. Não devemos crucificar um jogador por errar duas chances; devemos crucificar o treinador por escalar uma equipe que cria duas chances quando tem peças pra escalar outra, que crie dez.

Vamos seguir acreditando nesses clichês? “Voltar vivo”, “ter cautela”, “ter paciência”, “dar continuidade”... Quero ver o Grêmio atacando, matando os adversários na Copa do Brasil, não esperando pra morrer! Quero disputar o título brasileiro, não “voltar com um pontinho na bagagem”, “um pontinho” é 33% de aproveitamento. Chega de resultados ruins que “foram bons, considerando as circunstâncias”. Resultado ruim não é bom, é ruim. Se fosse bom, seria bom, não ruim. Bom e ruim, todos sabemos, são antônimos. Se alguém ainda tem dúvidas a respeito, posso desenhar.

É hora de ir pra cima, de colocar os garotos pra jogar, de chacoalhar o vestiário. Não posso acreditar que seguiremos fracassando sem alterar alguma peça de comando, não quero crer que Fábio Koff concorde com meu treinador, que disse que estamos no “caminho certo”. Essa trajetória descendente não deveria ser o “caminho certo” pro Grêmio, e estamos rolando barranco abaixo, em chamas.
Precisamos exigir certas mudanças do Grêmio, mas antes é essencial que o torcedor mude junto. Não sei se alterar nossa postura trará resultados imediatos, mas tenho certeza que “dar continuidade” aos nossos erros não trará resultado algum. Precisamos aposentar esses clichês (e o Pará), nosso sucesso depende disso.