Por Milton Jung
Grêmio 2 x 0 Campinense
Copa do Brasil – Arena Grêmio
“A água mole cava a pedra dura”, escreveu Ovídio dois milênios atrás, frase que ganhou variações conforme a cultura, mas sempre para enaltecer o perseverante, virtude dos vitoriosos. As conquistas vem desse esforço às vezes incompreensível. Esta insistência que está atrelada a paciência tende a ser premiada ao final, desde que moldada pelo talento e inteligência. Aqui no Brasil, o provérbio criado no latim transformou-se no verso “água mole em pedra dura tanto bate até que fura”. Ou, em bom português: insiste que dá. E não é que deu!
Foram necessários 63 minutos, mas nossa insistência em atacar, chutar e tentar foi premiada não apenas com um, mas com dois gols na partida de ontem à noite, pela Copa do Brasil. Fazia tempo que não via a gente se esforçar tanto para chegar ao gol. Jogadas bem construídas, troca de passe relevante, chegada de nossos alas na linha de fundo e nossos meias se aproximando dos atacantes na área: este somatório nos permitiu chutar pela direita, pela esquerda, por baixo, por cima, colocada, no travessão, nas mãos do goleiro , no peito do adversário … só não conseguíamos chutar na rede.
O futebol que nos levava na cara do gol, não parecia capaz de nos levar a fazer o gol. E isto é um perigo neste esporte sempre cheio de frases prontas a serem executadas. “Quem não faz leva”, logo passaram a lembrar alguns. E o pior cenário apenas não se desenhava porque o adversário não tinha competência para superar nossa defesa, mais uma vez bem posicionada. Escapou uma ou duas vezes, não mais do que isso. Mesmo com baixo risco, classificar-se à próxima fase da Copa só com um empate em casa seria frustrante.
Justiça se fez no segundo tempo. Primeiro no gol de Douglas, que curiosamente só marcou porque dois dos nossos desperdiçaram a jogada, na sequência; e depois no de Lincoln, já nos acréscimos. Mas, principalmente, no excelente futebol de Yuri Mamute, que entrou para desequilibrar a partida, novamente. Verdade que ele também perdeu seus gols e jogadas. Mas assim como todo o time não se desesperou por causa disso, apenas continuo lutando na crença de que seria recompensado. Ao deixar o campo, consagrado mais uma vez, nosso jovem atacante ainda teve tempo de demonstrar equilíbrio: “sou titular entre os 18”.
Mamute deve voltar ao banco no próximo jogo. Braian Rodriguez continuará sendo escalado como titular até porque ele, Luis Felipe e toda a torcida do Grêmio sabem que “un goteo constante puede erosionar una roca”. E nossa paciência é Imortal!