“Eu não sei se você já ouviu falar de mim, mas eu era chamado de Wako
Kid.
- Wako Kid? A mão mais rápida do oeste?
- Do mundo.
- E o que aconteceu?
- O caso é que todo mané que nasceu nestas terras que sabia segurar uma
arma aparecia na cidade para desafiar Wako Kid. Eu acho que matei mais homens
que Cecil B. DeMille. Era monótono. Até dormindo eu ouvia a palavra “saque”.
Mas, um dia, eu estava só e andando, e aí ouvi uma voz atrás de mim dizendo “se
defenda, senhor”. Eu me virei e aí fiquei cara a cara com um guri de seis anos
de idade. Aí larguei minhas armas e fui embora. Mas o moleque me atirou no
traseiro!”
Diálogo clássico entre o xerife Bart e Wako Kid, no épico filme Banzé
no Oeste.
Caros
Em 1974, o aclamado diretor Mel Brooks lançou um dos mais clássicos
filmes de comédia já produzidos. Banzé no Oeste era uma sátira aos filmes de
caubói, além de enfatizar várias críticas sociais de forma disfarçada (ou, por
vezes, nem tão disfarçada assim). Cleavon Little interpreta o xerife Bart,
protagonista do filme, que tenta estabelecer a ordem em uma cidade do velho
oeste e a única ajuda que recebe é a de Wako Kid, papel de Gene Wilder. Wako
Kid é considerado o mais veloz pistoleiro do mundo. E, por conta disso,
qualquer zé ruela queria desafiá-lo para um duelo, apenas para ter a chance,
mínima que fosse, de derrotar o maioral. Este é daqueles filmes que se assiste
várias vezes e ele não enjoa.
Pois hoje teremos a volta dos maiorais. Grêmio e Felipão, o clube e o
técnico com os melhores retrospectos na história da Copa do Brasil, uniram-se novamente
para mostrar ao país como se joga esta competição. Só que este torneio é
traiçoeiro. Tão traiçoeiro que permite que até mesmo equipes menores consigam,
por vezes, surpreender os grandes e até, por vezes, erguer a taça de campeão. Apesar
de que nenhum destes clubes menores conseguiu este feito por mais de uma vez.
Vide os casos de Criciúma (que, na ocasião, tinha o atenuante de ser treinado
por Felipão), Juventude (que avançou à final goleando times em sua casa), Santo
André, Paulista de Jundiaí e outros que até hoje permanecem na condição de
aberrações do torneio, os famosos “monocopa”.
Felipão comandava o Grêmio no bicampeonato da Copa do Brasil em 1994. |
As primeiras fases da Copa do Brasil, via de regra, servem justamente
para que estes clubes menores tenham a chance de enfrentar os grandes. Aqueles
que não levarem a sério a disputa correm o risco da eliminação precoce. E este é
o maior desafio gremista hoje. O Campinense da Paraíba, adversário desta noite,
não é um clube de grande expressão no cenário nacional. Mas, assim como
qualquer outro nesta situação, jogará a partida de sua vida pela chance de derrotar
o Grêmio.
O tricolor deverá ir a campo com Grohe no gol, Rhodolfo e Geromel na
zaga, Matías Rodriguez e Marcelo Oliveira nas laterais; Ramiro, Maicon,
Douglas, Giuliano e Luan formam o meio e Braian Rodríguez é a referência de
ataque. O jogo inicia às 22h e será jogado no Estádio Ernani Sátiro, o “famoso”
Amigão, em Campina Grande, cidade que orgulha-se de possuir a maior festa de
São João do Brasil. Caso vença por uma diferença de 2 ou mais gols, o Grêmio
avança para a fase seguinte sem a necessidade de um segundo jogo. Caso
contrário, haverá mais uma partida disputada na Arena. A única vantagem deste
segundo confronto seria uma partida a menos a ser contabilizada para o retorno
de Cebolla Rodríguez. No mais, o ideal é despachar o Campinense esta noite
mesmo e partir em busca do penta.
Ide, anunciai a todos: Grêmio e Felipão, os maiores vencedores na
história do torneio, uniram suas forças e estão de volta. Que os pequenos saiam
da frente. E os maiores tremam. Como sempre foi.
Saudações Imortais