Por Milton Jung
Juventude 0 x 1 Grêmio
Campeonato Gaúcho – Caxias do Sul
Caxias do Sul sempre foi uma espécie de parque de diversões. E não leia esta frase de forma invertida, não! Falo das lembranças de família e de juventude. Não me refiro ao futebol. Foi lá que passei boa parte das férias na minha infância. Costumávamos dividir os 30 dias regulamentares de descanso do meu pai entre a praia e a serra. Também gostávamos de visitar a cidade dos Ferretti durante a Festa da Uva e assistíamos ao desfile na janela da casa de uma das tias de Caxias, na avenida principal. Na adolescência, passei a ir para lá com os amigos, pois éramos muito bem recebidos pela turma do basquete e batíamos bola na sede campestre do Recreio da Juventude. Gostávamos mesmo das festas à noite. Depois, foi a vez das namoradas caxiense que me faziam subir à serra gaúcha. Boas lembranças de uma época em que não cobravam maturidade nas minhas decisões!
Quando o assunto era futebol, porém, a coisa ficava mais complicada. Jogar contra o Caxias ou o Juventude, assistir aos jogos nas arquibancadas do Centenário e do Alfredo Jaconi e cobrir as partidas no gramado dos dois times da cidade costumavam provocar alguns surpresas desagradáveis. Além de torcidas aguerridas, as equipes da casa sempre foram bastante competitivas e o Grêmio, apesar de algumas vitórias históricas, enfrentou muitas dificuldades. Por tudo isso, o jogo dessa tarde de domingo trazia momentos marcantes à memória, para o bem e para o mal. Era de se esperar dificuldade maior do que a que encontramos. Digo isso não para desmerecer o adversário. Pelo contrário: enalteço aqui a maturidade do time gremista.
Fizemos um gol cedo, em lance que teve o mérito de Brain Rodriguez e o talento de Giuliano. Nosso gringo acreditou em bola que estava quase perdida pela lateral. Pouco antes já havia dado um carrinho e encarado os zagueiros na linha de fundo. Mesmo que siga sem marcar com a frequência que um centroavante precisa, mostrou-se muito mais participativo nesta tarde. E graças a isto, recuperou a bola e deu de bandeja para Giuliano, permitindo que este completasse o contra-ataque com bom domínio e chute preciso, no ângulo. Aliás, um dos únicos chutes que demos a gol. Nem precisava mais. A vitória simples, fora de casa, nos colocaria em excelentes condições de chegar à final do Campeonato Gaúcho.
No restante da partida, o Grêmio soube como poucas vezes acabar com o jogo sem correr riscos, exceção a um ou outro lance adversário. Segurou a bola, trocou passes à exaustão, não se precipitou, cavou faltas, dominou o jogo nos 90 e poucos minutos de disputa. Ao contrário de outras oportunidades, em que passamos sufoco e não conseguíamos manter a bola entre os nossos, fiquei impressionado com a personalidade de nossos jogadores. E, além do golaço de Giuliano, foi o que mais me agradou nesta tarde em que Caxias do Sul voltou a me dar alegrias.