15 de janeiro de 2013

Daniel Matador: Da Terra Nascem os Homens


Caros

Para iniciar este post, conclamo todos os leitores para que façam uma pequena pausa e reflitam, olhando para a foto que abre estas linhas. Ao vislumbrar este raro daguerreótipo de tempos passados, e tomando como base as expressões nos rostos dos dois jogadores envolvidos no lance, respondam com sinceridade: quem está ali jogando O FINO DA BOLA?

Finalmente teremos a esférica de couro rolando sobre este canto do planeta Terra. Estamos a poucos dias do encerramento de uma fase de trevas, onde apenas intrigas e rixas somaram-se ao modorrento período sem futebol que assola nossa querência por esta época em todos os anos. E ao Tricolor caberá já na largada adentrar ao panteão da mais cobiçada competição do continente, a Taça Libertadores da América. Competição esta que nos é por demais conhecida, visto termos sido praticamente um dos desbravadores da mesma. Isto na época em que se jogava futebol de verdade e uma taça deste quilate era erguida por homens de barba com sangue no rosto. Diferentemente de hoje em dia, onde beijam a troféu sob chuva de papel picado colorido brilhoso.

A Libertadores é uma competição diferente de todas. Ainda que tenha sido prostituída nos últimos tempos, com clubecos do quilate de Once Caldas e afins sendo campeões, mantém a mística conquistada ao longo dos tempos. Todos sabem que para vencer esta competição não basta tão somente a um time ser provido de bons jogadores. Há a necessidade de homens comporem o elenco. Seres que compreendam que o passe, o drible e a técnica são coadjuvantes apenas tolerados nos campos da América. Há que ter-se a noção de posse, de território, de saber tomar aquilo que o adversário deseja. De pisar no gramado e fazer-se patrão da área. De tornar a equipe do outro lado uma estranha ao local, mesmo que esteja jogando em sua própria casa. De mostrar que a terra sob a qual cresce a grama pertence a quem a conquista, sendo bruto quando necessário e sagaz sempre que preciso. Só assim se vence uma Libertadores.

No ano de Nosso Senhor de 1958, William Wyler foi o comandante de verdadeiros mestres ao dirigir o lendário filme Da Terra Nascem os Homens. Protagonizado por Gregory Peck e contando com astros da grandeza de Charlton Heston, Charles Bickford e Burl Ives, esta pérola da 7ª arte conta a história da luta pela terra em um oeste inóspito. Obra magistral que mostra que a força e a inteligência unidas são os pilares sob os quais as conquistas se forjam. Trilha sonora ímpar de Jerome Moross e as paisagens de tirar o fôlego que mostram a beleza rude do Texas garantem o espetáculo. Duas tundas de laço para quem ainda não assistiu.

Assim como no filme, também a Libertadores é uma batalha por território. Não há espaço para toquezinhos e firulinhas. E é necessário mesclar a inteligência com a virilidade nas doses certas para que os espaços sejam conquistados. Há que saber que mesmo um carrinho providencial pode vir a ser uma bela jogada nos terrenos onde são travadas as batalhas.

Que o Imortal possa ter homens que tenham a consciência disto. Que saibam que jogar o fino da bola, neste caso, pode ser jogar de maneira não tão vistosa. E que venham a poder novamente erguer a taça que já foi levantada, com pés embarrados e sangue no rosto.

Saudações Imortais