30 de agosto de 2013

Daniel Matador: Apenas cumpro ordens meu senhor!

“Quando ele viu Jesus de longe, correu e prostrou-se diante dele e gritou em alta voz: "Que queres comigo, Jesus, Filho do Deus Altíssimo? Rogo-te por Deus que não me atormentes!"
Pois Jesus lhe tinha dito: "Saia deste homem, espírito imundo!" Então Jesus lhe perguntou:"Qual é o seu nome?""Meu nome é Legião", respondeu ele, "porque somos muitos."E implorava a Jesus, com insistência, para que não os mandasse sair daquela região.”
Evangelho de Marcos, Capítulo 5, versículos 6 - 10
 Caros

Seu Algoz me passou uma missão. Da mesma forma que os batalhões de elite da polícia militar (BOPE, BOE e afins) gostam de ressaltar, missão dada é missão cumprida. Mesmo que seja uma missão espinhosa. Como já ressaltei antes e nunca escondi, sou filho de brigadiano. Sempre convivi neste meio. Em minha infância cheguei a passar as férias de verão no alojamento dos bombeiros na praia de Tramandaí, juntamente com outros filhos de brigadianos. Era a forma que militares de baixo soldo tinham para proporcionar aos filhos a possibilidade de um veraneio na praia. A tradicional Operação Golfinho era (creio que ainda é) uma maneira que os soldados tinham de juntar algum dinheiro, pois economizavam ao máximo em sua estadia na praia para guardar os valores das diárias. Até hoje conheço componentes da instituição que são verdadeiros exemplos de conduta e ética. Conheço outros que nunca sequer dispararam sua arma em serviço, mesmo tendo oportunidade para tal.

Entretanto, já há algum tempo, temos presenciado e alguns até mesmo sentido na pele os efeitos de ações desastrosas e atitudes descabidas executadas pela BM, especialmente contra a torcida do Grêmio. Seja no tocante à liberação de um estádio ou na condução do policiamento em uma partida, salta aos olhos a diferença de tratamento dispensada à massa tricolor em comparação com aquele dispensado a “outras”. Óbvio que sabemos que dentro da BM sempre houve grupos de policiais mais truculentos ou mesmo comandos intermediários que primavam por bater antes de perguntar. Sabemos que não há ali um bando de monges, nem é este o objetivo. Se for para enfrentar uma quadrilha de marginais, prefiro uma tropa que saia batendo a uma que comece a rezar. Mas qual seriam então as razões para uma mudança de comportamento tão profunda nesta instituição, a ponto de termos que nos resguardar de quem deveria proteger-nos?

No post que o Seu Algoz publicou, um comentário chamou minha atenção, pois vai ao encontro a algo que sempre tenho pregado. Nosso leitor Vinícius ressalta alguns fatos interessantes. Assim como ele, me recordo que até o início dos anos 2000 o nome dos comandantes da BM, principalmente aqueles responsáveis pela segurança em dias de jogo, sequer eram conhecidos ou comentados. O time para o qual torciam, então, era algo que nunca era aventado. A BM fazia seu trabalho no entorno do estádio, dentro dele, cometia alguns erros e acertos e era isso. Após o fatídico ano de 2006, o cenário mudou. Elementos que antes sequer saíam da toca agora fazem questão de aparecer e principalmente declarar seu amor bicolor. Verdadeiras hordas e legiões de torcedores fardados apareceram das profundezas. Fazem questão de comparecer em “eventos” promovidos por determinados colegiados. Como bem citou o Vinícius, “exteriorizando fanaticamente seu amor róseo”. Nunca duvide-se até onde podem chegar pessoas que vivenciaram décadas de humilhação. Eles não são tantos (colocam meia dúzia de gatos pingados em cada jogo), mas ainda assim são muitos e farão de tudo para que sua amargura seja um pouco aplacada. Alguns incautos e ingênuos já citaram outras vezes nos comentários do blog que para acabar com isto basta o Grêmio voltar a ganhar títulos. NÃO, NÃO BASTA! Ações como esta não irão parar mesmo que o tricolor lote outra sala com troféus! Ao contrário, aí sim que elas serão ainda mais incentivadas.

O caso ocorrido com o gremista Evandro Godoy Kunrath é emblemático. Para quem não sabe, ele foi ferido no entorno da Arena na última quarta-feira. Fiz meus contatos no HPS (diferentemente da ivi, eu costumo ao menos fazer algumas ligações para confirmar dados com fontes) e me confirmaram que os ferimentos foram realmente produzidos por balas de borracha. E que o risco de cegueira é muito grande. Mais um caso de total falta de prática para situações deste tipo? Talvez, sempre há a possibilidade de um brigadiano mal treinado ou que cometa algum erro. Minha opinião segue em outra direção. Também já ressaltei-a aqui. A Brigada É MUITO BEM TREINADA! Esta história de que “não são preparados para este tipo de confronto” ou mesmo que “não sabem como agir nestas situações” é BALELA! Um fato como o que ocorreu só tem uma explicação: ORDENS SUPERIORES! Nenhum brigadiano é maluco a ponto de querer passar um carro no meio de uma multidão sem necessidade e para isso abrir caminho à bala (mesmo que de borracha)! Tanto é que nos casos que presenciamos há algum tempo atrás, quando dos manifestos pelo país, a BM NUNCA fez algo sequer parecido! Por qual razão? ORDENS SUPERIORES!

Eu poderia ser um pouco mais explícito ao apontar os verdadeiros responsáveis por isso. Mas o foco do blog não é a política, razão pela qual não pretendo enveredar por este caminho. Parafraseando e adaptando o que Cristo já havia falado em suas parábolas: quem tem ouvidos para ouvir, ouça. Quem tem olhos para ver, veja. Quem tem mente para pensar, pense. E verão que as conclusões são cristalinas como água. Temos uma legião de demônios comandando as ações daqueles que deveriam zelar por nós. Um exorcismo se faz necessário.

Saudações Imortais

P. S.: tem jogo do Grêmio neste sábado. Gostaria de ter escrito algumas palavras mais positivas para seguirmos em frente com a boa fase. Mesmo sem elas, quem puder, vá à Arena para mostrarmos que somos muito mais fortes.