16 de agosto de 2013

Ética de borracha

O Brasil, este pobre país dos trópicos teve até há pouco tempo um presidente que, talvez, por ser ex-pobre, semi-analfabeto e "representante dos desvalidos" era inimputável.
Podia dizer ou fazer o que bem entendesse que a lei jamais se incomodava com ele.
Pois agora temos um treinador inimputável. O Sr. Dunga, do alto de seu insuportável mau humor e de sua visão distorcida da vida e da humanidade pode agredir, xingar, ironizar, ameaçar surrar, etc.
E todos jornalistas gaúchos, e agora se viu, do centro do país também, passam a mão compreensivos na cabecinha oca e, aparentemente mal amada do aprendiz de treinador.
Ele está de mal com o mundo? É porque ele é assim.
Ele xinga o repórter? É porque ele é assim.
Ele pega um gandula pelo braço e destrata ameaçando bater? É porque ele é assim.
Mas por que os outros treinadores não podem ser como são?
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Aí um dirigente do timinho fala que tem que bater e dar porrada. E onde anda o tal de Paulo Schimdt, este ente tão diligente em cuidar dos problemas reais e imaginários do Grêmio e da Arena, onde anda este tal de Schimdt que não enquadra nem um nem o outro?

Talvez a explicação esteja no diálogo via twitter  descrito abaixo que tive com o jornalista João Batista Filho, que eu não conheço.
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SA - O Dunga sabe todos os podres da imprensa e deve ameaçar contar. Só isto explica serem tão covardes diante dele.

JBF - Cara, isto definitivamente não existe.

SA - Ah não? Então me explica a covardia diante de tantos impropérios do moço?

JBF - ponto de vista. Os colorados reclamam que o Luxa "mandava" na imprensa. Que os jornalistas tem medo do Renato.

SA - Nada a ver. O Dunga é doente, caga em cima da imprensa e todos afagam o menininho dizendo que é o jeito dele.

JBF - Bruxo, esta mesma reclamação eu recebo de vários colorados em relação ao Renato. É sempre assim...

SA - Então tá. Me engana que eu gosto. Vais dizer que não tem o churrasco da segunda? Melhor não que tem foto.

JBF - Um ex-dirigente executivo famoso e com GRIFE do Grêmio pagava jantas (na conta do clube) pra alguns repórteres.

SA - Assim tu estás acusando todos. Melhor dar o nome. Mas é claro que não vais fazer. Não interessa.

JBF - Vendidos? Não. As pessoas podem ter amigos. Eu nunca fui. Mas não condeno quem foi.
SA - Se tu achas que ir em churrasco de dirigente e depois fazer uma agenda positiva do time é normal, lamento.

JBF - Não acho. Só penso que "pau que bate em Xico bate em Francisco" Acontece nos dois.

SA - Mas claro. Ética no Brasil de hoje virou produto bastante elástico. Ninguém se preocupa em preservar a honra.

JBF - Eu também não disse que todos são e tu disse que eu generalizei e não falei nomes pq não me interessa. Coerência.

SA - Tu disseste "um dirigente do Grêmio paga churrasco". Puseste todos na roda. é injusto e é covarde.

JBF - Renato levou a imprensa no Tirol. Pelaipe pagava janta pra repórter em viagem.

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Então é isto. Jornalistas acham normal viver em churrascos com dirigentes e depois ter de fazer matérias em que eventualmente deverão criticar este dirigente.
Acham normal e não querem que se desconfie de sequências de matérias positivas para um lado e altamente negativas para o outro.
Houve uma época em que ética era um produto valorizado e procurado nas relações de trabalho. E ética era algo muito bem definido.
A palavra ética significa aquilo que pertence ao caráter.
Quando alguém exerce uma função pública deve ter capacidade de saber o que pode ou não afetar sua credibilidade. Um profissional sem credibilidade não existe. Vegeta pela vida.O que se tem visto é que no jornalismo esportivo gaúcho profissionais não estão nem por sombra preocupados com sua credibilidade. Sua definição de ética é mais maleável do que um pedaço de borracha.
É um direito que lhes cabe.
Só não esperem que sejam vistos como pessoas honestas e muito menos que se queixem se perceberem que há insatisfação com suas condutas.