13 de agosto de 2013

Daniel Matador: Quando éramos reis

Caros
 O final de semana passado serviu para ratificar o fato de que alguns anseios da torcida, por vezes, são mais do que justificados quando atendidos. Mesmo atuando em um improvável 3-6-1, com 3 zagueiros e 3 volantes iniciando a partida, o Grêmio conseguiu uma ótima vitória, marcando 3 gols sobre o ajeitado time do Bahia, treinado pelo ex-atleta tricolor Cristóvão. Este mesmo treinador já havia feito um bom trabalho no Vasco, ao substituir Ricardo Gomes (que havia licenciado-se por conta de seus problemas de saúde) e agora mostra que possui qualidades. A vitória sobre o pessoal da beira do lago em Caxias, com algumas testemunhas assistindo, já havia mostrado que a equipe do Bahia, se não almeja nada muito maior na competição, provavelmente não terá o destino de outros anos, quando brigava para não ser rebaixada.
Pois o tricolor venceu com três gols antológicos. Sim, antológicos, pois foram gols marcados com todas as características que sempre foram inerentes ao Grêmio e formaram sua história. Riveros não teve receio em jogar-se de cabeça na bola, mesmo sob a ameaça da chuteira adversária, e anotar o primeiro gol. Em épocas de jogadores que “tiram o pé” nas divididas, poucos são os que fariam o que ele fez. O garoto Maxi Rodriguez, pedido constante da torcida, entrou e arriscou o chute em sua primeira jogada, após cortar 2 adversários. Foi premiado com um desvio na zaga e outro na trave, antes da bola morrer no fundo da rede. E para fechar o Dia dos Pais com chave de ouro, Matheus Biteco fez excelente jogada e grande assistência para seu irmão Guilherme anotar o terceiro. Vitória feita para dar moral e confiança para seguir em frente. E Arigatô mostrou que é pé-quente, pois estava na delegação que viajou à Bahia.
Enquanto goleávamos lá, outro jogo, com equipes menos tradicionais, desenrolava-se no Estádio do Vale, de propriedade do Novo Hamburgo. Ou, como a imprensa isenta alcunhou, “Arena do Vale” ou mesmo “Camp Nóia”. Eu morro e não vejo tudo. Pois o ingresso, mesmo para quem era sócio, custava 50 mangos (pra quem não fosse, era 100 dinheiros), com direito a sentar no concreto ou em moderníssimas arquibancadas móveis de madeira. Para não passar fome, o pessoal cobrava 5 paus por um cachorro-quente mequetrefe e o estacionamento, com direito a atolamento no barro (sério!), custava 20 contos. E tem gente que reclama de pagar 40 pilas para assistir jogos no conforto da Arena do Grêmio, o mais moderno estádio das Américas.
Falando na Arena, há poucos dias um jornaleiro da província teve a infeliz iniciativa de tentar comparar o incomparável. Ao traçar um infeliz comparativo entre mais de meio século de vida do Estádio Olímpico Monumental e a recém-nascida Arena do Grêmio, apenas deu mais uma mostra da baixa qualidade de seu trabalho e dos rasteiros propósitos da ivi (sempre em minúsculas). Pois a resposta a este elemento veio de forma superior. O Presidente Koff desancou com muita propriedade mais uma esdrúxula tentativa de atacar a instituição. E mandou mais um isento barato para a lona com um nocaute fulminante. Lembrou-me o lendário Muhammad Ali, com sua técnica muito superior, detonando George Foreman e recuperando o cinturão dos pesos-pesados, que havia lhe sido tirado por ele haver se recusado a servir o exército dos EUA na Guerra do Vietnã. Esta história pode ser vista no grande documentário Quando Éramos Reis, que mostra o combate entre dois dos maiores pugilistas que já existiram. A luta ocorreu no Zaire, conhecido atualmente como República Democrática do Congo. Ok, sei que alguns não curtem muito esta região do planeta e possuem alguns traumas, mas não é o caso da torcida tricolor.
Mesmo não jogando uma partida excepcional, o time reagiu e marcou 3 gols, algo que não víamos há algum tempo. O Presidente pôs a nocaute mais um membro da ivi, a exemplo do que Rui Costa já havia feito há algumas semanas atrás. E o Grêmio fez promoção de ingressos para o jogo de amanhã, contra o Cruzeiro, quando joga no estádio cuja alma ainda está em processo de transferência. A torcida tem de fazer a sua parte e lotar a Arena neste confronto. Tudo encaminha-se para que possamos voltar a ter dias como os de outrora, quando vencíamos e dominávamos o território em que pisávamos. Quando éramos reis.