Por Milton Jung
Figueirense 0 x 2 Grêmio
Brasileiro – Orlando Scarpelli (SC)
Houve um tempo em que iniciava esta Avalanche antes mesmo do apito final e arriscava um raciocínio, sempre em favor do nosso time, é claro, que poderia ser desmentido no chute a gol a seguir. O tempo, a prudência e a apreensão me desestimularam a persistir neste hábito. Esta noite, porém, talvez pelo primeiro gol marcado tão cedo, a mão coçou e o desejo de começar a escrever antes do fim da partida me fez abrir o computador e ensaiar este parágrafo. Ainda estava 1 a 0 quando iniciei-o, parei duas ou três vezes, assustado por alguns ataques do adversário e vacilos da defesa, mas não me contive ao ver o segundo gol se concretizar.
Curiosamente, comecei esta partida sem a mesma ambição de jogos anteriores, talvez desconfiado da capacidade de nosso elenco que seria mais exigido do que em qualquer outra oportunidade neste campeonato. Por lesão, por cartão e por convocação entramos em campo sem cinco importantes jogadores: três que fazem parte da nossa fortaleza, Marcelo, Erazo e Maicon; um maestro, Douglas; e o craque e goleador, Luan. A tarefa não seria fácil, mesmo porque estaríamos jogando fora de casa e diante de um daqueles adversários que sempre causam problemas, dada a rivalidade regional.
A despeito de todos esses problemas que poderíamos ter, conseguimos uma vitória importante. Uma importância forjada pelas nossas próprias carências. Soubemos entendê-las e superá-las, mesmo que alguns dos substitutos não se mostrassem a altura dos titulares. Foi, contudo, no padrão jogado pelo Grêmio de Roger que chegamos ao primeiro gol. Pois se é verdade que o fizemos após cobrança de escanteio, também é verdade que o escanteio foi resultado de intensa troca de passes e movimentação de nossos jogadores pelo lado esquerdo. Já quanto ao escanteio, destacam-se o cruzamento de pé esquerdo de Maxi e o cabeceio de Bobô, dois dos que estavam entrando no time.
Estávamos construindo pouco e destruindo muito, impedindo o adversário de jogar com um sistema defensivo coeso. Quando erramos feio, consertamos, haja vista a defesa feita por Bressan no lance em que não tínhamos mais goleiro para nos defender. Nosso zagueiro, outro dos substitutos, bem que poderia ter comemorado como se fosse um gol. Foi, então, que mais uma vez o futebol ensinado por Roger fez a diferença em campo. No contra-ataque, com pouco mais de cinco toques, rápidos e precisos, e o deslocamento de nossos jogadores, Pedro Rocha apareceu na frente do goleiro adversário para fazer aquilo que nos esperamos dele: concluir em gol.
Nesta noite, não fizemos muito, mas fizemos o suficiente. E a vitória deixa o Grêmio mais próximo do líder, encostado no vice-líder, e, principalmente, muito mais consolidado na vaga para a Libertadores.