O nome é meio Frankenstein, não? Que tal Copa Meridional? Mas pode chamar do que quiser, o que importa é que o ruralito vai perecer, a Fábrica de Ilusões Vermelhas vai fechar as portas.
Chega de “erros humanos” em Fevereiro e Março, todos curiosamente para o mesmo lado. Chega de jogos em Janeiro, sob pleno sol das 15h, no ralador de canelas do Zequinha, onde a “palma do pé” (como diria o ídolo Jardel) dos jogadores cozinha. Chega de dezenas de datas inúteis. Chega de lista patética que evita que o Grêmio lance garotos na única competição onde isso deveria ser viável. Agora poderemos disputar a Caravana da Miséria com um grupo de transição, combinado do que há de melhor no Grêmio fora do time principal, talvez revelando valores para as competições que interessam.
E a Sul-Minas interessa, por si só ela tem valor. Mesmo que não ofereça vagas pra nenhuma competição, é um enfrentamento de equipes de Série A e, eventualmente, equipes de ponta da Série B.
Ainda não se definiu o regulamento, mas com a confirmação das oito datas e dos dez participantes, fica possível prever o que está sendo planejado. Dois grupos de cinco equipes, uma de cada estado participante, em turno único, para definir dois classificados de cada grupo, semifinais e finais em mata-mata. É uma boa fórmula para começar.
Fica o desejo de que a competição seja valorizada o suficiente para que um dia ela agregue mais equipes, talvez apostando em fases decisivas em jogos únicos e grupos com menos equipes, tal qual a Copa do Mundo.
É um golpe necessário contra o status quo do futebol gaúcho, que pode causar o início da recuperação da Federação Gaúcha de Futebol. A desvalorização da competição vai obrigar a entidade organizadora e os clubes participantes a reavaliarem certas posições, talvez até mesmo o comando. Não se faz omelete sem quebrar os ovos.
Só a existência de uma Liga no futebol nacional já deveria ser comemorada. Eventual ruína da CBF, coisa que qualquer brasileiro honesto deseja, poderá abrir espaço pra que essa entidade a substitua. Também é interessante que os clubes tenham controle sobre outros aspectos da organização da competição, como a arbitragem. O poder de escolher melhor os árbitros permite que se combata a prepotência e a impunidade que tanto prejudicam o futebol nacional, decidindo campeonatos.
Como se não bastasse tudo isso, há ainda a questão financeira. A Liga pode se aproveitar da guerra pelos direitos de transmissão esportiva que tem favorecido a Globo, por vezes estranhamente, tendo em vista propostas aparentemente mais vantajosas de outros meios de comunicação. O Grêmio precisa desse dinheiro, que somado à política de contenção de gastos, permite ao clube antecipar ainda mais a compra da Arena. É um valor que ajuda a diminuir a diferença atual de cotas televisivas com relação a algumas equipes importantes: São Paulo, Palmeiras, Santos e Corinthians.
Vamos torcer para que a competição resista à enxurrada de críticas, muitas delas vindo de partes interessadas, e se torne um ponto alto do primeiro semestre gremista.