2 de fevereiro de 2013

Daniel Matador: Três Homens em Conflito (O Bom, o Mau e o Feio)

Caros

Sempre gozei de grande conceito em virtude de minha vitoriosa trajetória no futebol semi-profissional. Entretanto, após tornar-me colunista titular do maior blog gremista do universo, até mesmo o céu não é mais o limite. Depois de meu último post com a foto do Vargas atento a meus ensinamentos, minha fama atingiu píncaros de loucura desenfreada. Mulheres me param na rua, perguntando sofregamente: “Tu és mesmo o Daniel Matador? Posso tirar uma foto? Porque a foto do post não mostrou estes teus bíceps proeminentes? Sabia que minha irmã mais nova de 18 anos é tua fã e o sonho dela é te conhecer?”
É, vou ter que aprender a lidar com tudo isto. Agora entendi porque o Seu Algoz evita ser fotografado.
Mas vamos ao que interessa. Me abstive de fazer post do jogo com a LDU por continuar trabalhando como um cachorro. Se bem que o Lebon e o Murphy (os cachorros lá de casa, para quem não sabe) não fazem nada o dia todo, só comem, dormem e alopram. Mas a Pitica e o Seu Algoz falaram tudo e mais um pouco com seus ótimos textos. Até o Hernández resolveu aparecer por aqui depois de se livrar da acusação de falsificação de camisas de futebol no Paraguai.

Como vários escribas competentes e até mesmo os incompetentes da IVI, poderia discorrer sobre o herói do momento, Marcelo Grohe. Mas me permiti fazer uma análise um pouco além do simplismo de achar que ele deve ser titular porque tem que ser. Na realidade, a situação que se avizinha agora é um pouco mais complexa do que isto. O jogo da última quarta-feira acabou trazendo à tona uma circunstância nova, que demandará novos desdobramentos. Veremos a partir de agora e até o próximo jogo dos titulares, tão logo Dida esteja recuperado de sua lesão, uma sequência de atos que deixará três homens em conflito. Marcelo Grohe permanecerá como titular? Dida voltará a assumir o posto? Qual será a posição de Luxemburgo? Perguntas cujas respostas poderão determinar o futuro do Grêmio na Taça Libertadores da América e no ano de 2013 como um todo.

A favor de Grohe pesam vários fatores. Sob a ótica racional, é um goleiro com boa técnica, é jovem e tem reflexos rápidos, não se apavora em jogos complicados e ainda pode evoluir na posição. Sob a ótica emocional, há o fato de ser gaúcho, gremista, cria da base, identificado com o clube e toda a gama de características que até podem ser positivas, mas nem sempre decisivas para um jogador. Contra ele podem pesar tecnicamente a questão dos pênaltis (apesar da defesa do último jogo, nunca foi seu ponto forte) e a envergadura menor que a de seu companheiro de meta, além dos fatores irracionais, como tomar alguns gols em momentos ruins. Óbvio que tomar gol é sempre ruim, mas tomar um gol como aquele do primeiro jogo em Quito não tem explicação, a não ser muito azar. A favor de Dida contam alguns fatores também interessantes, como a experiência, tranquilidade, envergadura e uma ainda existente boa técnica, apesar da idade. Há o fator psicológico de ter um goleiro campeão e tarimbado guardando a meta, o que pode ser uma segurança para a defesa e até gerar respeito no adversário. Seus reflexos não são os mesmos de quando era mais jovem e sua saída de gol por vezes é contestada, apesar deste ser um problema crônico de goleiros ao redor do planeta. O fato de não ser identificado com o clube por vezes é apontado como um fator depreciativo, mas também entra na conta do emocional. Logicamente que podem haver outros fatores para ambos, mas ative-me aos principais.

Em suma, resta a Luxemburgo analisar tudo isto e tomar sua decisão, apesar de todos saberem qual é sua predileção. Mas como citei, a atuação de Grohe e o jogo de quarta-feira passada trouxeram novos fatos que deixaram estes três homens em conflito. Cada qual está lutando por aquilo que julgam merecer e agindo da forma que pensam ser a correta. Culminaremos nos próximos dias com um clímax que poderá deixar grande parte da torcida exultante ou raivosa, seja por quais motivos forem.

Em 1966 o consagrado diretor Sergio Leone finalizou sua notável Trilogia dos Dólares com o clássico Três Homens em Conflito. Clint Eastwood, Lee Van Cleef e Eli Wallach mereciam estátuas por sua atuação nesta obra-prima. Durante a Guerra Civil Americana, três homens tentam de todas as maneiras colocar as mãos em 200 mil dólares que estão enterrados em um cemitério. O título do filme nos EUA é a forma como alguns o conhecem: The Good, The Bad and The Ugly, ou O Bom, O Mau e O Feio, referindo-se aos personagems de Eastwood, Cleef e Wallach. Não se nota o tempo passar e quando o filme acaba a alma está lavada. Três lambadas de rabo de tatu para o cão infiel que ainda não assistiu.

Se formos transpor a metáfora para a situação no Grêmio, podemos dizer que Grohe é o Bom, pois é o mocinho da história e todos torcem por ele. Luxemburgo é o Mau, pois na visão da torcida está prejudicando o mocinho e, por consequência, o time. E sobrou para o Dida ser o Feio. Até porque, convenhamos, que latinha!

Saudações Imortais