15 de fevereiro de 2013

Roberto Minuzzi: Descorneteando



Tem posts do Hernández e do Ah Muleque engatilhados, mas recebemos um e-mail muito interessante e furamos a fila.
Recomendamos uma leitura atenta. Esperamos que contribua para acalmar os ânimos.
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Amigos do blog,

Lei diariamente o blog e por isso me senti a vontade de dar uma opinião  que vem do outro lado. Do lado do jogador.
Meu nome é Roberto Minuzzi e sou jogador de vôlei. Joguei 6 anos pela seleção brasileira, tenho 5 finais de brasileiro (2 títulos) e 31 anos. Um currículo de muita experiência.
Escrevo para dizer que para o jogador que se dedica, sonha em ser campeão e de jogar bem todo o jogo (sim, isso deveria ser uma obrigação para o jogador, mas sabemos que são poucos que tem essa seriedade) perder um jogo como o de ontem é arrasador.
Vou relatar alguns fatos, para que entendamos o lado do jogador, e a quantidade de fatos que contribuíram para que eles não jogassem bem ontem.

O jogador se comporta conforme o seu ambiente. Clima calmo, jogador calmo... clima de pressão, jogador na pressão... clima ansioso, jogador ansioso....
Vamos sair das 2 horas que acompanhamos o jogo na Arena, ou, para quem não quer pagar 160 reais para assistir com o filho de 6 anos como eu, da tv. Vamos pensar no dia a dia deles. Está uma confusão. Vamos enumerar:

  1. Hoje treino no Olímpico ( muitas vezes eleito o melhor gramado do brasileiro pelos jogadores), amanhã na Arena para se adaptar aos buracos, areia e campo duro. Não há uma rotina confortável e com condições plenas de trabalho... Tentar fazer algo no treino e não conseguir fazer direito, faz com que o jogador entre com a confiança um pouco abalada... Sim o jogador tem que estar preparado para isso.
  2. Chegadas e saídas de jogadores. Muda o grupo, muda o ambiente. Estamos falando de muitas mudanças no vestiário. Saíram vários jogadores (André Lima, Vilson, Leo Gago, Leandro). Chegaram outros (Vargas, Barcos, Adriano e André Santos, estes na última hora). É preciso entrosamento dentro e fora de campo. Sim o jogador tem que estar preparado para isso...
  3. Os problemas da Arena. Fecha avalanche, problemas com ingressos, estacionamento, campo, multa... Isto toma tempo da direção e conturba o ambiente. Sim o jogador tem que estar preparado para isso...
  4. A expectativa de todos: da torcida, imprensa, direção, dos jogadores para este jogo. Não se pensou que o time não jogou bem contra a LDU, que o campo era ruim, que teriam tantos jogadores novos no grupo. Todos esperavam a empolgação, golear. E no esporte tem que jogar para golear... A empolgação não domina bola e não posiciona os caras no campo. Certeza que os jogadores sentiam antes da partida a falta de ritmo, de jogar e de jogar bem. Mas para o resto não... era goleada certa.... Sim, o jogador tem que estar preparado para isso....
  5. Este negócio de voltar a jogar no Olímpico, ja devia estar sendo conversado entre os jogadores. Koff falou que eles reclamaram depois do jogo da LDU. Não se treinava lá diariamente. Isto era uma pressão interna... Sim, o jogador tem que estar preparado para isso...
  6. O mais importante. A ESTREIA. Coloquei no começo do texto meu currículo, para dizer que mesmo com toda minha experiência, a estreia é complicada. A ansiedade faz o jogo ficar mais travado em qualquer campeonato. Sempre que termina um jogo desses comentamos aliviados no vestiário que passou a estreia.

Agora, se já é complicado estrear normalmente, imaginem com tantas coisas complicando o dia a dia. Estrear numa Libertadores deve ser emocionante. Deve fazer o jogador passar o dia planejando o que tem que fazer... A ansiedade já é natural.... Agora, a experiência do dia a dia, o time leva para a hora do jogo. E isso potencializou a ansiedade, a insegurança a falta de entrosamento....
Confio no time do Grêmio. Os jogadores são sérios e dedicados, mas caíram numa armadilha neste jogo. O time chileno é ruim. E fez dois. Não haviam feito nenhum essa temporada contra outros chilenos. Nos dois gols, uma falha de posicionamento clara da nossa zaga... Nesse ponto vejo uns erros de planejamento do Grêmio. Deveria ter jogado com força máxima contra o Juventude. O jogo foi sábado. O time precisa jogar. Chegou na Libertadores com 3 jogos. É pouco. Tinha que ter colocado Saimon e Cris contra o Juventude. Os dois não se entenderam, e dali saíram os dois gols deles e outras que o Marcelo salvou.
Voltando para o Olímpico, tudo se acalma... tira-se o foco do problema que está sendo a Arena agora. Ganha-se a avalanche até que resolvam este outro impasse da Arena. O torcedor vai mais tranquilo pro jogo....Os jogadores terão uma rotina e se sentirão melhores. Ambiente calmo, jogador calmo.... ambiente seguro, jogador seguro....
Quanto ao Adriano, comentaram que o treino de terça-feira foi ótimo e que o Adriano é um baita marcador. Vamos dar um tempo a nossa ansiedade. Quem não estava ansioso e não gritou desesperado no jogo de ontem, e quando olhou o relógio estava no primeiro tempo ainda....
Vamos todos nos acalmar. Vamos acalmar o dia a dia dos jogadores. Temos um time bom e serio. E vamos torcer para o Pofexô parar de inventar.
Vale lembrar que não conheço nenhum jogador do Grêmio nem estou defendendo ninguém.Estou dando a opinião de quem vive isso. Estou em Floripa e sábado as 21:30 tenho jogo e ira passar na Sportv. Vocês poderão acompanhar a hora do jogo, mas a gente vive isso a semana toda. Um erro, e estaremos comprometidos sábado....e com varios erros?
Sim o jogador tem que estar preparado para isso.... mas não é tão simples assim....
Abraco galera...me ponho a disposição...

Roberto Minuzzi