"Seu garçom, faça o favor de me trazer depressa
Uma boa média que não seja requentada
Um pão bem quente com manteiga à beça
Um guardanapo e um copo d'água bem gelada
Feche a porta da direita com muito cuidado
Que não estou disposto a ficar exposto ao sol
Vá perguntar ao seu freguês do ladoQual foi o resultado do futebol”
(Noel Rosa – Conversa de Botequim)Caros
No ano da graça de 1995, quando nós gremistas éramos soberanos no futebol, Fábio Koff cunhou a expressão “cafezinho” para definir o Campeonato Gaúcho. Isso porque o Grêmio disputava na ocasião três competições: Libertadores da América, Copa do Brasil e Gauchão. A Libertadores era o prato principal, a Copa do Brasil era a sobremesa e o regional era o cafezinho. Naquele ano nos fartamos com o prato principal, chegamos a sentir o cheirinho da sobremesa e até tomamos o cafezinho. Para raiva do pessoal da beira do lago, visto que aquele era o único campeonato em que eles apostavam alguma coisa. Naquele ano essa galerinha passou muita fome. Até hoje os róseos ficam indignados e sempre ressaltam que o ruralito é um campeonato importantíssimo, muito disputado e alvo de grande cobiça. Só na cabeça deles. Até as tatuíras de Cidreira sabem que o Gauchão definha ano a ano e sua fórmula deveria ser alterada para melhor acomodar a dupla. Mas este não é o objeto deste post.
Neste domingo teremos mais uma disputa com o cocô-irmão pelo regional. Como já ressaltado por vários leitores nos comentários do blog, enfrentaremos uma tribo nômade, a qual perambula de cidade em cidade, tal qual trupe circense (olha a piada pronta aí). Chance ao menos para o pessoal do Grêmio fazer um passeio na Serra Gaúcha e comer uma cuca de morango (olha a piada pronta aí de novo).
A dúvida que permeia a mente da torcida tricolor após a acachapante vitória na Libertadores frente ao Fluminense é só uma: teremos time titular ou não? Razões para colocar ou não os titulares sempre surgirão. Do lado pró temos a questão do entrosamento, do ritmo de jogo, da possibilidade de ter um time mais forte para socar os vermelhos e até mesmo da valorização de um jogo que por si só não tem nada de muito especial (pelo menos para o tricolor). Do lado contra temos toda a questão do risco de perder algum jogador por lesão (vide caso Kleber no ano passado, o qual ainda estamos pagando), o desgaste natural após uma partida jogada com vigor há poucos dias e quaisquer outros argumentos que se possa arrumar. De minha parte, obviamente que colocaria o time titular para jogar sempre. Entretanto, também é sabido que não podemos correr o risco de perder jogadores tendo a Libertadores como prioridade. A direção sabe disso e o sentimento do torcedor, em geral, tem acompanhado esta linha de raciocínio.
Analisando o cenário como um todo, penso que poderíamos ter uma grata surpresa no jogo deste domingo. Talvez uma mistura de titulares com reservas, colocando um pouco de leite neste café. Tal qual citado na letra imortal de Noel Rosa, haveria a possibilidade de não saborearmos apenas um cafezinho. Seria muito gostoso saborear uma boa média que não seja requentada, um pão bem quente com manteiga à beça e até um copo de água bem gelada pra arrematar.
E na segunda-feira, após um resultado favorável, ter o prazer de estar no bar e perguntar para o freguês ao lado, só para tripudiar, qual foi o resultado do futebol.
Saudações Imortais