16 de novembro de 2012

Noites sem estrelas

Pois o Daniel Matador estréia oficialmente como colaborador do blog. Descobri que é analista de Sistemas. O que prova que esta história de que engenheiros e profissionais de informática não sabem escrever é lenda.

Mas vamos deixar que ele fale um pouco sobre ele e depois leiam o post. 
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Curriculum

Meu nome de batismo é Daniel Ierke. A alcunha de Daniel Matador veio com o tempo e o desempenho nos campos e quadras.
Sou filho de um guasca de Erechim e de uma prenda de Lagoa Vermelha. Mas acabei nascendo urbano, em Canoas.
Na minha certidão de nascimento está escrito: gremista e centroavante, nesta ordem.
Uma mistura de sangue alemão, austríaco, judeu, sírio, índio e até cigano me deu este caráter todo peculiar.
O sangue alemão falou mais alto e a identidade Tricolor veio ao natural. Mesmo que não viesse, meu pai tinha uma tática muito boa: deixava torcer para qualquer time, desde que fosse o Grêmio.
E que felicidade era ser gremista naquela época. Nasci em 1977, ano em que o Grêmio ganhou aquele emblemático Gauchão com gol do André Catimba. Eu nascia e o Grêmio renascia, visto que o pessoal do aterro estava fazendo a festa já há alguns anos. Prenúncios, prenúncios...
E aí foi aquilo tudo nos anos 80, era uma beleza torcer pro Grêmio: Brasileiro, Libertadores, Mundial, Copa do Brasil. Me lembro até hoje que passei a acompanhar o futebol com olhar mais clínico em 1990, ano em que o Grêmio montou um time "cano" treinado pelo Evaristo de Macedo. Virei o famoso "torcedor intelectual", que guarda estatísticas, enumera jogadores, relembra títulos e lista jogos emblemáticos (rsrsrs). Tá, eu sei que teve aquela nhaca do rebaixamento. Pô, fiz até promessa pro Tricolor não cair. Aí tive mais uma revelação: os deuses do futebol realmente são muito sacanas e não se vendem por pouco.
E o pior (ou melhor, neste caso): acompanhei os jogos da segundona e vibrei muito com a volta para a primeira divisão. E minha fé de torcedor foi recompensada com a overdose de futebol dos anos 90. Era demais, dois jogos decisivos por semana! Veio tudo de novo: Copa do Brasil, Libertadores, Recopa, Brasileiro, Copa do Brasil de novo. Esta foi a época em que passei realmente a frequentar o Olímpico. E também passei a ver o futebol não somente pela ótica dos números, mas também pela ótica da filosofia. E aí passei a curtir mesmo ser torcedor do Imortal. Pois passei a perceber que os números são importantes, mas a inexatidão é o que torna o futebol apaixonante.
O início dos anos 2000 foi promissor. Torcia como nunca, sacaneava os colorados como sempre. Copa do Brasil iniciando o milênio, imagina só. O ciclo estava recomeçando. Mas desde lá minha torcida não tem tido a mesma felicidade no quesito títulos. Menos mal que pude vislumbrar o que muitos jovens ainda não conseguiram, mas que certamente conseguirão: taças em profusão sendo erguidas por atletas trajando o manto azul, preto e branco.
Em suma: sou um gremista na concepção do termo e na origem do conceito.
A plebe que me desculpe, mas nasci nobre. Meu sangue é azul.
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Noites sem estrelas

Os mais novos talvez não saibam, alguns mais antigos nem sempre se lembram.
Na conquista do primeiro título brasileiro do Imortal, ao enfrentar a primeira partida das finais, Baltazar perdeu um pênalti. Na ocasião, mesmo após lamentar o ocorrido, cunhou a célebre frase: "Deus está reservando algo melhor para mim". Na partida de volta, na casa do adversário, Baltazar marcou um golaço no ângulo, de fora da área. O gol do título.
Pode parecer simplista apelar para esta lembrança nesta ocasião. Mais simplista ainda seria dizer que no futebol se ganha, se empata e se perde.
A noite cinzenta na Colômbia, mostrando um céu sem lua e um firmamento sem estrelas, trouxe a lembrança de algo fundamental a um time campeão: estrela.
Será a falta de estrela a responsável por um hiato tão longo sem grandes conquistas? Neste período, em muitas ocasiões se chegou "quase lá". Às vezes aos trancos e barrancos, às vezes até mesmo com atuações muito superiores às demais equipes. Ainda assim, sempre faltava algo. Seria estrela?
Como futebol não costuma ter lógica, esta é a explicação mais racional (?) para o que vem ocorrendo nestes últimos anos e que teve na noite de hoje mais uma amostra.
SÓ PODE SER ISSO! Nenhuma outra razão que não a falta de estrela pode ser a causa deste infortúnio.
Mas nada disso importa. Por mais melancólico que seja, não é uma fria noite de Bogotá que irá arrefecer os ânimos quando se vislumbra o futuro próximo.
Alguma garantia de que tudo dará certo a partir de agora? Claro que não. Possibilidades muito maiores? Claro que sim!
Motivos para ter esperança? Ah, com certeza. Agora, não há somente uma base de trabalho. Não há somente uma nova casa. Não há somente material humano.
Há um novo/velho comandante, o qual possui em grande quantidade algo que parece nascer com algumas pessoas: estrela.
Muitos já testemunharam a estrela que acompanha este senhor octogenário que irá comandar novamente o Tricolor.
Aos que duvidam do que o mesmo é capaz, só resta dizer: "homens de pouca fé!"
Se até agora era isto o que estava faltando para que as glórias retornassem, este receio acabou.
Assim como Baltazar, não há nada a ser feito com o que ocorreu na última noite de quinta-feira a não ser lamentar a falta de estrela que impediu seguir-se em frente.
Entretanto, também como Baltazar, há sinais que mostram que Deus está reservando algo melhor.

Saudações Imortais