Paixão pura

Pela poesia e pelo gremismo, merece ser postado.
Do leitor que assina como Daniel Matador
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Caros 

Parafraseando um colega de outro blog, “ganhamos, estamos na Libertadores; passa a régua, fecha a conta e o ano está ganho”. 
Tirando essa parte, vamos ao que interessou no jogo, pelo menos pra mim: foi o jogo que escolhi para me despedir do Olímpico Monumental. 
E o Grêmio só ganhou este jogo por um único motivo: EU ESTAVA LÁ! 
Quando vi o futebol meia-boca do primeiro tempo, uma tímida melhora não muito animadora no início do segundo, um jogador se lesionando, uma expulsão e o time adversário ameaçando fazer o crime, pensei comigo: AGORA VAI, AFINAL EU ESTOU AQUI! 
Tinha que ser assim mesmo. Não teria jogo melhor para me despedir do Velho Casarão. Bem ao estilo que me acostumei a ver as vitórias do Tricolor. Suado, apertado, difícil. 
Então pensei comigo: “tá na hora de eu abençoar alguém com meu dom de matador. Vai lá, Luxa, põe o Dé Lima aí que ele vai fazer o dele no finzinho”. Dito e feito. Maktub… 
Eu admito, fui eu. Eu enviei uma mensagem telepática para o André Lima dizendo para ele fazer o estilo centroavante aipim, plantado na área, que ia sobrar uma bola para ele meter pra dentro e se consagrar. Sabe como é, centroavantes costumam ter uma certa ligação extra-sensorial. 
Com o que havia visto no primeiro tempo do coitado do leandro (sim, eu escrevo em letras minúsculas os nomes próprios que penso não merecerem uma maiúscula), constatei que basta eu chegar no vestiário na segunda-feira, me apresentar pro Luxa (se é que minha fama de matador semi-profissional já não chegou aos ouvidos dele), fardar, ir pro treino (de leve) e já sair jogando de titular na próxima partida. 
Em suma, por pior que possa ter sido para alguns (ou muitos), pra mim foi um jogo fantástico. 
Poderei dizer aos meus descendentes que estive lá. Alguém pode me perguntar se eu tirei alguma foto. Me lembra o jornalista em Young Guns 2 perguntando ao velhinho se ele podia provar que era Billy The Kid. Se ele possuía algum sinal, como uma cicatriz ou algo do gênero. O velho responde que nenhuma cicatriz pode representar a menor parte de suas memórias. Por isso fiz questão de não tirar fotos. Guardei na memória tudo que vislumbrei no dia de hoje. 
Eu vi um gol feito no estilo Imortal do Grêmio, aos 45 do segundo tempo. Vi a avalanche irrompendo no instante seguinte, uma força da natureza incontrolável. Vi a imensidão de mais de 40 mil almas imortais e tricolores vivendo um momento ímpar, comemorando uma vitória que pode ter significados maiores em um futuro próximo. Presenciei um dos últimos momentos de um colosso cuja história e tamanho são maiores do que o concreto que o construiu. 
E vi o choro do centroavante. E por também ser matador, compreendi todo seu significado. 

Saudações Imortais