Nesta semana, sinto os gremistas todos meio chochos. Há um clima diferente no ar. Uma mistura de nostalgia com esperança. Nostalgia pela dolorosa despedida. Esperança de um futuro muito promissor na nova casa. O fim da era Olímpico Monumental talvez esteja trazendo para a torcida um incômodo sentimento contraditório, uma mistura de tristeza com felicidade.
Sensações estranhas... novas emoções...novos caminhos...
Às vezes tenho a impressão de estar traindo um grande amigo. De estar virando-lhe as costas e escolhendo um novo parceiro. Perdoe-me, velho amigo. Mas você será eterno em meu coração!
Lembro a primeira vez que pisei no velho e glorioso estádio tricolor. Era final da adolescência, mudança do interior para a Capital para estudos. Na minha cabeça, o Olímpico era uma lenda. E foi assim, meio ansiosa, que segui com irmãos e primos para assistir a um jogo de Libertadores.
Era noite. A torcida agitada se acotovelava nas catracas. Para mim, um mundo novo, instigante.
Almofada embaixo do braço, adentrei até a arquibancada aos trancos naquele mar de gente que chegava afobada com medo de perder o início da partida. E o que vi , nunca mais saiu da minha memória.
Era pura magia...
Avistei o gramado muito grande e verde, as luzes fortes dos refletores e milhares de pessoas agitando bandeiras e gritando nas arquibancadas de um gigante que não tinha fim. Parecia que eu tinha sido jogada repentinamente para dentro de uma película de Steven Spielberg. Passei parte do meu tempo observando a torcida. Aquilo era fascinante. As pessoas se transformavam a cada lance. Iam do céu ao inferno em questão de segundos. Gritos, aplausos, xingamentos. Jamais esquecerei aquelas cenas. O ar que respirava era carregado de eletricidade. Foram noventa minutos de pura emoção.
Agora, depois de muitos anos, estamos próximos de dizer adeus. Mas um adeus que não é bem um adeus.
Porque a eletricidade, o cheiro, a magia serão transportados por cada um dos torcedores que pisarem na nova Arena para novos e memoráveis embates. E a alma do gigante tombado estará lá, de corpo presente, representada na energia de cada um dos seus filhos.
E assim, querido Olímpico, jamais o esqueceremos!
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Peço licença à Zeppelin Filmes para reproduzir aqui o belíssimo vídeo feito pela produtora em homenagem a glorisa história do Olímpico Monumental.
Não é preciso palavras. As imagens nos dizem tudo.