Lembro dos meus doze anos de idade; nunca tinha entrado no Olímpico em um dia de jogo, apenas circulado nos arredores com ele vazio, surgiu a notícia: “vamos ao Olímpico se o Grêmio vencer o Olimpia!”
Falei: “Vai ser uns 3 a 0!” Em êxtase pela possibilidade. Fantasiei toda a semana que precedia o embate, sabendo no fundo que eu iria conhecer o Olímpico. Veio o dia do jogo, assisti a partida no sofá da sala, trajando a camisa reserva daquela Libertadores, camisa igual a que vi o Fabio Baiano humilhar um boliviano e cruzar para o gol do Rodrigo Mendes. Naquela noite, eu, aos doze anos, pensei: “será que a culpa foi minha?” “Será que não é para eu conhecer o Olímpico?” Me tranquei no quarto e dormi às 2h da manhã, ainda trajando a camiseta de número 10.
Neste domingo, por diversos motivos, o principal por não dispor de renda e por consequência, um cartão de sócio, voltarei àquele dia dezessete de julho de dois mil e dois, sonhando que na próxima semana eu estarei indo visitar o Olímpico lotado, para ver o time que talvez represente o traço mais duradouro da minha personalidade, ser gremista. Como antes, isso não vai acontecer. Mas até lá, eu quero pensar que sim. Quero pensar que é apenas questão de tempo até voltar ao Olímpico.
O Olímpico representa na minha vida a minha infância, meu sonho de menino, jogando no terrão com os amigos, os sentimentos mais intensos que já senti.
Tive a oportunidade de presenciar o espetáculo que é fazer parte disso. Pelo menos com isso posso me contentar. Sei que naquelas arquibancadas eu já me espremi, pulei, vibrei e comemorei.
É com pesar que neste domingo não estarei lá. O Olímpico chegou ao seu último dia, mas tenho certeza que no coração de todo gremista, vai ser apenas mais um dia. Pois ele vai continuar em quem nós somos.
“Mas é apenas uma construção de concreto!!!” Não é, não. É muito mais do que isso. É parte de todos nós. Longe ou perto, presente ou ausente, todo gremista um dia se sentiu no Olímpico. E é dessa forma que eu me senti em 2002, e é dessa forma que vou me sentir em 2012: presente, junto com os 45 mil privilegiados que vão apagar as luzes. E nessa noite, eu sei que quando eu for deitar, no escuro, a única luz que vai continuar acesa é do que representa este símbolo que é o estádio Olímpico.
Domingo, não me importa o resultar, não me importa quem entra em campo. Domingo, o Inter vai jogar contra De Léon, Danrlei, Jardel, Paulo Nunes, Airton, Renato, Roger, Arce, Dinho, Tarciso, Zinho. Se o Olímpico vai desmoronar, não vai ser sobre nós.
Domingo, eu vou acreditar que é só questão de tempo até voltar ao Monumental. Bastará fechar os olhos.
Apenas um desabafo.
Saudações.